Cheia do Madeira: o bairro mais afetado

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Notícia - 27 - fev - 2014
Com novo recorde de alta do rio Madeira, Porto Velho decreta estado de calamidade pública. Greenpeace documenta situação de bairro mais afetado

Bairro Triângulo, em Porto Velho, está em baixo d'água devido às cheias recordes do rio Madeira. (©Greenpeace/Lunae Parracho)

Em um novo dia de elevação recorde do nível do rio Madeira, que às 11h15 de hoje atingiu a marca de 18,57 metros, o prefeito de Porto Velho (RO) decretou estado de calamidade pública e o governo do Acre, situação de emergência.

Em seu terceiro dia de documentação sobre a cheia histórica do rio Madeira, o Greenpeace navegou em um dos bairros mais afetados de Porto Velho, o Triângulo.

Algumas famílias atingidas têm se mostrado surpresas com as ondulações (chamadas na região de banzeiros) que estão invadindo as casas. Foi divulgado ontem, dia 26, que a usina hidrelétrica de Santo Antônio foi obrigada a desligar todas as turbinas que estavam em operação – na semana passada, a usina já havia desligado 11 turbinas. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Santo Antônio parou de funcionar totalmente no início da semana.

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O desligamento total das turbinas ajuda a diminuir a vazão e o volume de água do rio, o que deve aliviar um pouco os impactos das ondulações. Antes do desligamento de todas as turbinas, o Greenpeace verificou, em Porto Velho, que a água estava atingindo as margens do rio Madeira com força, potencializando o banzeiro, que causa o desbarrancamento das margens do rio.

A maior parte das construções do Triângulo estão submersas. Ednelson Mendes de Oliveira tentava retirar de sua casa alguns pertences que poderia salvar, enquanto a água barrenta do rio Madeira alcançava as janelas. “A enchente em si é normal, mas foi como ela veio dessa vez que foi diferenciado. Veio com muita velocidade. Essa onda que a gente chama aqui de banzeiro não existia. Enchia mas era suave, dava tempo de tirar as coisas. Dessa vez não deu pra tirar nada, todo mundo largou e foi embora com medo disso tudo”, contou ele. “Até a gente que é daqui mesmo ficou apavorado”, completou.

Oliveira, que é autônomo e mexe com refrigeração, perdeu, além de móveis como camas e armários, todo o seu material de trabalho. A água que está invadindo sua casa está contaminada com lixo e esgoto e pode causar doenças graves como leptospirose, diarreia, hepatite A e cólera: “É preciso ter coragem pra entrar nessa água, a gente sabe o risco que está correndo. Eu, de tanto ajudar os outros, esqueci de mim mesmo”, disse ele, sentado no muro da varanda de sua casa, com a água na cintura.

“O que temos visto em Porto Velho é grave. Além do enorme impacto social que está sendo causado pelas cheias, há também os impactos ambientais, que ainda não podem ser contabilizados”, disse Danicley de Aguiar, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

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