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Notas sobre o meio ambiente em tempo real.

  • Desvendando o setor norte dos Corais da Amazônia

    Postado por Thais Herrero - 23 - abr - 2018 às 11:10 1 comentário

    Durante nossa expedição científica, vimos imagens do recife dos Corais da Amazônia que é a menos conhecida pela ciência, porém, a mais ameaçada pela exploração petrolífera

     

    Coral-mole e ao menos seis tipos de esponjas-do-mar são observados a 90 metros de profundidade, na área norte do recife dos Corais da Amazônia ©Greenpeace

     

    Continuamos navegando pelo extremo norte dos mares do Brasil, a 135 quilômetros da costa do Oiapoque – o famoso ponto onde começa ou termina– nosso país; e a 90 metros de profundidade. Foi ali que encontramos uma boa amostra da biodiversidade que marca o recife dos Corais da Amazônia.

    Fomos recebidos em nosso mergulho por peixes como o mariquita, corais (como o coral-negro e o coral-mole) e esponjas-do-mar. Aliás, são tantas, de tipos, cores e formas variadas, que podemos definir a área como um “recife de esponjas”.

    Conjunto de esponjas-do-mar, estrela cesto e um peixe mariquita (Holocentrus adscencionis) ©Greenpeace

     

     

    Agregação de esponja com briozoário rosa e alguns hidrozoários, invertebrados que formam colônias ©Greenpeace

     

    Enquanto nosso veículo remotamente operado (ROV, na sigla em inglês) desbravava profundezas do Atlântico nunca vistas antes, nós a bordo do Esperanza acompanhávamos cada detalhe pelo monitor, na transmissão ao vivo do robô. Foi como acompanhar um desfile de carnaval, pelo encantamento visual. Sua chegada ao fundo do mar foi muito comemorada por todos e, quando a missão se encerrou e ele retornou com sucesso, a emoção não foi contida nos abraços.

    Por mais de uma hora, vimos imagens que confirmavam o que a ciência e nós todos já sabemos: os Corais da Amazônia são um ecossistema incrível, especial, diferente do que já conhecemos e que por isso deve ser defendido da ganância das empresas petrolíferas que querem perfurar na região.

     

    Recife em mancha, com diversas espécies de esponjas-do-mar e estrelas do mar ©Greenpeace

     

    Maior do que se esperava

    Esta expedição científica de 45 dias, com seis cientistas e vários equipamentos de ponta a bordo para mapeamento de relevo, coleta e análise de amostras entre outros dados, também tem o objtivo de aumentar nosso conhecimento sobre os Corais. Uma informação importante é a confirmação de que o tamanho do recife é bem maior do que se esperava. 

    Até 2017, a estimativa dos Corais da Amazônia era de que ele se estendia por uma área de 9,5 mil quilômetros quadrados. Mas um novo estudo produzido a partir da primeira expedição que realizamos no ano passado, e publicado na revista científica Frontiers in Marine Science, confirma que essa área é, na verdade, de 56 mil quilômetros quadrados, ou seja, quase seis vezes maior do que se pensáva, tornando-o um dos maiores recifes do Brasil – e nós estamos comprovando isso agora!

     

    Registro de coral-negro junto a esponjas-do-mar (Cinachyrella halientela) ©Greenpeace

     

    O setor norte do recife é um lugar ainda mais especial: é onde os cientistas tiveram menos tempo para estudar, apesar de ser a região na qual o rio Amazonas exerce maior influência. A mistura de água doce replete de sedimentos com a água salgada do mar cria uma área com características próprias onde só os Corais da Amazônia conseguem sobreviver. Da Ponte de Comando do Esperanza, de onde temos uma visão privilegiada do navio, é possível notar como o mar aqui é azul escuro e, em dias de sol forte, ver a linha que divide a água do mar daquela misturada com a pluma do rio.

     

    Conjunto de esponjas-do-mar e algas encontrados a 90 metros de profundidade ©Greenpeace

     

    Ameaça do petróleo

    O conhecimento aqui é a chave para entendermos o possível impacto de um vazamento de petróleo. O setor norte dos Corais da Amazônia é a área mais ameaçada pois nas suas proximidades estão os cinco blocos que a empresa francesa Total quer perfurar. Se esta companhia conseguir dar início a esse plano insano, colocará em risco a existência dos Corais e o bem-estar de toda a vida marinha que habita essa região.

    Nesta expedição também estamos estudando as características da água do mar, sua temperatura, os microorganismos que a habitam e como as correntezas se comportam. Esse trabalho é crucial para que possamos prever o que aconteceria com uma tão temida mancha de petróleo, caso as empresas conseguissem a licença de operação. 

    Lançamento do sonar, um dos equipamentos utilizados para mapear o leito marinho em busca do recife ©Marizilda Cruppe

     

    “É um risco grande quando consideramos a rota e a força das correntezas, que espalhariam o óleo por esse setor. As chances de o petróleo chegar aqui, em caso de um vazamento, são altas”, diz Thiago Almeida, do Greenpeace Brasil, representante da campanha Defenda os Corais da Amazônia. “Só pela dificuldade que estamos tendo em colocar o ROV na água para fazer imagens, fica difícil imaginar como as petrolíferas podem acreditar que conseguiriam conter um derramamento de petróleo aqui”, completa.

    O segredo dos Corais da Amazônia

    Dias atrás, divulgamos a grande descoberta desta expedição: os Corais da Amazônia se estendem até um dos blocos da petrolífera Total. Isso invalida o Estudo de Impacto Ambiental da empresa, que afirmava que a área de recife mais próxima ficava a 8 km, e dá mais argumentos para que o Ibama e o governo brasileiro rejeitem a exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas.

    O navio Esperanza em águas brasileiras durante a expedição científica na bacia da foz do rio Amazonas ©Marizilda Cruppe

     

    Até o Ministério Público Federal no Amapá recomenda que o Ibama negue a licença para a Total. Em seu documento, o MPF alega que perfurar a área pode “resultar na destruição em larga escala do meio ambiente, configurando ecocídio – crime contra a humanidade sujeito à jurisdição do Tribunal Penal Internacional”.

