O projeto de praia em praia do Greenpeace tem percorrido algumas das mais belas praias do litoral sudeste levando informações sobre a situação da preservação dos nossos mares a um público diretamente interessado no assunto, os veranistas. Mesmo com o orçamento bastante apertado, desde nosso planejamento, procuramos uma saída para mitigar nossas emissões de carbono, e diante de várias idéias, reservamos parte do nosso orçamento para realizar a troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas frias, aquelas super econômicas. A idéia seria identificar organizações parceiras, que buscam a harmonia sustentável da relação sócio-ambiental, e oferecer-lhes a substituição. E foi no gingado dessa ciranda que fomos apresentados ao Emaús.

A Comunidade de Serviço Emaús, em Ubatuba, é uma associação civil, sem algum fim lucrativo, visando apenas defender e promover a dignidade da pessoa humana, lutando contra a miséria e desilusão social, uma realidade em que se encontra  parcela expressiva da população! Promover o bem estar junto a pessoas, que por qualquer, ou diversos motivos,  não usufruem dos direitos de cidadania e que de alguma forma estejam à margem da sociedade é a bandeira que segue o ideal Emaús.

O Projeto Emaús não é o único  projeto social bem sucedido e que mereça divulgação, porém, no modo em que se apresenta, fica claro através do seu coordenador, Sr. Jorge, que se trata de algo especial. O sucesso desta empreitada, que hoje conta com aproximadamente 300 pessoas, vivendo em parâmetros próximos da sustentabilidade, em comunidade e que carrega em sua história o fato de ter auxiliado pelo menos 11 famílias a se reestruturarem e deixar a comunidade por suas próprias contas, é na verdade o resultado de uma vida inteira de ativismo, as vezes calado, do Sr. Jorge. Quando veio para Ubatuba há quase 20 anos encontrou um grande terreno, 10 casas começadas, algumas familias vivendo na miséria e um desafio transmitido pelo Padre Paulo, idealizador do projeto no Brasil: Acabar com a miséria dessa gente. Hoje no terreno cheio de plantações, com saneamento básico e uma série de melhorias fruto do trabalho em comunidade Sr. Jorge diz com uma clareza tocante: "tivemos muitos avanços, acabamos com a miséria dessas famílias, mas ainda não há o que comemorar, ainda persistem os motivos que causam essa miséria".

Sr. Jorge é um exemplo de engajamento, honestidade, fibra e dignidade. Não espera reconhecimento pois sabe que sua história é mais curta que os problemas que pretende resolver. Ele não é diretor de nada, não teve estudo formal, não se considera um ativista e fica em dúvida quando a conversa pretende exaltá-lo. Sr. Jorge só não consegue parar, virar as costas pra sua luta e ir viver uma vida de reconhecimentos. Ele continua lá, lutando a sua luta e sabendo que não vai ganhá-la sozinho. Talvez essa clareza o liberte da vaidade que tanto atormenta nossos nobres orientadores.

O trabalho desenpenhado pelo Emaús em Ubatuba é um belo exemplo não só para ser seguido mas também para ser comentado e servir de inspiração. A história do Sr. Jorge é um banho de água fria naqueles que se consideram articuladores do futuro, ou oficiais da verdade. Sua humildade mais parece um véu que esconde por trás tantos motivos que não me atrevo a entender, mas gostaria sim de ver copiado mais vezes.