Liderancas do povo Munduruku instalam a primeira de 50 placas nos limites da Terra Indigena Sawre Muybu, sinalizando o territorio que eles autodemarcaram. Os Munduruku pedem a demarcacao definitiva de sua terra. (©Anderson Barbosa/Greenpeace)

Hoje foi um dia especial na aldeia Sawré Muybu. Lideranças Munduruku instalaram as primeiras placas nas fronteiras do seu território tradicional para sinalizar que ali é território do povo Munduruku. As placas são semelhantes às utilizadas pelo governo brasileiro na demarcação oficial de terras indígenas.

A ação consolida a iniciativa de autodemarcação da Terra Indígena Sawré Muybu, localizada no município de Itaituba, no Pará, que aconteceu entre 2014 e 2015 com o apoio de diversos grupos aliados. Essa será a primeira de diversas atividades que se somarão à luta histórica desse povo na defesa de seu território e na proteção do rio Tapajos, no coração da Amazônia.

Durante as últimas semanas, estivemos na Terra Indígena Sawré Muybu trabalhando junto com os Munduruku na preparação da aldeia para receber ativistas de diversas partes do mundo e lideranças indígenas do Tapajós. O objetivo é chamar a atenção global para os riscos que a construção de hidrelétricas no rio Tapajós oferece à floresta e seus povos.

Estamos ao lado do povo Munduruku para impedir a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Se realizada, a barragem poderá alagar pelo menos 400 km² de floresta e uma série de outros lugares importantes para a sobrevivência deste povo e de outras populações tradicionais que habitam o vale do rio Tapajós – como lagoas sazonais e perenes, pedrais, ilhas e corredeiras. No dia a dia com os Munduruku, é possível compreender por que eles resistem tão bravamente aos planos do governo brasileiro em barrar seu rio: ele é vital para a sua vida e sua cultura. Dele depende sua própria existência.

  • Confira a galeria de fotos da atividade:

Demarcação de terra indígena Munduruku no coração da Amazônia 

Por isso vamos juntos andar nos limites do território Munduruku espalhando as placas e, com elas, os sinais de que um outro caminho é possível. E, neste caminho, buscamos apoio de todos aqueles que acreditam em um mundo mais justo, no qual a Amazônia e seus povos tenham seus direitos respeitados e colocados acima de qualquer interesse. Os direitos têm de prevalecer sobre os interesses econômicos, que por tanto tempo têm marcado a política de construção de grandes hidrelétricas na Amazônia.

Atualmente, o licenciamento da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós está suspenso pelo Ibama e o processo de demarcação da Sawré Muybu finalmente foi retomado pela Funai. Com este esforço, queremos que a terra indígena seja oficialmente reconhecida pelo governo e que a barragem seja cancelada de uma vez por todas.

Por isso, convidamos todas as pessoas, de diferentes lugares do mundo, a se mobilizar em apoio a essa luta, pressionando o governo brasileiro e as empresas que insistem nos planos de barrar um dos últimos rios livres da Amazônia.

Você pode se juntar aos Munduruku, a nós e a todas essas pessoas para manter o Tapajós vivo e livre e salvar o coração da Amazônia!

*Danicley de Aguiar é ativista da Campanha Amazônia do Greenpeace