Uma pesquisa feita pela Datafolha mostrou que os brasileiros estão cientes do aquecimento global e de que o homem é o causador do problema. Segundo reportagem publicada na Folha (só para assinantes), mais de 90% dos brasileiros aceitam que o aquecimento do planeta é real e 75% acham que as atividades humanas contribuem muito para esse cenário.

O índice é muito maior do que nos Estados Unidos. Em pesquisa de opinião pública recente, quase metade dos entrevistados duvidava do aquecimento global.

O que isso significa? Que os brasileiros aceitam qualquer coisa que sai no jornal? Não, muito pelo contrário. A diferença é que os americanos estão expostos com muito mais intensidade a uma guerra de informação patrocinada pelas grandes empresas de petróleo e carvão. Como mostra o relatório do Greenpeace sobre as Indústrias Koch, esse setor gasta rios de dinheiro para promover uma batalha difamatória da ciência e da política do clima, por meio dos chamados “céticos climáticos”.

Esses “céticos” inundam o ciberespaço e os espaços tradicionais para colocar dúvida sobre o que milhares de cientistas de todo o mundo já acordaram, depois de muitos anos de estudo. Isso sem nem apresentar provas contundentes e amplamente aceitas pela comunidade científica internacional. Alguns deles de vez em quando aparecem no Brasil, pagos para dizer o que o pessoal que ganha com o mundo indo para o buraco quer ouvir.

Nos Estados Unidos não é diferente, mas em um grau muito maior. A indústria do petróleo e do carvão – se não fadada a desaparecer, inclinada a mudar radicalmente – quer manter as coisas como estão, com níveis estratosféricos de poluição e zero preocupação ambiental, pois é assim que ganham dinheiro.

Dinheiro, contudo, não é tudo. E, mesmo colocando o aquecimento global em cifrões, as economias do mundo inteiro vão perder preciosos milhões se nada for feito.

Pelo menos os brasileiros são mais espertos, pois incorporar um problema – em vez de negá-lo – é o primeiro importante passo para buscar soluções. Agora, precisamos escolher bem os políticos que nos representam e pressionar o governo (que parece estar entre os 10% que não acreditam em aquecimento global, vide leilão forçado de Belo Monte) para aproveitar as vantagens que a nova economia verde proporciona.