14 de março: Dia Internacional de Luta Contra as Barragens e pelos Rios

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Notícia - 14 - mar - 2017
Dia 14 de março é o Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, pelos Rios, pela Água e pela Vida, representando a luta de milhares de pessoas ao redor do mundo que tiveram suas vidas afetadas pela construção de barragens

Parte de canteiro de construção da hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no rio Xingu, em outubro de 2014. (© Carol Quintanilha/Greenpeace)

Nesta terça-feira, dia 14, é Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, pelos Rios, pela Água e pela Vida, marcando especialmente a luta de milhares de pessoas e movimentos sociais que tiveram suas vidas afetadas pela construção de barragens e que tentam impedir que novas sejam construídas sobre suas histórias.

Neste dia tão importante é preciso refletir sobre os impactos que esses grandes projetos causam sobre o meio ambiente e a vida das pessoas. Não são poucos os exemplos que estão destruindo vidas no Brasil.

O maior desastre socioambiental do País aconteceu com o rompimento de uma barragem que despejou 40 bilhões de litros de lama com resíduos de mineração no Rio Doce, matando pessoas e destruindo a fauna e flora em 700 km do leito do rio. Mais de um ano depois, a mineradora Samarco, controlada por Vale e BHP Billiton, continua protelando na justiça a reparação aos atingidos e ao ambiente, e afirma que voltará a operar neste segundo semestre.

Já em Altamira, onde fica a hidrelétrica de Belo Monte, milhares de pessoas foram removidas de forma compulsória de suas casas enquanto povos indígenas e ribeirinhos sofrem com as mudanças causadas pela barragem no rio Xingu (segundo reportagem do ISA, desde o início da construção da usina até junho de 2016, mais de 22 toneladas de peixes morreram). A usina deixou como legado graves violações aos direitos humanos e ao meio ambiente. Quanto ao propagado desenvolvimento que a cidade iria receber, este passou longe. Notícia recente mostra que a o município às margens do Xingu vive uma explosão de violência desde que a obra começou, figurando entre as dez cidades com maiores taxas de homicídios do país.

No rio Tapajós, o povo Munduruku luta ao lado de ribeirinhos para impedir que a próxima grande hidrelétrica depois de Belo Monte seja construída, destruindo seu modo de vida. Só na bacia deste rio são mais de 40 barragens planejadas ou já em construção, colocando em risco toda a região, conhecida por sua enorme biodiversidade. Os Munduruku exigem a demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu, diretamente ameaçada pelos planos do complexo hidrelétrico do Tapajós.

Enquanto as pessoas resistem na luta para sobreviver e proteger nossos rios e florestas, no Congresso Nacional, deputados e senadores se apressam para facilitar ainda mais os interesses das empresas que lucram com a construção de hidrelétricas e outras obras que ameaçam a integridade social e ambiental dos rios brasileiros. Por meio do Projeto de Lei (PL) 3729/2004, na Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei (PLS) 654/2015, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB/RR), e da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2012,  os congressistas ameaçam destruir o já frágil sistema de licenciamento ambiental do país em nome de um modelo de desenvolvimento que só amplia as desigualdades sociais e aprofunda a prática de exploração irresponsável de nossas riquezas naturais.

Documentário expõe as consequências de Belo Monte

Para comemorar o Dia Internacional de Luta Contra as Barragens, pelos Rios, pela Água e pela Vida, o documentário “Belo Monte: Depois da Inundação”  foi disponibilizado para download gratuito no site do filme e na sua página de Facebook. 

Narrado pelo ator Marcos Palmeira, o documentário do premiado cineasta Todd Southgate fala sobre as consequências de uma das hidrelétricas mais polêmicas do mundo, mostrando os danos socioambientais de Belo Monte. Também conta a história de luta dos povos indígenas, movimentos sociais e seus aliados para cobrar justiça e a responsabilização pelos crimes cometidos em Belo Monte, e para evitar a repetição dos mesmos erros na bacia do Tapajós, onde o povo Munduruku e comunidades ribeirinhas têm defendido seus territórios e direitos, resistindo a grandes projetos destrutivos como a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Em novembro, o filme foi premiado com o troféu de júri popular no Festival Cineamazônia.  

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