A cadeia de destruição do ferro gusa

2 comentários
Notícia - 16 - mai - 2012
Bloqueio de navio cargueiro Clipper Hope em São Luis (MA) já dura mais de 50 horas

O diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, ocupa a corrente da âncora do navio de carga Clipper Hope, perto do porto de São Luis, no Maranhão. (©Greenpeace/Ismar Inger/Tiba)

O Greenpeace entregou, na tarde desta quarta-feira, uma denúncia ao Ministério Público Federal do Maranhão sobre as ilegalidades encontradas na cadeia de produção do ferro gusa no Estado.

Estavam presentes o padre Dário Bossi, coordenador da rede Justiça nos Trilhos e Rosana Diniz, do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e Edmilson Pinheiro, do Fórum Carajás. A denúncia também será encaminhada ao MMA (Ministério de Meio Ambiente), MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), além da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

A partir de uma pesquisa de dois anos, o Greenpeace identificou uma série de irregularidades e desrespeito à legislação na cadeia produtiva do ferro gusa no Brasil, como trabalhadores em situação análoga à escravidão e extração de madeira dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Estas denúncias foram compiladas no relatório “Carvoaria Amazônia”, publicado nesta semana pela organização.

“Algumas empresas da região onde se concentram as denúncias já respondem a uma ação civil pública, porque o carvão que utilizam não têm certificado de origem”, disse o procurador da República Alexandre Soares, nesta tarde. “Esse trabalho (do Greenpeace) permite aprofundar a investigação, em que teremos de responder qual é a origem do carvão e o nome das pessoas envolvidas.”

Principal matéria-prima do aço, o minério de ferro se transforma em ferro gusa dentro de fornos alimentados por carvão vegetal. Parte deste carvão é proveniente do desmatamento ilegal da floresta. O ferro gusa brasileiro é exportado, principalmente, para a indústria automobilística dos Estados Unidos.

“O ferro gusa está deixando um rastro de destruição e violência na Amazônia. Desmatamento ilegal, trabalho análogo à escravidão e invasão de territórios indígenas estão na ponta da cadeia desta matéria-prima”, disse Tatiana de Carvalho, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Nas vésperas da votação da PEC do trabalho escravo em Brasília, é preciso que o governo volte seus olhos a estes rincões do país.”

Protesto

Desde segunda-feira, ativistas do Greenpeace bloqueiam, na baía de São Marcos, a 20 quilômetros da costa de São Luís (MA), o navio Clipper Hope. O cargueiro se preparava para atracar no porto de Itaqui e receber mais de 30 mil toneladas de ferro gusa.

Contratado pela Siderúrgica Viena, apontada no relatório do Greenpeace como uma das empresas envolvidas nas irregularidades da cadeia da matéria-prima do aço, o Clipper Hope levaria o carregamento para os Estados Unidos.

Em esquema de revezamento constante, os ativistas escalam a âncora do cargueiro para evitar que o navio manobre até porto. Na manhã de hoje, foi o diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, quem esteve a seis metros da água, pendurado na corrente. Em março, Paulo Adario foi nomeado como herói das florestas pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Os ativistas do Greenpeace estão a bordo do navio Rainbow Warrior, em expedição pelo Brasil para a campanha do Desmatamento Zero.  

Assine a petição.

2 Comentários Adicionar comentário

Sofia says:

Ótimo trabalho Paulo Adario!

Enviado 18 - mai - 2012 às 23:31 Denunciar abuso Reply

Janah_dii_matos says:

Trabalho incrivel e aguça em mim cada dia mais e mais a vontade de estar ao lado do Greenpeace.

Enviado 18 - mai - 2012 às 10:32 Denunciar abuso Reply

1 - 2 de 2 resultados.

Postar um comentário 

Para postar um comentário, você precisa estar logado.