    Você pode participar deste grande esforço pela defesa dos Corais da Amazônia. Assine a compartilhe a petição e nos ajude a chegar aos 2 milhões de pessoas que querem a proteção desse tesouro natural. Leia mais >

    Assine a petição 

    E para você que já assinou e compartilhou com seus amigos em defesa dos Corais, pode dar mais um passo em direção ao futuro. Não é a primeira nem será a última vez que nossos navios estão a postos para impedir a destruição de nossos tesouros e proteger a biodiversidade. Todo esse trabalho só é possível porque pessoas nos ajudam e você, que está lendo este blog, pode ser uma delas! Junte-se a nós!

    Junte-se a nós

  • 518 anos de resistência indígena no Brasil: o caso emblemático dos Karipuna

    Postado por Patricia Bonilha - 19 - abr - 2018 às 16:00

    No dia em que se celebra o Dia do Índio no país, os povos indígenas não têm o que comemorar. A ofensiva sobre seus territórios e direitos tem sido extremamente dramática. Paradoxalmente, mesmo em um cenário tão adverso, eles continuam sendo fonte de inspiração e resiliência

    Adriano Karipuna em frente a sede da ONU, em Nova York - Foto: Luiz Roberto Lima/ Greenpeace

     

    Tanto no “chão de terra batida” como nos gabinetes dos centros de poder, a realidade enfrentada pelos povos indígenas brasileiros é preocupante e tem sido motivo de reiteradas denúncias tanto no Brasil como internacionalmente. A existência de 305 etnias que falam 274 diferentes línguas, com múltiplas cosmovisões e modos de vidas, é uma das maiores riquezas do Brasil e, infelizmente, continua desconhecida pela maioria de nós, não-indígenas.

    Mesmo diante de tamanha diversidade, se há algo comum em relação aos povos originários do Brasil é o fato de que eles se reconhecem como parte inerente da natureza: eles “são natureza”. Não há separação. A Terra é Mãe. Ela é sagrada. “Nós pertencemos a ela. Ela não pertence a nós”, repetem como um mantra. E, por isso, os diferentes povos indígenas não têm a intenção e nem a prática de controlar, de dominar a natureza. Ao contrário, sentem-se com a missão de protegê-la, de mantê-la viva. Porque “se algo acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra”. 

    E é justamente por se colocarem na linha de frente da proteção de seus territórios sagrados e ancestrais, das florestas, dos rios e dos bens naturais neles existentes, que os povos indígenas vêm sendo, historicamente, massacrados. No Brasil de 2018 não é diferente. Dados do último relatório "Violência contra os Povos Indígenas no Brasil", publicado pelo Conselho Indigenista Missionário, mostram que a maioria das terras indígenas continua sofrendo com grilagem de terras, roubo de madeira e de minérios, invasões, aumento das ameaças, dos conflitos e da violência, perda de biodiversidade e o crescimento de mortes na infância, de suicídios e de homicídios. 

    As três esferas de poder, Judiciário, Legislativo e Executivo , que constitucionalmente deveriam assegurar a existência e a proteção dos territórios e dos povos indígenas, têm atuado de forma a legitimar a exclusão dos indígenas de suas terras tradicionais. Exemplos da retirada de direitos constitucionais duramente conquistados não faltam: a paralisação e suspensão dos procedimentos demarcatórios; o completo desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai); e a apresentação de projetos de lei que abrem as terras indígenas para diversos tipos de exploração econômica, entre outros. O reflexo imediato dessa política anti-indígena por parte do Estado brasileiro é o aumento exponencial da violência no campo e nas aldeias. Na prática, elas funcionam como licenças do Estado para a apropriação indevida dos territórios e a violência contra os indígenas. 

    Neste sentido, um dos casos mais emblemáticos da atual realidade dos indígenas no Brasil é o do povo Karipuna, que secularmente habita as florestas da Amazônia. Atualmente, com uma população de 58 pessoas, eles moram na aldeia Panorama, a 186 km da capital Porto Velho, em Rondônia. 

    Quase extintos na década de 1970, após um contato traumático com a sociedade não indígena, este povo foi reduzido a apenas quatro sobreviventes. Mesmo tendo a Terra Indígena Karipuna sido homologada há duas décadas, eles continuam ameaçados pelas invasões, pela grilagem, pelo roubo de madeira, pelo garimpo e pela crescente violência. O caso é tão grave que o Ministério Público Federal (MPF) de Rondônia considera que se trata de um caso de genocídio. 

    A liderança indígena Adriano Karipuna, 32 anos, partiu para Nova York no início desta semana para participar do Fórum Permanente da Organização das Nações Unidas (ONU) para Questões Indígenas e denunciar as ameaças e a situação de abandono que seu povo enfrenta. “A gente protege a floresta não só para os indígenas, mas pra todo mundo. Estamos cuidando deste patrimônio. E é preciso que sejam mais responsáveis com nós, os indígenas”, apela ele.

    Adriano denuncia as ameaças ao seu povo no Fórum Permanente da ONU para Questões Indígenas - Foto: Luiz Roberto Lima

     

    Os Karipuna simbolizam atualmente o elo entre um passado que ainda é bastante presente na vida dos povos indígenas no Brasil. Em uma breve entrevista, Adriano explicita que, mesmo diante de muitos desafios, no que depender dos Karipuna, o futuro será diferente. Será pleno de Bem Viver. 

    Conta pra gente um pouco da história do seu povo, que quase foi extinto.

    Sim, nós éramos cerca de 200 pessoas, segundo a minha mãe, Katicá Karipuna, uma das quatro pessoas sobreviventes.  Ela tá idosa. No museu, no Rio de Janeiro, tem informações sobre a história dos Karipuna. Segundo minha mãe, ali pelos anos 70, como não tinha vacina pra imunização pra gripe, malária, e outras doenças, ficamos reduzidos apenas em quatro pessoas. Hoje continuamos um povo pequeno, com 58 pessoas. Mas isso é fruto de muita resistência porque após o contato com os não indígenas, estes quatro Karipuna ficaram sem contato de novo, voltaram pra floresta. Foi assim que sobreviveram.

