A emocionante experiência de estar atenta a todos os detalhes dentro de um navio de expedição

 

Foto ©Marizilda Cruppe / Greenpeace

 

A tripulação do navio Esperanza se desdobra para manter o navio funcionando: limpar, colocar botes e equipamentos na água, como o robô submarino e o sonar, e fazer rondas e guardas noturnas para averiguar que está tudo seguro. Tudo isso garante que a expedição científica, que já revelou Corais da Amazônia em um bloco de exploração de petróleo da Total, e fez novas imagens, continue seguindo com suas descobertas. 

O navio Esperanza está em clima de pesquisa científica e a equipe do escritório entrou no clima do navio. Para ajudar em todo o trabalho por aqui, eu e Thais, da comunicação do Greenpeace, nos voluntariamos a fazer as guardas. 

Eu escolhi o horário das 20h às 24h e das 8h às 12h. A Thaís, das 4h às 8h e das 16h às 20h. Durante a manhã, damos apoio aos oficiais na ponte de comando e ajudamos no que for necessário no convés, como fazem os marinheiros e marinheiras. 

À noite, nosso trabalho muda bastante. De hora em hora, temos que fazer rondas de segurança por todos os lugares do navio. Checamos se os botes estão bem amarrados no convés; se nada na sala de máquinas está pegando fogo; ou se existe algum vazamento de água ou combustível; se as portas estão fechadas e luzes apagadas. Também temos que checar se as baterias que geram eletricidade estão funcionando e se dentro das salas de estocagem de comida e materiais o balanço do navio não espalhou caixas e objetos pelo caminho.  

Meu turno poderia ter sido um dia normal, mas – graças às deusas – foi bem emocionante. Dois botes (o Rhyno e a African Queen) estavam operando no mar e chegariam antes do anoitecer. Era colocá-los de volta no barco e pronto.

 

Foto ©Marizilda Cruppe / Greenpeace

 

Mas você sabe como são os planos a bordo? Eles sempre mudam. Um dos botes teve uma pequena falha elétrica, e os dois que estavam nor mar tiveram que aguardar outros dois irem a seu encontro com engenheiros, eletricista, marinheiros e oficiais. 

Horas depois, os engenheiros consertaram o bote. SIM, consertaram o bote no meio do oceano, com o balanço das águas e sol se pondo.

Enquanto isso, eu estava na ponte de comando fazendo a guarda com o capitão e acompanhando toda a situação. Parecia filme, juro! Botes se comunicando entre eles via rádio. “RHYNO, AFRICAN QUEEN estamos finalizando o concerto, se preparem para o retorno” disse uma voz. E se comunicando com a ponte. “Ponte, aqui é o African Queen. Estamos prontos para voltar ao Esperanza”. 

Mal vi o tempo passar e já era hora de fazer a ronda e checar se tudo estava dentro dos conformes. Vinte minutos de inspeção e, sim, tudo certo. Voltei para a ponte.

Os quatro botes estavam retornando, mas ainda distantes a cerca de 8 milhas. O Esperanza não poderia chegar perto sem encalhar porque estávamos próximos do rio Oiapoque. Luzes foram acesas por todo o navio para ajudar a guiar os botes até nós. Quando vimos todos voltando, respiramos alíviados por mais uma missão cumprida. Todos se abraçaram felizes de que tudo tinha ocorrido com tranquilidade e estava resolvido. Depois de mais de dez horas na água, a equipe estava faminta e cansada. E foram recebidos com um jantar delicioso preparado especialmente para eles.

A vida voltou ao normal e já eram 23h30. Hora de acordar a Thaís e entregar o meu posto a ela: passar o radio para se comunicar com a ponte durante as rondas e explicar o que aconteceu no meu turno. Boa sorte, Thaís. E bom dia a todos, são 00:01 e amanhã recomeço às 8h meu outro turno. Eu vou dormir.

Juliana Costta é do time de comunicação do Greenpeace e está a bordo do navio Esperanza