Manifestação na Praça dos Três Poderes, em Brasília, marcou o primeiro dia de aparição pública da Mobilização Nacional Indígena.

 

A Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tornou-se o pátio principal para as mais de 500 lideranças indígenas, de cerca de 100 diferentes povos de todo o Brasil, organizadas na Mobilização Nacional Indígena.

No final da manhã desta terça-feira (27), após danças, cantos e manifestações que incluíram a abertura de cartazes que pediam a demarcação de suas terras, uma comissão protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma queixa-crime contra os deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Alceu Moreira (PMDB-RS), pelo episódio em que protagonizam um vídeo gravado durante audiência pública da Comissão de Agricultura, realizada em novembro do ano passado com produtores rurais de Vicente Dutra (RS), no qual incitam a violência contra indígenas, quilombolas e homossexuais.

Documento foi protocolado no STF na manhã desta terça-feira.

Leia a íntegra da queixa-crime

A comissão, composta pela direção da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e por lideranças indígenas de cada uma das regiões do país, entregou ao Supremo um documento em que pedem que os ministros apurem as declarações racistas e homofóbicas desses parlamentares. O documento solicita ainda a apuração dos crimes de incitação à violência e ao ódio contra as comunidades que reivindicam seus territórios tradicionais.

Os ataques foram desferidos por Moreira e Heinze, atual presidente da Frente Parlamentar Agropecuária na Câmara dos Deputados, em discurso na audiência, financiada com dinheiro público. Os parlamentares incentivam os agricultores a formar milícias e pedem que eles impeçam as retomadas de terras proferidas por indígenas com violência. 

Assista aqui ao vídeo

Segundo Cretã Kaingang, liderança do Sul do Brasil, o conflito fundiário em Faxinalzinho (RS) foi acirrado por essas declarações: “Nunca quisemos tirar o direito de ninguém. Apenas queremos o pouco que restou de nossas terras. Os deputados estão querendo jogar pequenos agricultores e a sociedade não-índia contra nós”, afirma a liderança. Leia o pronunciamento dos Kaingang de Kandóia-Votouro sobre o conflito.

Durante o trajeto das delegações indígenas de Luziânia (GO) – onde fica localizada a chácara do Cimi, que abriga as comitivas indígenas – para Brasília (DF), a Polícia Rodoviária Federal parou os cinco ônibus na BR-040, altura do município de Santa Maria, para contar a quantidade de indígenas em cada ônibus. Segundo as lideranças, os policiais afirmaram ter recebido ordens para informar quantas pessoas estavam se deslocando para a Esplanada dos Ministérios.