    Mas o que aconteceu?

    Meu tio diz que teve um envenenamento, parece que aconteceu isso. Falaram que foi muito ruim, como até hoje ainda é. Mataram muito nossos parentes, mataram uma aldeia toda. Só escapou uma aldeia que estava mais distante. Eu nem pergunto mais pra minha mãe e pros meus tios sobre este passado. Eles ficam muito emocionados, com lágrimas nos olhos. É triste. O Estado brasileiro deve muito pros Karipuna. Teve a construção da estrada de ferro Madeira Mamoré, o ciclo da borracha, o ciclo do ouro, a construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau... Tudo causando nossa morte social, cultural. A morte dos nossos rios, nossos peixes, vamos ficar sem alimentação em breve.  

    Quais são as ameaças que o povo Karipuna enfrenta em seu território atualmente? 

    Desde 2015, piorou muito. Tão furtando madeira e loteando nossa terra. Vendendo nossa terra porque dizem que não tem dono. Também tem garimpo de ouro na Terra Indígena Karipuna. Não sabemos quantas áreas já foram invadidas porque pode ser perigoso pra nós andar nas nossas terras. Estamos em desvantagem. Há 6 meses foi feita uma operação da Polícia Ambiental e do Ibama contra as invasões. Aplicaram multas pra quem tava com documentos ilegais, pros manejos ilegais dentro da terra indígena. Depois disso, há dois meses, incendiaram o posto da Funai, que tava abandonado. Antes já tinham roubado um equipamento de geração de energia, avaliado em R$ 62 mil. Pra nós, estas ações são muito ameaçadoras. Não estamos andando mais pela estrada, só pelo rio. Mesmo assim é perigoso. Estamos sujeitos a ser assassinados. Queremos que o Estado tire os posseiros, madeireiros e garimpeiros da nossa terra. Precisamos da terra pra poder plantar e viver, do rio pra beber água, dos peixes pra comer. 

    Em Brasília, Adriano e André Karipuna denunciaram ao Ministro da Justiça Torquato Neto a grilagem, o roubo de madeira e a venda de lotes feita por invasores dentro da Terra Indígena Karipuna. Foto: Tiago Miotto/Cimi

     

    Como é a vida na aldeia hoje?

    Lá na aldeia a gente vive da pequena agricultura. Tem mandioca pra venda e pro nosso consumo. Tem farinha, cana, açaí, abóbora. Colhemos a castanha, pescamos, caçamos. Hoje, dezesseis pessoas falam a língua Tupi-Kawahiba. O professor ensina a língua. Fazemos artesanato. Os mais velhos ensinam os mais novos alguns rituais e a cantar. Nós, Karipuna continuamos vivendo com bem viver. A gente quer viver harmonicamente, plantar mais, aumentar a venda pra gerar renda pra comunidade toda viver bem. Sem perturbar a vida de ninguém. Não roubamos nada de ninguém, não invadimos nada de ninguém. Queremos viver em paz na nossa floresta. 

    Qual é o objetivo da sua ida à ONU nesta semana?

    Tá todo mundo com medo na aldeia. Eu já recebi ameaça no passado. Eu tenho medo, porque se juntar centenas de pessoas pra matar a gente, o que vamos fazer? Temos medo de um genocídio, porque tão de olho na nossa terra. O Estado brasileiro tem que retirar este povo todo que invadiu e proteger nosso território e nosso povo. Este é o papel do Estado. E o mundo tem que ficar de olho no povo Karipuna. A gente protege a floresta não só para os indígenas, mas pra todo mundo. Estamos cuidando deste patrimônio. E é preciso que sejam mais responsáveis com nós, indígenas. Estamos pedindo socorro e ajuda pra proteger nosso território, este pedaço da Amazônia. 

    Em um contexto tão difícil, o que vocês pretendem fazer?

    Somos poucos ainda, mas não vamos desistir. Ninguém desiste de proteger sua Mãe. Daremos nossa vida por ela, se for preciso.  Leia mais >

  • MPF também recomenda ao Ibama negar licença à Total

    Postado por Rodrigo Gerhardt - 19 - abr - 2018 às 13:00 1 comentário

    A instituição no Amapá reconhece que a exploração petrolífera na região dos Corais da Amazônia oferece alto risco de danos irreversíveis para o meio ambiente; Total, para que tá feio  

    Nossos ativistas simulam um vazamento de óleo em frente ao escritório da Total, no Rio de Janeiro, em protesto contra a ameaça aos Corais da Amazônia. Foto: Fernanda Ligabue/Greenpeace

     

    Para o bem dos Corais da Amazônia, a situação está cada vez mais difícil para a petrolífera Total. Após a descoberta da nossa expedição científica de que o recife se estende até, pelo menos, um dos blocos de exploração da empresa francesa, o Ministério Público Federal no Amapá expediu uma recomendação ao Ibama para negar a licença ambiental de exploração na Bacia da Foz do rio Amazonas.

    Esta é uma excelente notícia. No seu ofício, o MPF alerta que “liberar o empreendimento pode resultar na destruição em larga escala do meio ambiente, configurando ecocídio – crime contra a humanidade sujeito à jurisdição do Tribunal Penal Internacional”.

    Este é um reconhecimento daquilo que nós, 1,9 milhão de pessoas e cientistas renomados do mundo todo estamos afirmando: os Corais da Amazônia são um ecossistema único, frágil, quase desconhecido, que merece ser protegido; e que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da empresa é insuficiente e contém muitas falhas. Aliás, ele se torna inválido agora com essa nova descoberta. Afinal, como garantir que um derramamento de óleo não atinja o recife se ele está presente na própria área de exploração?

    O MPF deu prazo de dez dias para o Ibama informar se vai acatar ou não essa recomendação. “Caso não atenda, serão adotadas as medidas judiciais cabíveis”, informa a instituição. 

