A placa é idêntica a usada pelo governo e ajuda a manter madeireiros, garimpeiros e grileiros fora do território Munduruku
Em 2014, o povo Munduruku realizou a demarcação independente dos limites da Terra Indígena Sawré Muybu. Em junho desse ano, acompanhados de ativistas do Greenpeace e para reafirmar a disposição de continuar lutando pela demarcação, a lideranças indígenas percorreram a área para instalar cerca de 50 placas, semelhantes às usadas pelo governo brasileiro na identificação de terras indígenas. Também foram instalados paineis solares. A sinalização teve como objetivo contribuir com a luta histórica dos Munduruku pela defesa de seu território e a proteção do rio Tapajós.
A Terra Indígenas Sawré Muybu, sagrada para os índios, teve os estudos de identificação reconhecidos pela (Fundação Nacional do Índio) Funai em publicação do Diário Oficial no dia 19 de abril deste ano. Agora cabe ao Ministério da Justiça (MJ) seguir com o processo. No entanto, nem a Funai e nem o MJ deram qualquer explicação quanto ao cumprimento de suas obrigações legais.
Bunny McDiarmid cruzando o rio Tapajós com lideranças Munduruku
Coincidindo com a visita de uma das diretoras-executivas do Greenpeace Internacional, Bunny McDiarmid, à Terra Indígena Sawré Muybu, o movimento de apoio global aos Munduruku e à proteção do rio Tapajós chegou a 1 milhão de pessoas.
“Não existe melhores guardiões para a floresta e para o rio Tapajós do que o povo Munduruku” – Bunny McDiarmid.
Protesto dos Munduruku para o mundo inteiro às margens do rio Tapajós. A frase, um trocadilho em inglês, significa "dane-se a barragem" em português
Em agosto desse ano, o anúncio mais esperado foi finalmente noticiado: o Ibama cancelara o processo de licenciamento ambiental da temida hidrelétrica. Além de alagar a terra indígena Sawré Muybu, o projeto iria impactar dezenas de comunidades ribeirinhas e causaria impactos ambientais irreversíveis. Os Munduruku agiram para que essa notícia fosse transformada em realidade. Ela foi fruto da luta e da resistência dos indígenas e de todos aqueles que buscam uma matriz elétrica diversificada, com energia solar e eólica.
Mas atenção, ainda existem outros 42 projetos de hidrelétricas apenas na bacia do rio Tapajós e mais dezenas por toda a Amazônia.
Demarcation Demand for Munduruku Protest in Brasilia
Protesto Munduruku em Brasília, pedindo por demarcação. © Otávio Almeida/Greenpeace
As Terras Indígenas são essenciais para garantir o modo de vida dos povos originários que as habitam, além de serem hoje a maior barreira contra o desmatamento na Amazônia. Depois da Funai ter publicado os estudos de demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu em abril, o Ministério da Justiça tinha, segundo a lei, até 28 de novembro para apresentar seu parecer – o que não aconteceu. Mas o povo Munduruku não desiste, e foi à Brasília um dia após o prazo vencer para lembrar o governo que seus direitos estão garantidos da Constituição Federal.
Durante a manifestação, os Munduruku toparam fazer o “desafio do manequim” para chamar mais ainda a atenção das pessoas nas redes sociais para a sua luta. Veja o vídeo que já conta com quase um milhão de visualizações:
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