Vista aérea da floresta amazônica (© Greenpeace/Marizilda Cruppe)

 

Ontem, a ONG americana UCS (Union of Concerned Scientists) divulgou um relatório classificando o Brasil como exemplo mundial no combate ao desmatamento e, portanto, de diminuição de emissão de gases que causam o aquecimento do planeta, uma vez que o desmatamento é nossa maior fonte de emissões desses gases.  

O elogio feito ao Brasil é bom e bem-vindo, afinal diminuir a perda florestal é um dos maiores objetivos de nossa atuação ao redor do mundo. Experiências bem sucedidas como a moratória da soja e o compromisso da pecuária, que nasceram e se concretizaram a partir da atuação da sociedade civil, foram absolutamente fundamentais para essa conquista, e demonstram que nem só de governos e governantes dependem as soluções climáticas.

Porém,  o momento atual não pode ser encarado como um sinal de que está tudo bem. Apesar da diminuição nas taxas do desmate, a quantidade de floresta perdida anualmente ainda é vergonhosa e não pode acobertar os gravíssimos problemas que ocorrem no país e que hoje colocam em risco as conquistas alcançadas.  

Um exemplo disso é o Código Florestal, aprovado em 2012, que afrouxou as regras de proteção às nossas florestas e deu anistia a criminosos ambientais. Não à toa, tivemos 28% de aumento do desmatamento na Amazônia após sua aprovação. Não contentes, os setores mais atrasados do agronegócio tentam, no Congresso Nacional, suprimir direitos indígenas e diminuir as áreas protegidas do país, territórios que são, comprovadamente, as maneiras mais eficazes de se combater a derrubada de florestas.  Outra grave situação ocorre no setor madeireiro, um grande vetor de destruição florestal que está fora de controle e dominado pela ilegalidade.

As metas de redução de gases estufa assumidas pelo governo brasileiro e seus resultados foram fruto de uma grande mobilização da sociedade civil. O feito foi e continua sendo extremamente importante para pressionar outros países a fazerem o mesmo. Seus avanços, porém, não podem funcionar com uma cortina de fumaça para esconder os graves e urgentes problemas ambientais e sociais que ainda temos que enfrentar no país.