    Após a Total ter seu pedido de licença rejeitado três vezes, só cabe mesmo ao Ibama negar definitivamente a autorização desse plano absurdo, ou a petrolífera admitir que está muito feio para ela e desistir antes.

    Quer nos ajudar a aumentar ainda mais essa pressão? Assine e compartilhe a petição pela defesa dos Corais da Amazônia. Estamos perto de chegar a 2 milhões de pessoas que se posicionam pela proteção desse tesouro natural! Leia mais >

    Assine a petição 

  • Cá entre nós... um doador dentro do Greenpeace

    Postado por Tiago Batista - 17 - abr - 2018 às 14:04

    Meus pais me educaram com um pensamento bem progressista, e foi com esse pensamento que sempre olhei para o mundo com outros olhos. Me engajei como voluntário em diferentes causas, e hoje sou doador e trabalho no Greenpeace, um colaborador ao quadrado.

    Já trabalhei em uma ONG chamada Teto, lá eu tive o prazer de conhecer famílias incríveis com realidades bem difíceis, porém, eles viviam cheio de gratidão. Certa vez fui preencher uma ficha e falei com um senhor que morava bem próximo do lixão; como parte do questionário, eu tinha que perguntar quanto de dinheiro ele e a família usavam mensalmente para comer, ele me respondeu: “Nada, graças a Deus, tiro tudo daqui, do lixo.” Neste momento tive uma epifania que me encheu de questionamentos: como pode alguém tirar seu alimento do lixo e ser grato? O quanto nós desperdiçamos? O quanto de lixo geramos sem necessidade?

    Hoje, no Greenpeace só consigo pensar que as causas são conectadas, não há como pensar em ecologia sem um envolvimento social, não dá pra cobrar consciência ecológica da comunidade que joga lixo no rio sem contribuir para a melhoria da comunidade. As causas se integram e penso que entender os desafios em sua integralidade é outra forma que tenho de contribuir com o Greenpeace.

    O que mais me agrada em trabalhar aqui é o fato de ser uma ONG totalmente independente. Ao escolher doar, ser voluntário ou trabalhar, buscamos credibilidade, um ambiente ético, coerente e transparente, isso eu encontro aqui. A independência não coloca nenhuma âncora no Greenpeace, como ONG não precisamos agradar o interesse de ninguém, e desta forma seguimos com olhos e mentes fixos em nossa missão.

    O trabalho na Amazônia sempre me chamou atenção devido a importância do bioma, a grandiosidade da floresta, os povos indígenas e imaginar a realidade daquelas pessoas, que ao mesmo tempo que são privilegiados por viverem em um lugar de tamanha riqueza natural, enfrentam vários desafios para serem livres.

    Teve uma situação, em um treinamento do Greenpeace, que tive que ir até a Amazônia e ao chegar na floresta a reação diante de tudo aquilo foi: UAUUUUUU! Descreve? Não, né? Mas é isso, é difícil descrever a emoção, pode não parecer nada demais, mas eu fiquei quase duas horas sobrevoando floresta até chegar na capital e claro, encantando com a grandiosidade de tudo aquilo. Quando eu cheguei lá, o barulho, o calor, o cheiro, os sentidos... o coração disparou e eu só tive uma certeza, precisamos defender esta floresta, que ainda está viva. Desculpa não conseguir explicar, mas é muito mais grandioso que qualquer palavra, qualquer foto…

    Como doador e funcionário da área do planejamento estou o tempo todo atento para que tudo saia de acordo com o pensado. Planejar é usar os recursos com sabedoria, é respeitar as doações, cada centavo que recebemos.

    Ao mesmo tempo que me vejo como parte da solução, também me encontro como parte do problema. Somos capazes de influenciar positiva e negativamente as situações, por isso é preciso ouvir e agir mais do que falar e curtir.

    Se eu pudesse falar com os 80 mil doadores que represento eu recomendaria que cada um fizesse sua auto reflexão, digo auto porque temos mania de falar do comportamento do outro, mas o ideal é começarmos por nós mesmos, como estão nossos pequenos atos? Damos o nosso melhor pelo meio ambiente? O nosso exemplo contribui com a correção desta geração e a criação de uma nova geração mais crítica e atenta.

    Eu sou Pedro Oliveira, doador do Greenpeace desde 2015 e faço parte do time de planejamento da ONG. Fico muito feliz de poder falar um pouco de minha experiência para os colegas doadores e aproveito para agradecer: tudo o que acontece por aqui só sai do planejamento porque temos vocês! Que bom que estão com a gente. 

     

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  • O segredo dos Corais da Amazônia que Total não quer que você saiba

    Postado por Thais Herrero - 16 - abr - 2018 às 15:30

    Descobrimos que os Corais da Amazônia se estendem até a área de perfuração de petróleo. Total: sabemos o seu segredo, não há mais nada que você possa fazer para escondê-lo  

    Banco de rodolitos coberto por algumas esponjas-do-mar na região dos Corais da Amazônia, a 180 metros de profundidade e 120 km da costa brasileira. A formação está dentro do bloco FZA-M-86, onde a empresa Total quer buscar petróleo e foi descoberta durante a expedição do Greenpeace na região.

     

    Duas semanas se passaram desde que o navio Esperanza partiu novamente em direção aos Corais da Amazônia, um tesouro natural encontrado na região brasileira, onde o rio Amazonas se encontra com o Oceano Atlântico.

    Sua existência foi revelada há pouco mais de dois anos, surpreendendo os cientistas e o mundo. No entanto, ainda há muito a aprender com esse tesouro natural, que continua a nos surpreender. E ele o fez de novo! Para confirmar uma forte suspeita, fomos checar a área de um dos blocos de exploração de petróleo da bacia da foz do Amazonas – o FZA-M-86, da Total.

    Depois de vencer ondas de quatro metros, lidar com correntes marinhas selvagens e perigosas do setor norte do recife amazônico e passar dias analisando amostras, nossa equipe de cientistas a bordo fez uma descoberta que chocará o mundo mais uma vez:

    Há formações de recife no perímetro onde o Total pretende perfurar!!!

