Cheia histórica no rio Madeira

Notícia - 25 - fev - 2014
Greenpeace documenta maior cheia já registrada que desabriga moradores, interdita rodovia e força o desligamento de turbinas da UHE Santo Antônio

Moradores enfrentam ruas completamente alagadas no bairro Triângulo, um dos mais afetados pela cheia do rio Madeira em Porto Velho, Rondônia (© Greenpeace/Lunae Parracho)

As águas não param de subir em Rondônia. O rio Madeira vem batendo quase que diariamente as medições históricas e alcançou, ontem, o marco de 18,43 m, a maior cheia já registrada desde 1997 e que ultrapassa em 1,75 m a cota de emergência determinada pela ANA (Agência Nacional de Águas).

O Greenpeace foi até Porto Velho para acompanhar a cheia do rio que está antecipada uma vez que 95% das cheias acontecem anualmente entre os meses de março e maio.

O bairro Triângulo é um dos mais afetados pela cheia, encontra-se na beira do rio e está cinco km à jusante da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. Ali, famílias que foram desabrigadas estão vivendo alojadas na  Escola Estadual de Ensino Fundamental Franklin Delano Roosevelt, na qual as aulas estão suspensas para receber moradores que não têm para onde ir.

Veja galeria de imagens:

 

Herlen da Silva e Silva, 25, divide uma sala de aula com o marido, seus dois filhos e outras cinco pessoas. Na sala estão espalhados colchões, roupas, fogão, televisão e um enorme ventilador para amenizar o clima quente da região. Isso é tudo o que ela conseguiu salvar na enchente. De barco, ela saiu em companhia da cunhada para checar como estava a situação de sua casa: nem mesmo conseguiu alcançá-la, devido ao nível do rio extremamente elevado “A gente não sabe o que vai acontecer. Está tudo mudado depois que a usina veio pra cá”, afirmou Herlen.

Na sala de aula em frente, vive Floriza dos Santos de Sá, 62, moradora do Triângulo há mais de 40 anos. Ela presenciou a cheia de 1997, que era considerada a maior até agora, mas conta que a atual está muito pior. A água já beira a janela de sua casa. “Antes da usina vir pra cá, o rio enchia e alagava um pouco embaixo das casas, mas depois ele ia baixando e a água ia embora. Agora, a gente não sabe se ele vai secar como antigamente ou se ele não vai secar mais.”, disse Floriza.

A elevação do rio provocou também o fechamento da BR 364,  estrada que liga Porto Velho a Rio Branco, deixando o Acre isolado. Para reduzir os impactos da cheia, a hidrelétrica de Santo Antônio teve que desligar 11 das 17 turbinas que estavam em atividade para diminuir a vazão e o volume de água do rio. No entanto, mesmo com esse procedimento o Greenpeace verificou que a água continua atingindo as margens do rio Madeira com força, potencializando um fenômeno natural chamado na região de banzeiro, que causa o desbarrancamento das margens do rio.