Estão no ar os seis episódios da minissérie Linhas, que discute o passado, o presente e o futuro da Energia no Brasil a partir da vida de cinco brasileiros – e uma peruana.

Ilha Solteira, interior de São Paulo, divisa com o Mato Grosso do Sul; Altamira, às margens do Rio Xingu, no sudoeste do Pará; aldeia Sawré Muybu, do povo Munduruku, na beira do Rio Tapajós; comunidade de Sobrado, no arquipélago das Anavilhanas, no Rio Negro, Amazonas; município de Juazeiro, interior baiano, por onde passa o Rio São Francisco. Comunidade Ashaninka, na Amazônia Peruana. Estas seis paradas compõem o roteiro percorrido pelo projeto documental “Linhas – ligando os pontos das energias do Brasil”, que o Greenpeace Brasil produziu em parceria com a cineasta Eliza Capai e a fotógrafa Carol Quintanilha.

Em cada parada da minissérie – publicada semanalmente nas últimas seis semanas -, apresentamos a história e a vida de um morador local e sua relação com a Energia. Em Ilha Solteira, “Seu” Dirso Souza lembra dos tempos em que participou da construção da hidrelétrica homônima e reflete sobre como a atual estiagem reduz a eficiência da usina. Em Altamira, o jornalista Felype Adms testemunha os impactos socioambientais da obra de Belo Monte na cidade e região. Diante do crescimento da violência, poluição e outras mazelas sociais, o jornalista admite se arrepender de ter sido um dos defensores do empreendimento.

Entre um episódio e outro, o site do projeto publicou composições fotográficas assinadas por Carol Quintanilha, mesclando dimensões técnicas, naturais e humanas das localidades e suas respectivas questões energéticas. O objetivo do projeto é ampliar a discussão sobre o modelo energético adotado pelo Brasil, seus impactos e custos, e quais alternativas devem ser adotadas para garantir um futuro mais limpo e sustentável.

Na aldeia Munduruku, a equipe do Linhas documentou a preocupação de Felícia Krixi com a sobrevivência de sua cultura e modo de vida, bem como o destino de seus filhos e netos, diante dos planos do governo federal em construir cinco barragens no Tapajós. A resistência Munduruku para evitar a destruição do Tapajós é um dos pontos altos de toda a narrativa do Linhas. Na comunidade Sobrado, no Rio Negro, a estudante Wemelly Barroso Souza, 13 anos, relata como a geração de energia por placas fotovoltaicas mudou a vida do vilarejo isolado no meio da floresta, impactando diretamente na inclusão digital dos jovens dali.

Desta comunidade isolada, o projeto seguiu viagem para a cidade baiana de Juazeiro, onde mil casas estão sendo abastecidas por energia solar. Ali, os moradores recebem uma renda complementar a partir da venda do volume excedido da energia gerada pelos painéis fotovoltaicos. Quem conta a história de transformação local é Lucineide Silva, responsável pela limpeza dos aparelhos.

O sexto e derradeiro episódio de Linhas, lançado na última terça-feira, levou a narrativa para além das nossas fronteiras. Em plena Amazônia Peruana, conhecemos Ruth Buendía, liderança Ashaninka premiada por sua luta pela defesa dos direitos de seu povo. Nas comunidades no Rio Ene, Ruth é uma heroína. Ela liderou a mobilização vitoriosa contra a construção de uma hidrelétrica prevista para ser construída da região – para gerar energia para o Brasil. Os impactos socioambientais, claro, ficariam todos do lado de lá da fronteira. Uma história que insiste em se repetir em vários pontos da Amazônia, comprometendo a sobrevivência de comunidade indígenas e a manutenção da floresta em pé. Com projetos com a minissérie Linhas, o Greenpeace Brasil espera fortalecer as alternativas para que o futuro seja diferente.