     

    Já seria uma loucura explorar petróleo perto da área do recife quando pensávamos que os Corais da Amazônia ficavam a 8 km do bloco de perfuração mais próximo, mas agora, não é apenas louco, é inaceitável começar a perfurar lá!

    Com o governo brasileiro prevendo anunciar a decisão sobre a licença ambiental nas próximas semanas, esta descoberta pode ser um ponto de virada na defesa desse ecossistema ainda pouco conhecido, mas já sob a ganância das companhias de petróleo que ameaçam não apenas sua existência, mas também o modo de vida das comunidades costeiras que dependem dos oceanos saudáveis.

    Lançamento do ROV, veículo submergível operado remotamente, para tirar fotos, gravar videos e coletar amostras dos Corais da Amazônia. Dentro do navio, monitores transmitem as imagens captadas em tempo real para os cientistas e tripulação.

     

    Podemos permitir que qualquer companhia de petróleo faça perfurações neste ecossistema sensível e único? Podemos confiar nas empresas quando elas avaliam o risco de suas operações com informações que provamos estar erradas? Não, nós não podemos.

    Agora é hora de revelar o #SegredoDosCorais, é hora de colocar os Corais da Amazônia no centro dos holofotes, é o momento de colocar todos os nossos esforços para revelar o restante do que este incrível ecossistema ainda está escondendo.

    Ajude-nos a espalhar a verdade sobre os Corais. Vamos revelar seus segredos ocultos que a Total não quer que saibamos. Vamos parar a Total juntos! Leia mais >

    Assine a petição

  • Relembre a jornada em defesa dos Corais da Amazônia

    Postado por Rafael Silva - 16 - abr - 2018 às 13:41

    A jornada da campanha pelo recife dos Corais da Amazônia foi longa. Unimos esforços e times de três escritórios do Greenpeace: Brasil, Reino Unido e França. O Brasil, pela localização do recife, enquanto os escritórios do Reino Unido e da França por terem as sedes das principais empresas que tentavam (ainda tentam) a licença para perfurar na bacia da foz do Rio Amazonas.

    Abaixo você confere uma linha do tempo com as principais acontecimentos da campanha em defesa dos Corais da Amazônia até agora.   

    2016 - Nosso time de pesquisa foi atrás de informações sobre esse incrível bioma que poucos conheciam. Eles descobriram que pesquisadores documentaram essa área e também que petrolíferas estavam interessadas em perfurar a região. Não podíamos ficar só olhando. A campanha em defesa dos Corais da Amazônia estava nascendo.

    Esperanza na foz do Rio Amazonas (Crédito: Marizilda Cruppe / Greenpeace)

    20 de janeiro de 2017 - O Esperanza chega ao Brasil e, com ele, um submarino para registrar pela primeira vez esse bioma incrível embaixo d'água. Não podíamos falar nada ainda, já que a campanha não havia sido lançada. No dia seguinte, publicamos algumas características interessantes sobre ele, como o motor adaptado e toda a coleta e tratameto de resíduos que acontece dentro do navio. 

    23 de janeiro de 2017 - Já com o Esperanza em alto mar, lançamos a primeira expedição e a campanha para defender os Corais da Amazônia. Por que os chamamos assim? Porque eles estão na foz do Rio Amazonas, um lugar onde seria impossível a existência do recife. Mas é lá que eles estão. E é pra lá que o Esperanza foi.

    Submarino retornando de mergulho para o deck do navio Esperanza (Crédito: Marizilda Cruppe / Greenpeace)

    28 de janeiro de 2017 - Após algumas descidas com o submarino, conseguimos registrar as primeiras imagens dos Corais da Amazônia. O que impressionou nosso time a bordo foi a diversidade e exuberância das espécies em torno deles: peixes-borboletas e algas, mesmo com pouca presença de luz. 

    30 de janeiro de 2017 - Um novo mergulho com o submarino e ele retorna com as mais belas imagens que já vimos dos Corais da Amazônia até o momento. Muitas cores, muitas formas e muitos seres aquáticos, incluindo até uma lagosta e uma piraúna que posou para fotos, tornando-se ícone da campanha. 

    Aves sobrevoam a região de Bom Amigo, na costa do Amapá (Crédito: Daniel Beltrá / Greenpeace)

    31 de janeiro de 2017 - A área costal perto dos Corais da Amazônia também é importante. No caso de um vazamento de petróleo, ela também seria profundamente afetada. Por isso, nosso time também percorreu essa região registrando sua vasta fauna e flora em todas as suas cores

    10 de fevereiro de 2017 - Uma campanha tão importante  não poderia ficar restrita ao Brasil. Nossos escritórios ao redor do mundo se uniram para divulgar a petição pela defesa dos Corais da Amazônia e rapidamente conseguimos mais de 440 mil assinaturas, desde o Brasil até o Reino Unido. 

    A foto com os corais foi uma das ações realizadas em várias cidades, como Belo Horizonte.

    15 de fevereiro de 2017 - Voluntários de todo o Brasil se uniram para mostrar a ainda mais pessoas nas ruas as incríveis fotos que registramos dos Corais da Amazônia. Eles se mobilizaram e conseguiram mais apoio para pressionar as petrolíferas.

    23 de fevereiro de 2017 - Defender os Corais da Amazônia é defender toda a vida na costa do Amapá. Nossa equipe mostrou como várias pequenas comunidades que dependem do mar para sobreviver poderiam ser afetadas no caso de um vazamento de petróleo na região. 

    Ativistas do Greenpeace na França simularam um derramamento na sede da petrolífera Total (Crédito: Simon Lambert / Greenpeace)

    27 de março de 2017 - Ativistas realizaram ações em defesa dos Corais da Amazônia nas instalações da Total na França e na Bélgica. O objetivo era o mesmo: mostrar que explorar petróleo na região é inaceitável. 

