“Explosivo”. Com essa palavra, Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, definiu o aumento do desmatamento em Mato Grosso no último mês. Em números, o crescimento é de 537% em relação ao mesmo período do ano passado, com mais de 243 quilômetros quadrados de derrubadas. “Desde que começamos a monitorar o desmatamento no estado, esse é o maior numero já registrado no mês de abril”, diz Veríssimo, para quem o principal motivo desse salto está no Congresso.
“O único fator que pode explicar isso é o debate do Código Florestal”. Não é à toa que, na semana passada, o Ibama anunciou que estava desmobilizando suas fiscalizações em todo o país para concentrar seu pessoal no Mato Grosso. Foi o sinal de que a coisa lá andava feia, como confirmam agoras os dados do Imazon.
Com promessas de anistiar quem desmatou e de diminuir tanto as áreas de proteção quanto as punições a crimes ambientais, o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), como se vê, já está fazendo eco na Amazônia. “Foram anos de denúncias, fiscalização e acordos de mercado para que a devastação começasse a cair”, pontua Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, ao lembrar que no ano passado, as taxas caíram para um número recorde: em torno de 6,5 mil quilômetros quadrados. “Agora, tudo isso está sendo jogado para o alto por alguns ruralistas no Congresso, que só têm interesse em continuar lucrando com a injustificável destruição das florestas brasileiras”.
Além do aumento do desmatamento, a proposta ruralista também está causando problemas na imagem internacional do país. O Brasil assumiu compromissos internacionais de redução de desmatamento. Com essa postura, tornou-se um grande protagonista nas discussões ambientais mundiais. “Se a presidente Dilma não intervir no debate do Código Florestal, o Brasil vai ficar marcado por um retrocesso inaceitável em seu primeiro ano de gestão e às vésperas da Rio+ 20”, observa Paulo Adario.
Além disso, é bom lembrar que à época de sua campanha, Dilma manifestou-se contrária exatamente aos principais pontos defendidos pelos ruralistas: anistia, mais desmatamento e menos proteção ambiental.
Nas últimas semanas, o repique do desmatamento na Amazônia já havia sido alertado pelo Ibama. O órgão suspendeu as operações de fiscalização de todo o Brasil e concentrou seus fiscais na região. Mais de 500 agentes foram enviados depois que os alertas do sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do Inpe, começaram a apontar o aumento das derrubadas no Mato Grosso. Os dados do Deter devem ser anunciados nesta quarta-feira pelo governo, e a tendência, infelizmente, é a mesma: aumento do desmatamento.
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