Notícia - 23 - abr - 2010
Comissão Internacional da Baleia anuncia cotas de caça comercial de baleias para Japão, Islândia e Noruega. Apesar da promessa de menos matança, os valores permanecem altos.
Apesar de proibida desde 1986, o Japão mantém a caça de baleias argumentando pesquisa científica.
A tão aguardada proposta final com cotas para a caça comercial de baleia foi divulgada esta quinta-feira, dia 23 de abril, pela Comissão Internacional da Baleia (CIB). O documento traz valores determinados para a caça por Japão, Islândia e Noruega nos próximos dez anos. Apesar da promessa de diminuição gradativa, a meta, que ultrapassa 2600 baleias a serem mortas no período, passa longe da por nós desejada: zero.
A proposta surge na sequência de estudos elaborados por um grupo de trabalho dentro da CIB, composto por representantes de doze países, entre eles o Brasil. Na corda bamba entre esforços conservacionistas e o pesado lobby dos países baleeiros, o grupo propôs em abril a volta da caça comercial, proibida em moratória estipulada em 1986, com a contrapartida do estabelecimento das cotas agora apresentadas. Logo em seguida ao anúncio das intenções da CIB, a Austrália manifestou-se contra qualquer abertura oficial e legitimada para a volta da caça. O resultado da queda-de-braço veio agora, com o anúncio dos valores.
A tabela da matança inclui a caça das espécies Minke, Fin, Bryde e Sei. O Programa de Caça Científica do Japão na Antártica (JARPA), responsável pela mortandade de baleias sob a falsa justificativa de pesquisa acadêmica, ganhou de presente 410 baleias nos próximos cinco anos, número que cai pela metade a partir de 2015. A variação é considerável se olharmos para os últimos dois anos, tempo que o JARPA levou para fincar seus arpões em 985 baleias na região. Os números de caça para o programa japonês no Norte do Pacífico, a Islândia e a Noruega são de 444, 380 e 1200 baleias, respectivamente, pelos próximos dez anos.
“Apesar da redução, nós consideramos a Antártica um local de preservação de baleias, destinado apenas para a paz e a ciência.” diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de Oceanos. “O Greenpeace é contra qualquer cota de caça comercial de baleias no Santuário de Baleias Antártico, criado em 1994 pela própria CIB com o objetivo de proteger as espécies”, diz.
Os valores serão postos em votação em junho, na reunião anual da comissão, que acontecerá na cidade de Agadir, no Marrocos. Se acordados, serão revistos apenas daqui a dez anos, tempo insuficiente para a plena recuperação da população de baleias nos oceanos. “A entrada da baleia-fin neste cardápio é um absurdo, uma vez que é uma espécie classificada oficialmente como ameaçada de extinção”, conclui Leandra.