    13 de abril de 2017 - Alcançamos 1 milhão de assinaturas na petição em defesa dos Corais da Amazônia. São 1 milhão de pessoas ao redor do mundo pressionando petrolíferas e defendendo um ecossistema único no mundo.

    Comissão reuniu setores contra e a favor da exploração de petróleo na Amazônia (Crédito: Alan Azevedo / Greenpeace)

    6 de junho de 2017 - Em debate aberto com a sociedade civil, a Comissão do Meio Ambiente do Senado ouviu os ativistas sobre por que a exploração de petróleo não deve ocorrer e dos cientistas falando sobre por que dos Corais da Amazônia são tão importantes. 

    29 de agosto de 2017 - O Ibama decide contra a licença de exploração de petróleo pela Total na região dos Corais da Amazônia. Esta é a terceira vez que a empresa tenta a autorização desde 2015. 

    Banner de 24 x 14 metros em forma de mancha de óleo foi colocado sobre uma passarela que cruza a Avenida do Chile, no Rio de Janeiro. (Crédito: Fernanda Ligabue / Greenpeace)

    28 de setembro de 2017 - Com uma ação direta na sede da Total no Rio de Janeiro, nossos ativistas mostraram que vamos continuar a pressão. Simulamos um derramamento de óleo e mandamos a mensagem bem clara: "Total, fique longe dos Corais da Amazônia". 

    10 de novembro de 2017 - A demora na aprovação dos Estudo de Impacto Ambiental da Total e da BP foi tão grande que o governo Brasileiro decidiu retirar a oferta de blocos perto da região no ano. Enquanto isso, nossa petição ultrapassava a marca de 1,3 milhão de assinaturas de pessoas ao redor do mundo.

    Ativistas entregam banner à BP com mensagens de pessoas que não aceitam a exploração de petróleo perto dos Corais da Amazônia. (Crédito: Juliana Costta / Greenpeace)

    21 de novembro de 2017 - Em audiências públicas realizadas em Belém, no Pará, e no Oiapoque e Macapá, no Amapá, os cidadãos se mostraram repletos de dúvidas sobre as consequências da exploração de petróleo nos locais em que vivem. E as respostas das empresas foram bastante evasivas. 

    19 de janeiro de 2018 - Alcançamos 1,6 milhão de assinaturas na petição em defesa dos Corais da Amazônia. É muita pressão na direção das petrolíferas e chegando de todos os cantos do mundo. 

    Comemoração do Dia Mundial dos Corais da Amazônia em Natal (Crédito: Vitor Arrais / Greenpeace)

    28 de janeiro de 2018 - No dia em que a divulgação das primeiras imagens do recife completaram um ano, celebramos o Dia Mundial dos Corais da Amazônia com ações ao redor do Brasil. Voluntários se uniram em diversas cidades para protestar contra a exploração de petróleo na região.

    8 de março de 2018 - A mineradora australiana BHP, vendo a pressão popular em torno da defesa dos Corais da Amazônia, decide abandonar os planos de explorar petróleo perto deles. Uma já se foi!

    A bordo do Esperanza, rádio-operador e cientista analisam imagens da sonda que escaneia o fundo do mar. (Crédito: Marizilda Cruppe / Greenpeace)

    30 de março de 2018 - Nosso navio Esperanza volta ao Brasil, dessa vez para realizar uma expedição científica e analisar de perto esse bioma único no mundo. A bordo, nosso time de especialistas e um grupo de cientistas para não deixar nenhum detalhe passar batido. 

    Esse caminho tem sido longo mas a luta pela defesa dos Corais da Amazônia está longe de acabar. Temos que continuar pressionando a Total e a BP para que desistam dos seus planos de explorar petróleo na região. Você pode ajudar! Clique no link abaixo, assine a petição ou compartilhe-a nas suas redes. Leia mais >

    Assine a petição

  • Diário de bordo: águas turbulentas dificultam o encontro com os corais

    Postado por Thais Herrero - 10 - abr - 2018 às 12:15 1 comentário

    Estamos em busca de um tesouro. Neste caso, um tesouro da natureza, muito bem escondido há milhares de anos sob as águas turbulentas do Oceano Atlântico, na costa norte brasileira, onde antes ninguém imaginaria procurá-lo. Temos até um mapa de onde este tesouro está, chegar até ele é o desafio

     

    O Esperanza nas águas nada calmas da bacia da foz do Amazonas. Foto: Marizilda Cruppe/ Greenpeace

     

    A bordo do navio Esperanza, junto a mais 39 pessoas, estou de volta à região dos Corais da Amazônia, pouco mais de um ano depois em que registramos as primeiras imagens que o mundo viu desse ecossistema debaixo d’água. Esse bioma, único no mundo, sobrevive onde o rio Amazonas encontra o mar. Uma região inóspita e, por isso, inesperada para abrigar seres tão frágeis. Não à toa, ficamos encantados e surpresos com o que encontramos naquele janeiro de 2017.

    Como ainda há muito o que descobrir, este ano temos um objetivo maior: uma expedição científica para estudar a fundo esse bioma tão especial e mostrar ao mundo todo – e principalmente às empresas de petróleo que querem perfurar a região – porque devemos defendê-lo.

    Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace

     

    Navegamos por quatro dias 350 milhas náuticas até o ponto mais ao norte de onde deve estar o recife, sempre na companhia de golfinhos, registrados na foto acima. Fora os habitantes do mar, ninguém nunca viu o que existe no fundo dessas águas. É por isso que fizemos essa longa jornada – e também porque estamos tão ansiosos para finalmente ver o nosso tesouro submerso. Aqui no navio, quando você quer pregar uma peça em alguém é só dizer “Viu que encontramos os corais?”.

    Escrevo do mais agitado, difícil e remoto mar brasileiro. Por aqui, ondas de quatro metros são o padrão. Os ventos são fortes e constantes. E a chuva cai a qualquer momento, intercalando momentos de muito calor – a média à noite é de 28 oC! Várias pessoas já sucumbiram ao enjoo, algumas delas muitas vezes. Não é fácil trabalhar nessas águas.

