Em plenária final, presidente da COP-18, vice-primeiro-ministro do Qatar, Abdullah al-Attiyah, aprova os textos fracos fechados na conferência (©Greenpeace).

A 18a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima terminou quase como começou, não fosse pelo acordo sobre a continuidade do Protocolo de Kyoto. Para uma reunião que desde o início não gerou muitas expectativas de nenhuma esfera, a extensão do tratado que obriga países desenvolvidos a reduzir suas emissões foi um bom resultado para a COP-18. No entanto, os países deixaram abertas muitas lacunas importantes, principalmente no que diz respeito ao apoio a ações de mitigação dos impactos das mudanças climáticas em nações em desenvolvimento.

"Perguntamos hoje aos políticos em Doha: em qual planeta você vive? Certamente não no planeta onde as pessoas estão morrendo por conta de tempestades, enchentes e secas. Nem o planeta onde a energia renovável está crescendo rapidamente e crescentes restrições estão sendo colocadas sobre o uso de combustíveis sujos como o carvão. As negociações em Doha foram desde sempre modestas, mas eles não conseguiram fazer jus nem mesmo às expectativas historicamente mais baixas”, afirmou Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.

Os países desenvolvidos falharam ao não honrar seus compromissos de reduzir emissões, na falta de liderança no debate climático, e no não comprometimento com o suporte financeiro que deveriam dar a nações pobres, que sofrem as maiores consequências do aquecimento global.

Na fracassada COP-15, em Copenhague, nações desenvolvidas concordaram em estabelecer um Fundo Climático para canalizar ajuda financeira para fins de mitigação e adaptação. A promessa inicial era mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020, além de mais US$ 30 bilhões num programa de curto prazo de 2010 a 2012. Três anos depois, ainda restam dúvidas de quanto desse montante foi efetivamente materializado, e quanto virá de fato no período de 2012 até 2019.

No fim da COP-18, as únicas nações a anunciar compromissos financeiros para o próximo ano foram Alemanha (US$ 2,35 billhões) França (US$ 2,6 bilhões), Suécia (US$ 400 milhões) e Reino Unido (US$ 2,9 bilhões). Ainda longe dos US$ 60 bilhões propostos inicialmente para o período de 2013-2015, o texto sobre finanças apresentou resultados fracos para o curto prazo, afetando principalmente países como as pequenas ilhas (do bloco OASIS), que necessitam de ações urgentes contra as mudanças climáticas.

"Onde está a urgência? O ritmo do progresso é glacial. A incapacidade dos governos para encontrar um terreno comum para combater uma ameaça comum é inexplicável e inaceitável. Parece que os governos estão colocando interesses nacionais de curta duração à frente da sobrevivência global a longo prazo", reforçou Kumi Naidoo.