Demanda por compromissos concretos com a sociedade e o meio ambiente é ignorado pela multinacional

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

No dia 25 de novembro, o grupo Volkswagen apresentou resposta vaga à carta que havia sido enviada pelo Greenpeace à montadora em outubro, exigindo que a empresa se retratasse sobre a  fraude em testes de emissões de seus veículos e demandado comprometimento da mesma  com a saúde da população e as mudanças climáticas.

Em sua resposta ao Greenpeace, apesar de se apresentar aberta ao diálogo, a Volkswagen não ofereceu  qualquer medida concreta para compensar o danos causado pelas emissões adulteradas. Até o momento, a única medida tomada pela empresa no Brasil quanto à fraude em motores a diesel foi o anúncio de recall do veículo Amarock, que será feito apenas em 2016, sem qualquer contrapartida para a população. Porém, a fraude não afeta apenas os clientes da montadora, mas toda a sociedade, devido ao alto nível de poluição dos veículos adulterados. 

São quase 12 milhões de veículos fraudados ao redor do mundo, nenhuma indenização aos consumidores no Brasil e, por enquanto, nenhum centavo pago da multa de R$ 50 milhões, aplicada pelo Ibama, ou dos mais de R$ 8 milhões de multa do Procon-SP.

É injustificável que a empresa não adote no Brasil tecnologias já existentes na Europa, e venda aqui carros com motores que emitam menos poluentes e menos CO2 como os que já existem em outros países. A empresa afirma em sua carta que o dispositivo fraudado na Amarok não prejudica o cumprimento dos limites de emissões estabelecidos pela legislação brasileira. Isso é o mesmo que justificar, em conjunto com o governo, baixas metas de emissões e de eficiência energética dos veículos e, nesse sentido, reforçar o prejuízo à saúde dos brasileiros.

Infelizmente, governo federal e montadoras caminham de mãos dadas, permitindo que os carros vendidos aqui emitam mais poluentes e mais CO2 que os de outros mercados. Isso acontece por falta de metas de limites de emissões ambiciosas e da fiscalização pouco transparente e insuficiente por parte do governo brasileiro (veja também nossas demandas ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). A COPPE/UFRJ realizou um estudo, encomendado pelo Greenpeace, que identificou dois anos de atraso nas metas de eficiência energética veicular do Programa Inovar-Auto em relação às da Europa. Além disso, estudo do ICCT de outubro de 2015 mostra que o Brasil ainda tem uma frota ineficiente se comparada com países com características similares em termos de territorialidade.

A carta enviada pelo Greenpeace deixa claras as demandas da organização por mais eficiência energética, transparência e um plano concreto rumo à eletromobilidade. Isso é o mínimo que a Volkswagen pode fazer para demonstrar compromisso com o meio ambiente e com seus consumidores, como afirma em seus comerciais.

Reiteramos nossa demanda por carros que emitam menos CO2 e poluentes, além de uma evolução na mobilidade das cidades brasileiras. A mentira de uma grande montadora, como a Volkswagen, é mais um dos indícios de que, abandonando o transporte individual motorizado, além de lutarmos contra fraudes como esta, contribuímos para o fim de uma das armas mais potentes (e invisíveis) de destruição do planeta e da nossa própria saúde –  a qual usamos para nos locomover, mas não deixa as cidades fluírem.

Junte-se a nós e peça à Volkswagen para reduzir as emissões de todos os veículos da marca no Brasil aos níveis que a montadora utiliza na Europa. Precisamos da ajuda de todos para realizar esta grande mudança. 

ASSINE A PETIÇÃO   

Carta enviada à VW pelo Greenpeace no dia 30 de outubro.

Resposta da montadora à organização no dia 25 de novembro. 

Nova carta enviada à VW pelo Greenpeace no dia 30 de novembro.