    Preparativos para lançar um sonar que mapeia o relevo do leito marinho. Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace. Leia mais >

     

    Em três dias de tentativas, não tivemos as condições necessárias para colocar o ROV na água e fazer imagens dos corais. Mas é assim o tempo do mar, tem seu próprio ritmo. “Trabalhar nessa região do país exige paciência. Só dá para fazer um estudo assim em grandes empreitadas como a que temos pela frente”, me diz o oceanógrafo da UFRJ Fabiano Thompson, um dos cientistas que revelaram a existência do Corais da Amazônia dois anos atrás. Por enquanto, estamos mapeando a área onde o recife se estende.

    Acreditamos que os Corais da Amazônia sejam mais extensos do que imaginamos inicialmente e ainda guardem muitos segredos para nos revelar. Mas só com as condições favoráveis é que a ROVerta conseguirá fazer imagens que tanto esperamos. ROVerta é como carinhosamente chamamos o nosso veículo operado remotamente, para filmar o fundo do mar.

    Se amarre nesse desafio

    Como nem todos podem estar a bordo do Esperanza conosco, criamos uma forma divertida de nos conectarmos: o “Desafio do Nó dos Corais”. É com ele que estamos fazendo a maior corda do mundo em defesa dos Corais da Amazônia. Como faz? É super fácil. Dá uma olhada neste video:

     

    Compartilhe o vídeo e marque três amigos para fazerem o mesmo. Assim, nossa corda fica cada vez maior.

  • Conheça Victor, o doador que participou da campanha do Greenpeace

    Postado por Tiago Batista - 8 - abr - 2018 às 10:28

    Fui convidado de surpresa, de surpresa mesmo! Me ligaram na terça-feira para me chamar e a gravação já seria na quinta e não titubiei, logo disse: claro, contem comigo!

    A propaganda utiliza a frase #SomosPorTodos, entendo isso como o Greenpeace chamando a responsabilidade para si como defensor das questões ambientais para todas as pessoas do planeta e também soa como um convite para unir mais pessoas para ser o SOMOS e juntos fazermos parte desta transformação.

    Torço para que, por meio desta propaganda, mais pessoas tenham contato com os Corais da Amazônia, e assim se engajem pela preservação deste tesouro do nosso país. Fico imaginando as pessoas vendo a campanha e partindo para a ação, assinando a petição que é o mesmo que dizer que são contra as petrolíferas e o governo. Um dia de gravação que resulta na união de mais pessoas para juntos mostrarmos que SOMOS contra as autorizações de exploração de petróleo naquela região.

    Os amigos estão me falando que viram o vídeo, perguntando se fui voluntariamente, comentando que não sabiam que existiam os corais e também que já assinaram a petição. É divertido e o melhor, é por uma causa que acredito muito, se não, a minha participação não seria coerente.  

    Entre meus hábitos, estou sempre atento em como melhorar, tento privilegiar o transporte público e a bicicleta, evitando usar o carro, procuro comprar o que eu realmente preciso diminuindo o consumo desenfreado. Me esforço para fazer o máximo de coisas em casa, para evitar as embalagens, mas é um grande desafio ainda.

    Com minha filha, valorizo o ato de provar da cidade, desde pequena ela sai para andar de bike, anda de metrô, estímulo para que ela ver a cidade de outras formas, não só dentro do carro.

    Ela é muito nova, mas acreditamos que ver os hábitos dos pais já contribui para ela olhar para o mundo com outros olhos.

    Fiquei mega contente e honrado por este convite, sempre acompanhei as ações do Greenpeace e sempre quis fazer parte de alguma ação, em novembro participei do Dia de Doar e acho que lembraram do meu perfil, por isso me convidaram. Sou doador a quase um ano e foi um prazer participar da campanha e poder representar os outros 80 mil doadores, espero que gostem e que traga bons resultados para o Greenpeace avançar!

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  • Não pode haver Greenpeace sem igualdade

    Postado por Jennifer Morgan e Bunny McDiarmid - 6 - abr - 2018 às 16:37

    Escrevemos este texto como duas mulheres liderando uma organização global de campanhas e que, como muitas outras mulheres, estão extremamente inspiradas pelo movimento #MeToo [#EuTambém, em português. A iniciativa surgiu nas redes sociais para denunciar casos de assédio].

    O movimento está mudando e desafiando o mundo ao nosso redor. É nestes momentos que a sociedade pode ser transformada de diferentes maneiras e em uma velocidade que ninguém achava que fosse possível. Nesses momentos um padrão novo e melhor pode surgir nas nossas sociedades.

    Jennifer Morgan (esq) e Bunny McDiarmid são diretoras executivas do Greenpeace Internacional Foto: Bas Beentjes

     

    Nós celebramos a coragem de mulheres ao redor do mundo que estão compartilhando suas histórias, exigindo justiça e mudando a vida de outras pessoas. Nós nos solidarizamos com elas. Nós nos juntamos a elas.

    Todas as mulheres têm direito a um espaço seguro, livre de assédio; nós merecemos igualdade e paz. Não pode haver paz sem igualdade e nem sustentabilidade sem paz.

    A maneira como tratamos uns aos outros está diretamente ligada com a maneira como tratamos o planeta. Não podemos mudar uma coisa sem mudar a outra. A solução para cada injustiça está no cerne da solução de todas as injustiças.

    Ao buscar inspiração e coragem em mulheres do mundo todo, também estamos olhando para dentro do Greenpeace. Estamos nos olhando no espelho e perguntando se gostamos do que vemos. Estamos fazendo tudo o que podemos para garantir que merecemos sua confiança, seu apoio e sua participação?

    O Greenpeace é o modelo do espaço seguro que queremos que o mundo seja? É um lugar onde todas as pessoas podem prosperar em seu esforço para proteger o meio ambiente, sabendo que no coração da proteção do nosso planeta está o nosso cuidado um pelo outro?

    Não, não é. Ainda não.

