Navio passa após ativistas resistirem por 40 horas

Notícia - 31 - jul - 2015
Depois de intervenção da polícia e sob vaias da população local, o quebra-gelo Fennica atravessou a ponte que ficou bloqueada por quase dois dias pelos ativistas do GP EUA

Fennica, navio contratado da Shell, passa pela ponte perto de ativistas (© Tim Aubry / Greenpeace)

Os 26 ativistas do Greenpeace EUA, que durante 40 horas formaram um bloqueio para que o navio da Shell não seguisse para o Ártico, desceram da ponte St. John, em Portland, na qual estavam pendurados.

Na manhã de ontem, depois do dramático impasse transmitido ao vivo pela TV local, os ativistas fizeram com que o quebra-gelo Fennica desse meia-volta e retornasse ao porto.

A diretora executiva do Greenpeace EUA, Annie Leonnard, disse que a ação é motivo de muito orgulho. “Os últimos dois dias foram uma experiência única para o Greenpeace e também para todas as pessoas que apoiam essa causa. Mostramos que quando estamos unidos, podemos encarar até as empresas mais poderosas do mundo”, comentou Leonard. Ela também ressaltou que além de fazer o navio da Shell dar meia volta, o protesto atraiu atenção mundial. “Explorar petróleo no Oceano Ártico é um erro terrível. O presidente Obama precisa se juntar às milhões de pessoas que levantam suas vozes em uníssono para dizer: Shell, Não”.

Agora o Fennica segue rumo ao Ártico para se juntar à frota da Shell (© Steve Dipaola/Greenpeace)

Durante a tarde de ontem, a juíza federal do Alasca, Sharon Gleason, ordenou que o Greenpeace removesse os seus ativistas da ponte ou então a organização teria de pagar uma série de multas, que começavam em US$ 2.500 por hora no primeiro dia e subiam para até US$ 10.000 por cada hora nos próximos dias. Os ativistas ficaram suspensos por várias horas depois da decisão, até que foram removidos da ponte pelas autoridades.

A Shell já tentou explorar no Ártico em anos anteriores, mas sem sucesso pelas dificuldades climáticas e geológicas da região. E desde que sua frota voltou a se mover em direção ao norte, um amplo movimento surgiu nos EUA e se estendeu até o Alasca. Em junho, os ativistas em caiaques formaram um bloqueio em torno da plataforma Polar Pioneer, que na ocasião deixava Seattle em direção ao Ártico.

Sem moral

Em maio deste ano, o governo Obama aprovou o plano da Shell de explorar petróleo no Mar de Chukchi, no Oceano Ártico, território do Alasca que pertence à região ártica. Desde então, as duas plataformas de petróleo da Shell falharam em inspeções de rotina.

O Fennica é um dos dois navios quebra-gelo que pertencem à frota da petrolífera, que são equipados para ajudar a conter vazamentos – e sua presença na área de exploração é obrigatória por lei. Enquanto o último navio da Shell não chega, a exploração só pode ser feita centenas de metros acima do petróleo que a Shell deseja extrair.

No entanto, segundo estudos geológicos do próprio governo norte americano, existe uma chance de 75% de vazamento nas águas geladas do Oceano Ártico.

Outra importante embarcação da Shell, a plataforma Noble Discoverer, é uma das mais antigas do mundo. Em dezembro de 2014, a empresa terceirizada da Shell para operar no Ártico foi acusada e condenada por oito crimes relacionados com as tentativas anteriores de explorar petróleo na região, em 2012. Não à toa, os navios da Shell estão sendo vaiados em cada nova partida ao Oceano Ártico.

Vídeo do navio atravessando a ponte: http://migre.me/qZxi4 (aos 05 minutos e 50 segundos em diante é possível ouvir as vaias)

Fotos disponíveis aqui.

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