Este ano, faz uma década que o governo chinês começou a reflorestar as margens dos rios Amarelo (Yellow River) e do Yangtze, o maior do país. Nada a ver com bons modos ambientais. A iniciativa veio depois que, em 1998, enchentes e deslizamentos mataram quase quatro mil pessoas e removeram outras 18 milhões na região. A própria agricultura que havia se estabelecido ao longo dos rios já estava minguando, já que os solos empobreceram. Os pesquisadores explicaram: a falta de vegetação dá nisso. E o governo se mobilizou.

Dez anos mais tarde, um estudo mostra que o programa de reflorestamento já está dando resultado: a erosão do solo reduziu quase 70% em alguns locais. E os produtores que ficaram chupando dedo já estão voltando à ativa. A notícia é do site Mongabay.

Mas a gente não precisa ir muito longe. História parecida aconteceu aqui no Brasil, há coisa de um século e meio. Hoje conhecida por seu tamanho e exuberância, a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, já foi quase completamente pelada. No lugar das árvores, café. Naquela época, o uso da terra foi tão irracional e predatório que a própria produção acabou declinando. Sem floresta, os mananciais também foram para o brejo. Resultado: falta de água generalizada na cidade. Aconselhado por técnico, o imperador D. Pedro II mandou botar as árvores de volta em seu devido lugar. E assim foi feito.

Hoje, essas áreas reflorestadas pelo governo Chinês e pelo antigo imperador receberam nome na legislação ambiental brasileira: Áreas de Preservação Permanente (APP). Como a História conta, não é à toa que elas foram criadas. Mas os ruralistas que tentam derrubar às pressas o Código Florestal no Congresso – e boa parte das APPs – provavelmente não têm conhecimento histórico. Se tivessem, teriam aprendido a lição.