Em visita ao Rainbow Warrior, doadores do Greenpeace destacaram o que os levam a apoiar a organização – a independência é o valor mais admirado

A médica Maria Fernanda Bassores, doadora do Greenpeace desde 2005 trouxe o pequeno Matheus, de 6 anos para que ele também se torne um defensor da natureza. Foto: Barbara Veiga/Greenpeace

 

Um dos grandes valores da organização surpreendeu positivamente muitos dos visitantes do Rainbow Warrior que ainda tinham pouco conhecimento do Greenpeace: a independência. Ela só é possível por meio de doações exclusivamente de pessoas físicas – são 65 mil doadores no Brasil e 3 milhões em todo o mundo. Em tempos de baixa credibilidade do público com as instituições, não depender de recursos de governos, empresas ou partidos políticos foi considerado uma das principais qualidades por quem já nos apoia há muito tempo, e também uma das razões entre aqueles que se tornaram doadores nesse momento, afinal, quanto maior o apoio, mais força de pressão sobre os grupos de poder.

A técnica em enfermagem Luciana Regina Morais Mendes, 35 que já conhecia o trabalho do Greenpeace e é grande entusiasta da energia fotovoltaica, se tornou doadora após saber a extensão do trabalho feito exclusivamente com recursos de pessoas físicas. “Acho importante não ter nenhum tipo de ajuda do governo para não ficar amarrado. Quanto mais independente, melhor”, afirma.

Participação social

A médica Maria Fernanda Bassores, 66, de Petrópolis (RJ), é doadora do Greenpeace desde 2005 e carrega na carteira a carteirinha de sócia, com orgulho. Apoiadora da luta contra a extinção das espécies e a poluição dos mares, ela aproveitou a visita ao barco para transmitir ao pequeno amigo Mateus, de 6 anos, seus princípios de respeito ao meio ambiente e cidadania.

“Além do Greenpeace, sou doadora de organizações na área médica. Temos que ser ativos na participação social. É muito cômodo dizer que paga imposto e não fazer nada. A responsabilidade de tornar o mundo melhor é conjunta, nossa e do governo. Isso começa com a nossa postura, o nosso comportamento. É com o nosso exemplo que vamos combater a destrutividade e individualidade das pessoas”, afirma.

Para além do discurso

“O trabalho que é feito com excelência, a proteção à natureza e ao animais, se preocupa com o clima, isso tudo fez com que eu me dispusesse a ajudar financeiramente o Greenpaece”, afirma a professora de Geografia Maria Lucia Nery, 70, que trouxe toda a família para conhecer o Rainbow Warrior. “Eu ressaltaria uma palavra em desuso que é credibilidade, pois o discurso tem de ser acompanhado de atos, e para mim o Greenpeace é uma das organizações que tem ações concretas“, complementa o marido, José Pires de Almeida.

A professora Maria Lucia, doadora do Greenpeace, veio com a família para a visita ao Rainbow Warrior Foto: Bárbara Veiga

 

Independência e mobilização 

Para a sanitarista Ana de Miranda Batista, 68, doadora do Greenpeace,  a visita ao Rainbow Warrior foi a materialização do esforço coletivo. “As eleições e a lava-jato têm nos mostrado que quando o privado entra, tem que se tomar cuidado. O fato de o Greenpeace ser feito por cidadãos, sem comprometimento de lucro, faz que isso tenha muito mais valor. E é interessante constatar esse poder de mobilização, pois há muitas outras ongs que também fazem um trabalho semelhante, mas não conseguem reunir um apoio desse tamanho, em todo o mundo, e por tanto tempo”, afirma.

“O Brasil tem uma fauna e flora riquíssima, mas não é bem preservada. Ao contrário, temos governos que querem privatizar tudo, e isso em prol de quem? Do conjunto, dos indígenas, dos povos, ou de alguns? Então temos que apoiar quem se dedica a atividades que contribuam para essa preservação. Eu sinto confiança no Greenpeace. Contribuo um pouquinho, mas é um pouquinho há muito tempo, e acho que isso pode fazer a diferença”, afirma.

Ana de Miranda (agachada a frente, à esquerda com a neta), entre o grupo dos doadores mais antigos do Greenpeace no Rio de Janeiro. Foto: Bárbara Veiga