Meus pais me educaram com um pensamento bem progressista, e foi com esse pensamento que sempre olhei para o mundo com outros olhos. Me engajei como voluntário em diferentes causas, e hoje sou doador e trabalho no Greenpeace, um colaborador ao quadrado.

Já trabalhei em uma ONG chamada Teto, lá eu tive o prazer de conhecer famílias incríveis com realidades bem difíceis, porém, eles viviam cheio de gratidão. Certa vez fui preencher uma ficha e falei com um senhor que morava bem próximo do lixão; como parte do questionário, eu tinha que perguntar quanto de dinheiro ele e a família usavam mensalmente para comer, ele me respondeu: “Nada, graças a Deus, tiro tudo daqui, do lixo.” Neste momento tive uma epifania que me encheu de questionamentos: como pode alguém tirar seu alimento do lixo e ser grato? O quanto nós desperdiçamos? O quanto de lixo geramos sem necessidade?

Hoje, no Greenpeace só consigo pensar que as causas são conectadas, não há como pensar em ecologia sem um envolvimento social, não dá pra cobrar consciência ecológica da comunidade que joga lixo no rio sem contribuir para a melhoria da comunidade. As causas se integram e penso que entender os desafios em sua integralidade é outra forma que tenho de contribuir com o Greenpeace.

O que mais me agrada em trabalhar aqui é o fato de ser uma ONG totalmente independente. Ao escolher doar, ser voluntário ou trabalhar, buscamos credibilidade, um ambiente ético, coerente e transparente, isso eu encontro aqui. A independência não coloca nenhuma âncora no Greenpeace, como ONG não precisamos agradar o interesse de ninguém, e desta forma seguimos com olhos e mentes fixos em nossa missão.

O trabalho na Amazônia sempre me chamou atenção devido a importância do bioma, a grandiosidade da floresta, os povos indígenas e imaginar a realidade daquelas pessoas, que ao mesmo tempo que são privilegiados por viverem em um lugar de tamanha riqueza natural, enfrentam vários desafios para serem livres.

Teve uma situação, em um treinamento do Greenpeace, que tive que ir até a Amazônia e ao chegar na floresta a reação diante de tudo aquilo foi: UAUUUUUU! Descreve? Não, né? Mas é isso, é difícil descrever a emoção, pode não parecer nada demais, mas eu fiquei quase duas horas sobrevoando floresta até chegar na capital e claro, encantando com a grandiosidade de tudo aquilo. Quando eu cheguei lá, o barulho, o calor, o cheiro, os sentidos... o coração disparou e eu só tive uma certeza, precisamos defender esta floresta, que ainda está viva. Desculpa não conseguir explicar, mas é muito mais grandioso que qualquer palavra, qualquer foto…

Como doador e funcionário da área do planejamento estou o tempo todo atento para que tudo saia de acordo com o pensado. Planejar é usar os recursos com sabedoria, é respeitar as doações, cada centavo que recebemos.

Ao mesmo tempo que me vejo como parte da solução, também me encontro como parte do problema. Somos capazes de influenciar positiva e negativamente as situações, por isso é preciso ouvir e agir mais do que falar e curtir.

Se eu pudesse falar com os 80 mil doadores que represento eu recomendaria que cada um fizesse sua auto reflexão, digo auto porque temos mania de falar do comportamento do outro, mas o ideal é começarmos por nós mesmos, como estão nossos pequenos atos? Damos o nosso melhor pelo meio ambiente? O nosso exemplo contribui com a correção desta geração e a criação de uma nova geração mais crítica e atenta.

Eu sou Pedro Oliveira, doador do Greenpeace desde 2015 e faço parte do time de planejamento da ONG. Fico muito feliz de poder falar um pouco de minha experiência para os colegas doadores e aproveito para agradecer: tudo o que acontece por aqui só sai do planejamento porque temos vocês! Que bom que estão com a gente.