Depois das constantes falhas no metrô de São Paulo, muito se falou que, na Linha 3 – Vermelha, a frota de trens que mais registrava problemas era a frota K, que coincidência ou não, teve sua última reforma feita pela Empresa Alstom, uma das protagonistas nas investigações sobre o cartel no metrô de SP. Para que se tenha uma ideia, um trem da frota K apresenta em média 4,17 vezes mais falhas por dia que os de outras frotas: entre outubro e novembro do ano passado, foram 696 panes no período de um mês.

A situação é tão grave que quando o sindicato dos metroviários de SP trouxe esses dados à tona, alegando que o Governo de São Paulo conhece os riscos de operar a frota, seu acesso ao relatório de falhas foi suspenso, conforme denunciado por eles em nota no site. Depois das falhas ocorridas em fevereiro e buscando saber o que acontecia, nos valemos da Lei de Acesso à Informação e solicitamos acesso ao relatório de falhas da Frota K da L3 – Vermelha do metrô SP. Um mês após o pedido ter sido feito, recebemos a resposta, hoje, de que nossa solicitação foi negada, pois o Metrô SP avalia que as informações ali presentes são sigilosas e sua abertura pode causar danos aos usuários do metrô.

Entendemos que, de fato, algumas informações relativas à segurança do sistema sejam mantidas em sigilo. No entanto, a negativa de acesso a um relatório contendo o número e o tipo de falhas, sobretudo logo após tal acesso ser retirado também dos próprios funcionários, faz parecer muito mais uma medida do Metrô que cerceia o acesso dos cidadãos aos seus dados (ainda mais quando polêmicos), indo contra a política de transparência do Governo e gerando ainda mais dúvidas sobre o que os referidos relatórios guardam. Infelizmente, não tem sido raros no país os casos em que as liberdades têm sido restringidas em nome de uma segurança que, em verdade, não se dirige e nem beneficia os cidadãos.

*Bárbara Rubim é coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.