Fevereiro bateu novo recorde de temperatura, mostrando que o aquecimento global avança mais rápido do que esperávamos. O Acordo de Paris se faz urgente, mais do que nunca

 Este ano teve o fevereiro mais quente já registrado pela humanidade. Vivemos em um planeta 1,35°C mais quente do que a média histórica para esse mês. O último janeiro também foi o mais quente – 1,15°C acima da média histórica para o primeiro mês do ano. Isso não é uma coincidência. Nos últimos anos, recordes de temperatura vêm sendo quebrados sistematicamente. E tudo indica que 2016 será o ano mais quente da História – repetindo o que foi observado em 2014 e 2015.

O período que a Nasa utiliza para comparar o crescimento das temperaturas são os anos entre 1951 e 1980. E eles já são 0,3°C mais quente do que o período pré-Revolução Industrial. Ou seja, estamos falando de um planeta que está ficando mais quente e, a própria média de referêcia já é mais quente do que a temperatura por aqui séculos atrás.

No final do ano passado, mais de 190 países assinaram o Acordo de Paris e firmaram o compromisso de barrar em 1,5°C o aquecimento global, sendo esse um teto minimamente seguro. Ao que tudo indica, estamos próximos de romper essa barreira, o  que nos coloca em uma zona de alto risco.

Hoje, 16 de março, é o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. E é um bom momento para lembrar que, quando falamos em aumento de temperatura, estamos falando de mudanças drásticas no ambiente em que vivemos e direitos humanos para as pessoas que serão afetadas. O derretimento das geleiras e o aumento no nível dos oceanos, que impactarão várias cidades litorâneas – podendo até sumir com algumas delas – são só dois dos muitos efeitos colaterais previstos.

No Brasil, o número de desastres naturais relacionados às mudanças climáticas só aumenta. As pesadas chuvas, seguidas de inundação e deslizamentos, que têm atingido diversas cidades são apenas um exemplo dos eventos extremos que veremos se agravarem por aqui com o aquecimento global. Outras consequências graves serão secas mais longas e intensas, e uma ampliação da área de risco para doenças transmitidas por mosquitos como dengue e zika.

No próximo dia 22 de abril, os países que estavam na COP 21 devem assinar o Acordo de Paris, em um evento da ONU em Nova York. Assinaturas em papéis, no entanto, não são suficientes para alterar a realidade do nosso planeta. Esses governantes precisam também agir rapidamente para transformar o Acordo em leis e, assim, acelerar a implementação das medidas previstas no documento. O aquecimento do planeta já é um problema urgente, e precisamos agir com mais intensidade para minimizar os impactos que serão sentidos por nós e por outros seres vivos ao redor do mundo.

(*Pedro Telles é da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil)