Conforme já foi dito por aqui, a reunião da Comissão Especial do Código Florestal, marcada para a última terça-feira, foi desmarcada em cima da hora. O encontro, aberto, era para definir a data em que o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) soltaria o relatório com as propostas de mudança de nossa lei ambiental. Mas acabou acontecendo de portas fechadas, bem no estilo como o assunto vem sendo tratado.

Aldo nega. Pelos quatro cantos, diz que as discussões são as mais democráticas e transparentes já vistas. Para os jornais, garante que ouviu deus e o mundo. Mas não é bem assim. De mais de 170 nomes que gostariam de contribuir para o debate, 80% não foram escutados. Dos 80 requerimentos aprovados, 60% não foram atendidos pela comissão.

 
Para sair bem na foto, o deputado pegou o avião e rodou o Brasil. Mas a população não soube de metade das 22 audiências que ele realizou em 17 estados brasileiros: nem uma linha sequer anunciava o encontro para os interessados. Das audiências divulgadas, faltou equilíbrio entre os participantes. Um total de quatro ambientalistas e um indígena dividiram o microfone com uma tropa de 50 representantes do agronegócio.

Carregando o comunismo no broche, Aldo parece ter desviado de vez seu caminho para o lado do agrobusiness. São os grandes produtores que movem o trator para cima do Código Florestal. Mas Aldo garante que está lutando pelos pequenos.

Enquanto o deputado se desdobra para anistiar os desmatadores e aumentar a área de floresta a ser derrubada, porém, a agricultura familiar segue outro rumo, mais ético. Por meio de associações, o setor reivindica não a mudança de nossa elogiada legislação ambiental, mas regulamentações que viabilizem o cumprimento do Código Florestal. Aldo Rebelo também se esqueceu de ouvir isso.