Aqui estão duas maneiras distintas de responder consumidores preocupados com a destruição das florestas:

Uma delas é adotar um compromisso claro, com metas e prazos ambiciosos para eliminar o desmatamento da cadeia de produção; a outra é manter o status quo e continuar fazendo negócios como sempre, não enfrentando o problema de frente.

Hoje a Mars (produtora de ração para cachorro, chocolate, alimentos e bebidas) assumiu o compromisso de eliminar completamente o desmatamento de seus produtos até o fim de 2015.

Com esta resposta, a empresa se coloca no primeiro grupo. Mas ainda existem as que insistem em ignorar o apelo dos consumidores e manter o foco no chamado greenwash – discurso desgastado, para vender práticas questionáveis como sustentáveis.

As pessoas não querem comprar produtos  que causem desmatamento e extinção de animais. Mas a transformação de todo um segmento ou indústria só acontece quando toda essa gente consegue demandar uma postura diferente. A Mars agora faz parte de um grupo de empresas compromissadas a limpar suas cadeias de fornecedores. Entre elas estão Nestlé, Unilever, L’Oreal, Ferrero e outras. Confira a lista completa aqui.

Este anúncio deveria também servir como mais um alerta para a Procter & Gamble.

Desde que revelamos como a P&G compra óleo de palma proveniente de desmatamento nas florestas da Indonésia, os executivos da empresa não ofereceram solução alguma. Pior, eles insistem que são ‘comprometidos’ com práticas sustentáveis. E a cada nova empresa que assume compromisso público com uma política de fato compatível com a realidade atual, a situação e as políticas que a P&G chama de sustentáveis ficam cada vez mais constrangedoras.

Como nossos ativistas mostraram hoje, este é o verdadeiro significado de sustentabilidade para a P&G:

Ativistas do Greenpeace abrem banner dentro de área de subsidiária da empresa Musim Mas, fornecedora de óleo de palma da Procter & Gamble. (© Ulet Ifansasti / Greenpeace)

 

Hoje pela manhã, ativistas abriram um banner gigante em uma plantação da Musim Mas – empresa fornecedora da P&G e envolvida em casos de crimes ambientais. Isso passa longe de sustentabilidade – pelo menos para o meio milhão de pessoas que exigem produtos livres de desmatamento nas prateleiras dos supermercados.

Ativista do Greenpeace segura banner dentro de uma área de concessão de subsidiária da empresa Musim Mas, fornecedora de óleo de palma da Procter & Gamble, em área no Kalimantan Central. (© Ardiles Rante / Greenpeace)

 

O que a P&G precisa fazer?

P&G deve seguir o mesmo caminho das empresas (Nestlé, Unilever, Ferrero, L’Oreal e agora a Mars)  que assumiram um compromisso público para implementar uma política interna que elimine o desmatamento de suas cadeias produtivas.  Essas empresas reconheceram que apenas a certificação RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil) não é suficiente para barrar a entrada de óleo de palma sujo em suas cadeias produtivas, e por isso foram além.

Está na hora da P&G dar um passo a mais e parar de fazer seus consumidores cúmplices da destruição florestal e da extinção de animais raros e ameaçados como o tigre-de-sumatra. Diga para a P&G que você quer que produtos como o Head & Shoulders sejam livres de desmatamento.

Areeba Hamid* é da campanha de florestas do Greenpeace Internacional.