Instalação de 48 painéis solares na Escola Municipal Milton Magalhães Porto, em Uberlândia, Minas Gerais. Os Multiplicadores Solares, jovens de todo o Brasil que foram treinados para espalhar conhecimento sobre energia solar no País, participaram e subiram no telhado da escola. (©Greenpeace/Otávio Almeida)
Foram seis dias de intensa atividade para instalar os painéis solares na Escola Municipal Milton Porto, em Uberlândia. Esses dias, na verdade, podem ser traduzidos em meses, talvez até anos, de trabalho árduo de uma equipe de dentro e fora do Greenpeace para que isso acontecesse.
Na última semana, vimos 12 Multiplicadores que foram treinados em março tomar as rédeas, planejar e organizar oficinas de energia solar para 464 crianças e 51 pais. Tudo com muita liderança e autonomia. Esperávamos vê-los replicar oficinas que nós já conhecíamos, mas eles foram além. Teatro de fantoches, vídeos, gincana, jogos, e todas as outras atividades que a criatividade deles os permitiu imaginar. Missão cumprida com louvor e muito conteúdo.
Ali, naquela escola, vimos acontecer um verdadeiro trabalho de equipe. Vale um agradecimento especial ao querido Gustavo, diretor da Alsol, a empresa que instalou os painéis, que disponibilizou toda sua equipe para treinar nossos Multiplicadores e os jovens do Fica Vivo!, projeto do governo mineiro para jovens que moram em locais com altos indíceis de criminalidade.
Ao final da instalação dos painéis, Kelly, Jefferson e Kevin, do Fica Vivo!, disseram que estavam se sentindo empoderados por terem subido no telhado e instalado placas solares. Eles se tornaram companheiros de trabalho em pouco tempo e colaboraram para que tivéssemos um time eficiente e divertido. No último dia, levaram seus filhos e ajudaram a organizar e a executar toda a exposição de equipamentos solares, integrados 150% com toda a equipe.
Kevin fez os olhos de todos transbordar lágrimas ao agradecer pelo nosso trabalho e por ter ajudado a eles, jovens com um passado “custoso”, a acreditar que ainda é possível encontrar pessoas boas que acreditam que eles possam fazer o bem. Agora, eles vão ensinar toda a comunidade e os jovens do Fica Vivo! a fazer fogões solares. Eles querem multiplicar o Sol e as pessoas que estão fazendo isso.
O fato que mais abraçou meu coração foi que durante uma oficina um grupo de Multiplicadores levou uma turma do quinto ano para explicar o funcionamento do sistema, enquanto outro grupo continuava trabalhando no telhado. Uma das meninas gritou entusiasmada: “Olha gente! Uma menina no telhado! Olha, menina também pode subir no telhado!”.Foi uma comoção geral, e em 10 segundos a Yedinha, nossa voluntária de Brasília, com apenas 18 anos e 1,5m de altura, se tornou a musa daquela turminha.
Só de imaginar essas meninas chegando em casa contando essa novidade para seus pais, eu sorrio por dentro. Nem nas minhas mais otimistas expectativas, eu poderia ter realizado antes desse fato a grandeza do que estamos fazendo com a Campanha de Energia Solar. Não estou falando apenas de uma questão de gênero, mas dessa ideia de mostrar para as pessoas, qualquer pessoa, nas menores intervenções, que elas são capazes de fazer qualquer coisa acontecer.
É uma sorte sem tamanho ter tido a oportunidade de colocar esses 30 multiplicadores do Brasil todo em contato só pra eles poderem ampliar a consciência de tudo que são capazes de fazer juntos e com força de vontade. A liderança que eles tiveram no processo de envolvimento com a comunidade escolar em Uberlândia é admirável, e o prazer que eles sentiam em estar ali junto conosco, inspirava-nos a continuar lutando pelo melhor acontecer.
O Greenpeace é uma grande organização com muitas missões. Uma delas, eu tive certeza nos últimos dias, é confiar nas pessoas e deixa-las fazer a mágica acontecer. Quando trabalhamos juntos para fazermos um mundo melhor, deixamos de fazer mobilização, nós somos mobilizados. Quando somos mobilizados, nós somos incríveis. E nós somos incríveis quando sabemos fazer juntos!
*Heloísa Mota trabalha com mobilização no Greenpeace Brasil