Estamos em busca de um tesouro. Neste caso, um tesouro da natureza, muito bem escondido há milhares de anos sob as águas turbulentas do Oceano Atlântico, na costa norte brasileira, onde antes ninguém imaginaria procurá-lo. Temos até um mapa de onde este tesouro está, chegar até ele é o desafio

 

O Esperanza nas águas nada calmas da bacia da foz do Amazonas. Foto: Marizilda Cruppe/ Greenpeace

 

A bordo do navio Esperanza, junto a mais 39 pessoas, estou de volta à região dos Corais da Amazônia, pouco mais de um ano depois em que registramos as primeiras imagens que o mundo viu desse ecossistema debaixo d’água. Esse bioma, único no mundo, sobrevive onde o rio Amazonas encontra o mar. Uma região inóspita e, por isso, inesperada para abrigar seres tão frágeis. Não à toa, ficamos encantados e surpresos com o que encontramos naquele janeiro de 2017.

Como ainda há muito o que descobrir, este ano temos um objetivo maior: uma expedição científica para estudar a fundo esse bioma tão especial e mostrar ao mundo todo – e principalmente às empresas de petróleo que querem perfurar a região – porque devemos defendê-lo.

Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace

 

Navegamos por quatro dias 350 milhas náuticas até o ponto mais ao norte de onde deve estar o recife, sempre na companhia de golfinhos, registrados na foto acima. Fora os habitantes do mar, ninguém nunca viu o que existe no fundo dessas águas. É por isso que fizemos essa longa jornada – e também porque estamos tão ansiosos para finalmente ver o nosso tesouro submerso. Aqui no navio, quando você quer pregar uma peça em alguém é só dizer “Viu que encontramos os corais?”.

Escrevo do mais agitado, difícil e remoto mar brasileiro. Por aqui, ondas de quatro metros são o padrão. Os ventos são fortes e constantes. E a chuva cai a qualquer momento, intercalando momentos de muito calor – a média à noite é de 28 oC! Várias pessoas já sucumbiram ao enjoo, algumas delas muitas vezes. Não é fácil trabalhar nessas águas.

Preparativos para lançar um sonar que mapeia o relevo do leito marinho. Foto Marizilda Cruppe/Greenpeace.

 

Em três dias de tentativas, não tivemos as condições necessárias para colocar o ROV na água e fazer imagens dos corais. Mas é assim o tempo do mar, tem seu próprio ritmo. “Trabalhar nessa região do país exige paciência. Só dá para fazer um estudo assim em grandes empreitadas como a que temos pela frente”, me diz o oceanógrafo da UFRJ Fabiano Thompson, um dos cientistas que revelaram a existência do Corais da Amazônia dois anos atrás. Por enquanto, estamos mapeando a área onde o recife se estende.

Acreditamos que os Corais da Amazônia sejam mais extensos do que imaginamos inicialmente e ainda guardem muitos segredos para nos revelar. Mas só com as condições favoráveis é que a ROVerta conseguirá fazer imagens que tanto esperamos. ROVerta é como carinhosamente chamamos o nosso veículo operado remotamente, para filmar o fundo do mar.

Se amarre nesse desafio

Como nem todos podem estar a bordo do Esperanza conosco, criamos uma forma divertida de nos conectarmos: o “Desafio do Nó dos Corais”. É com ele que estamos fazendo a maior corda do mundo em defesa dos Corais da Amazônia. Como faz? É super fácil. Dá uma olhada neste video:

 

Compartilhe o vídeo e marque três amigos para fazerem o mesmo. Assim, nossa corda fica cada vez maior.