No seu dia, presente para a Mata Atlântica

Notícia - 27 - mai - 2015
Destruição recua e bioma pode ser o primeiro com desmatamento zero do Brasil; nove Estados desmataram menos de um quilômetro quadrado

Praia do Sono, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, é cercada por Mata Atlântica (Creative Commons / Eduardo Gabão)

Hoje é 27 de maio, Dia Mundial da Mata Atlântica, que recebeu em seu aniversário uma boa e importante notícia: a taxa de desmatamento caiu 24% em 2014 e está próxima do desmatamento zero. Foram destruídos 183 km2 frente aos 240 km2 registrados na medição de 2013, segundo o estudo Atlas de Remanescentes Florestais, que a ONG S.O.S. Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) lançam nesta quarta-feira (27).

Foram analisadas as taxas de derrubada de 17 Estados, e 11 apresentaram queda nesse índice. Boa notícia mesmo veio de nove Estados que registraram desmatamento menor do que 100 hectares, o equivalente a 1 km2: São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Goiás, Espírito Santo, Alagoas, Rio de Janeiro, Sergipe e Paraíba.

Segundo Marcia Hirota, diretora-executiva da S.O.S Mata Atlântica, “com tais números, esses Estados caminham para o nível do desmatamento zero no bioma”. Em sua opinião, trata-se de uma oportunidade para outro importante debate: a necessidade de se recuperar as áreas já devastadas.

Restando nada mais que 12,5% de sua área original da Mata Atlântica (1,3 milhão de km2)a conservação e restauração das florestas devem ser  prioridade. “Sem floresta não tem água, e não é à toa que o Sudeste do Brasil esteja passando por uma crise hídrica sem precedentes”, diz Cristiane Mazzetti, da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.

Drama no Cantareira, zona de Mata Atlântica: rio seco, reservatório exaurido e o ponto exato da captação do Volume Morto (canto inferior esquerdo). (© Zé Gabriel/Greenpeace)

O Greenpeace fez recentemente uma expedição pelos principais mananciais do Sudeste, e as impressões foram bem negativas. “Floresta é algo quase inexistente nas bacias que abastecem os reservatórios do sudeste  do País. As florestas protegem os rios e mananciais além de contribuir com a formação de chuvas. Continuar desmatando a Mata Atlântica é um erro”, explica Mazzetti.

Áreas de Mata Atlântica ainda sob ameaça

O monitoramento de desmate abrange toda a vegetação da Mata Atlântica, que é determinada pela Lei de Aplicação da Mata Atlântica. Ela é predominante em todo o litoral do Brasil, de norte a sul, e também em certas regiões no interior dos Estados do Pauí, Bahia, Ceará entre outros. Estas últimas áreas não seguem a tendência do estudo e vêm apresentando números insatisfatórios.

O Piauí foi o Estado campeão de desmatamento do ano de 2014, com 56,3 km2 de mata derrubada, sendo 76% só no município de Eliseu Martins. É o segundo ano consecutivo que o Atlas observa padrão de desmatamento nos municípios do Piauí.

A produção de soja e milho na região é protagonista do desmatamento, e a fronteira agrícola do agronegócio está numa importante zona de transição entre Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga – em especial no oeste da Bahia e sul do Piauí.

“Não somente podemos, como devemos zerar o desmatamento. Isso deve ser uma prioridade para a Mata Atlântica, o bioma brasileiro que mais foi destruído pelo homem, e para todas as florestas nativas do Brasil ”, defende Mazzetti.

O Greenpeace está juntando assinaturas para o Projeto de Lei Popular pelo Desmatamento Zero que tem como objetivo o fim do desmatamento nas florestas nativas do Brasil, incluindo a Mata Atlântica. São necessárias 1,43 milhão de assinaturas para o Projeto ser encaminhado ao Congresso Nacional, e já são mais de 1 milhão de pessoas a favor da causa. 

Participe você também deste movimento, assine pelo Desmatamento Zero.

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