    Nossa missão de proteger o planeta não deve nos cegar para a realidade do trabalho que temos que continuar fazendo para que a nossa própria organização seja um espaço seguro para o ativismo criativo e colaborativo. Temos que ser realistas e honestos. Nos esforçamos constantemente para ser melhores, mas nem sempre conseguimos. Estamos aprendendo e estamos comprometidos em continuar aprendendo com nossos erros.

    Sabemos que são necessários sistemas robustos para construir e manter um ambiente de trabalho seguro. Especialmente no apoio, investigação e ação relativos a qualquer reclamação. Isso deve ser sustentado por uma cultura de inclusão e equidade. E isso também implica trabalho.

    Em junho do ano passado, todos os escritórios do Greenpeace elaboraram um pacote de integridade comum, incluindo um Código de Conduta sobre como se comportar e um protocolo para lidar com diversos tipos de reclamações. Cada escritório faz parte de um ecossistema legal único, mas estamos atualizando estruturas e processos para garantir que as pessoas sejam ouvidas, apoiadas e que qualquer ação necessária seja tomada.

    Embora atualmente não tenhamos um mecanismo de denúncias global para coletar as denúncias que forem recebidas em todos os escritórios do Greenpeace, estamos trabalhando para estabelecê-lo. Estamos comprometidos em elaborar relatórios anuais sobre a quantidade, tipo e conclusão sobre as denúncias recebidas. Faremos o nosso melhor para alcançar o equilíbrio certo entre transparência, responsabilidade e confidencialidade.

    Idealmente, não teríamos necessidade de processos e mecanismos de denúncia, uma vez que o objetivo, em primeiro lugar, é eliminar o assédio ou abuso de poder.

    Estamos trabalhando para uma cultura em que:

    • Todos atuem segundo os mesmos padrões e sejam protegidos da mesma maneira;

    • As pessoas se sintam empoderadas para intervir quando testemunharem assédio;

    • As pessoas sejam apoiadas e encorajadas a denunciar;

    • Todos os funcionários participem de um treinamento sobre assédio;

    • Workshops e discussões sobre como construir uma cultura mais forte, inclusiva e diversificada aconteçam regularmente;

    • Nossos procedimentos e processos de reclamações sejam regularmente revisados ​​e atualizados com a ajuda de especialistas independentes;

    • As lideranças de toda a organização devem se dedicar, como prática cotidiana, ao desenvolvimento de nossa cultura de trabalho;

    • Nossa liderança e prática de trabalho refletem a ampla diversidade de pessoas, cultura, classe e raça que somos;

    • Todo staff do Greenpeace - equipe, tripulação e voluntário, independentemente de qual escritório ou navio do Greenpeace trabalhem - tem acesso a uma pessoa de confiança ou agente de integridade treinados, alguém com quem possam contar para  conversar caso necessário.

    Essa pode ser uma conversa desconfortável. Essa deve ser uma conversa desconfortável. Nós participaremos dela com os olhos e os ouvidos bem abertos.

    Não é uma distração da nossa missão principal ou propósito mais importante, como alguns podem pensar. Essa é nossa missão principal e propósito mais importante. Como tratamos as mulheres, que são a metade da população do planeta, influenciará o nosso destino e o do próprio planeta.

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  • Diário de bordo: Caçando os Corais da Amazônia

    Postado por Juliana Costta - 6 - abr - 2018 às 10:00 1 comentário

    No terceiro dia de expedição, acordamos hoje às 6h para, às 7h, toda a equipe estar preparada para a “caça” ao nosso tesouro natural -

    A primeira etapa da nossa missão científica é identificar as áreas de corais. Para isso, o primeiro passo é lançar um sonar ao mar. Também chamado de TowFish, o sonar é uma espécie de radar que emite sons para mapear o relevo do fundo do mar. É ele que nos indica onde há formações que podem ser o recife de corais que estamos buscando. 

    Seis marinheiros tiveram que participar da operação: enquanto três pessoas cuidavam do cabo que segurava o aparelho, ouvíamos frases como “solta mais cabo”, “segura o cabo”, “vira a roldana” e assim vai.  Outras três pessoas garantiam que o sonar pendurado não batesse no casco do navio. 

    Preparativos para o lançamento do sonar. Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace.

     

    Com o sonar lançado, corremos para os monitores! Bom, as telas... elas não mostravam muito. Os técnicos ajustaram os equipamentos e a imagem melhorou. Um pouco. Continuei encucada porque não entendia o motivo de os cientistas estarem tão felizes com riscos amarelos que despontavam na tela.

    A cena parecia a de uma mulher grávida vendo o ultrassom do seu bebê pela primeira vez e reconhecendo cada parte do corpinho dele. Feliz, ela mostra as imagens para toda a família e ninguém entende aquelas manchas. A mulher, no caso, são as cientistas do Esperanza. A família, claro, nós, leigos das profundezas do mar.

    Observação das imagens do sonar. Foto: Juliana Costta/Greenpeace

     

    Quando encontramos o que pode ser o recife, os cientistas e técnicos marcam a posição do sonar em um mapa. Tudo fica guardado para a próxima etapa: a DropCam (câmera submersa) irá confirmar nossas suspeitas. Só então é que decideremos se vamos lançar ou não o ROV (Veículo Remotamente Operado) que fará imagens e coletará amostras para os cientistas analisarem.

    Hoje ficamos apenas na primeira etapa. Sim, é um processo longo e muitas vezes monótono para quem não entende muito o que está se passando em cada momento. Mas cada passo é crucial para descobrirmos, finalmente, o que se esconde debaixo das águas azul escuro que nos rodeia. Assim, poderemos mostrar porque precisamos defender os Corais da Amazônia das empresas que querem explorar petróleo na região.

    Você é um aliado importante dessa aventura. Ajude-nos a aumentar a pressão assinando a petição pela defesa dos Corais da Amazônia. Muito em breve, esperamos atingir 2 milhões de pessoas. Faça parte desse movimento e compartilhe com seus amigos.

    Assine a petição 

    Um beijo salgado do mar e até logo! Leia mais >

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