Serra responde. Mal

13 comentários
Notícia - 20 - out - 2010
Campanha do PSDB tenta pintar seu candidato de verde para os ciberativistas e colaboradores do Greenpeace. É puro discurso. Falta compromisso com um futuro diferente.

Os ciberativistas e colaboradores que pediram – enviando petição do Greenpeace – para os presidenciáveis detalharem seus planos para manter as florestas em pé e investir em energia renovável, andam recebendo uma resposta da equipe do candidato José serra (PSDB). Ela inclusive usa o símbolo da campanha “Vote por um Brasil mais verde e limpo”, o que tem levado alguns de seus destinatários a contundi-la com um email oficial do Greenpeace. Mas basta ler o texto para perceber o engano. Nele não há de fato uma proposta concreta para tornar o Brasil mais verde e limpo.

Diz o email que Serra não é tucano apenas por filiação partidária, mas por ser um legítimo ambientalista – ecoando frase do candidato que seu ambientalismo é fruto de sua convicção. Como exemplo dela, cita a lei do clima, aprovada em seu governo, para controlar as emissões de gases que causam o aquecimento global no estado de São Paulo. A lei é importante e inovadora, mas o candidato esquece de mencionar que ela não só ainda não foi posta em prática como deixou de fora – por esquecimento ou propósito, coisa que Serra nunca explicou – o setor de transporte, maior responsável por emissões nas fronteiras  paulistas.

O e-mail convida quem assinou a petição do Greenpeace a conhecer no site da campanha de Serra uma série de outras ações que ele teria tomado, como governador, para proteger a natureza. Seu texto alega serem muitas. Não são. Em sua maioria não passam de uma adaptação de velhas iniciativas, mais voltadas para dar uma mão de tinta verde a um modelo ultrapassado de desenvolvimento do que para apontar um caminho novo, onde a prosperidade do país deixaria de depender da destruição de sua biodiversidade e recursos naturais.

Serra, segundo seu site, teria evitado a emissão de milhões de toneladas de CO2 na atmosfera com projetos de mecanização da cultura da cana no Estado, que dispensariam a queima da palha. Há um mérito em incentivar a mecanização da indústria canavieira. Mas ele ainda se materializa lentamente, pois a queima não foi proibida.

Ou melhor. Ela está meio proibida. Serra baixou resolução para este ano impedindo que se ateasse fogo aos campos de cana no estado entre junho e novembro. Mas só entre 6 da manhã e 10 horas da noite. Na escuridão da madrugada, os céus de São Paulo continuam sendo iluminados pelas chamas das queimadas.

Para a Amazônia, a resposta de Serra aos eleitores traz algumas ações que foram tomadas pelo município e pelo Estado de São Paulo para evitar a entrada de madeira ilegal, principal destino desse recurso. São políticas importantes, que ajudam muito a fechar o mercado para produtos irregulares.

O coração de seu plano para a Amazônia, descrito no site, é constrangedor. Ele fala do imenso potencial hidrelétrico na região – pede, numa mera nota de rodapé, que se preste atenção aos seus impactos sociais e ambientais – e fala de grandes obras para escoar produção na região. Grandes obras, historicamente, sempre implicaram em ondas de devastação. Não há uma proposta como conciliá-las, incluindo aí a agricultura e a pecuária, com a conservação ambiental. Este é o modelo proposto no Desmatamento Zero. 

O mais grave da resposta de Serra não é o que ele diz, mas o que ele não diz. Perde a oportunidade de detalhar um projeto e escolhe apenas apontar para ações isoladas. Os temas ambientais mais pertinentes hoje no Brasil não merecem uma linha. Ele nada fala sobre assumir compromisso com o desmatamento zero e não diz aos nossos ciberativistas e colaboradores como pretende lidar com a ofensiva ruralista contra o Código Florestal se virar presidente. Tampouco diz como pretende ampliar o uso de fontes solar e eólica na geração de eletricidade do país. 

Veja a resposta de Serra, dada em setembro desse ano ao Portal IG, a uma pergunta sobre hidrelétricas de Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace Brasil.

 

Em tempo, ainda que mal, Serra mandou resposta à petição do Greenpeace. Dilma, por enquanto, segue em silêncio.

Vote por um Brasil mais verde e limpo.

13 Comentários Adicionar comentário

verde_ja says:

Importante o post da Sonia Francine. Precisamos conferir ponto a ponto a política ambiental de Serra à frente do Governo do Estado. E suas p...

Enviado 25 - out - 2010 às 20:48 Denunciar abuso Reply

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soniafrancine says:

Já que o Greenpeace mantém a informação errada sobre a Política Estadual de Mudanças Climáticas e, depois de uma ol...

Enviado 24 - out - 2010 às 21:38 Denunciar abuso Reply

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johnpool02 says:

Brasil, mantida por patria, guerras unidas por politicos corruptos comos tais e outros que se passaram. Portanto ond evai parar, mais de 500 anos o br...

Enviado 23 - out - 2010 às 19:23 Denunciar abuso Reply

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bossanove says:

p/ ambas as partes, contem conosco pro que der e vier!

Enviado 22 - out - 2010 às 18:18 Denunciar abuso Reply

cnobrega says:

Onde e quando aconteceu a Audiência Pública relativa ao empreendimento em Alphaville?

Nota da SMA não esclarece...
...

Enviado 22 - out - 2010 às 15:34 Denunciar abuso Reply

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cnobrega says:

Xico Graziano deve muitas explicações.
Antes de mais nada, aos próprios paulistas.

Reparo que até hoje nã...

Enviado 22 - out - 2010 às 15:13 Denunciar abuso Reply

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soniafrancine says:

Bom, já que não houve nem sinal de correção e o texto já foi compartilhado mais cem vezes, aí vai a Seção da Lei de Mudanças Climáticas de S.Paulo que fala de TRANSPORTE (sem falar nos vários artigos e parágrafos em outras seções)

SEÇÃO XII
Do Transporte Sustentável
Artigo 16 - Políticas públicas deverão priorizar o transporte sustentável, no sentido de minimizar as emissões de gases de efeito estufa, atendendo aos seguintes fins e exigências:
I - prioridade para o transporte não motorizado de pessoas e para o transporte coletivo sobre o transporte motorizado individual;
II - adoção de metas para a implantação de rede metroferroviária, corredores de ônibus, ampliação do serviço de transporte aquaviário urbano e ciclovias para trabalho e lazer, com combinação de modais de transporte;
III - adoção de metas para a ampliação da oferta de transporte público, e estímulo ao desenvolvimento, implantação e utilização de meios de transporte menos poluidores;
IV - implantação do bilhete único, visando a modicidade tarifária em todas as regiões metropolitanas e regiões afins do Estado com a finalidade de incentivar a utilização do transporte público;
V - racionalização e redistribuição da demanda pelo espaço viário, melhora da fluidez no tráfego, redução da frequência e intensidade dos congestionamentos;
VI - estímulo a entrepostos de veículos de carga e outras opções de troca de modais que permitam a redistribuição capilar de produtos;
VII - estímulo à implantação de atividades econômicas geradoras de emprego e serviços públicos em áreas periféricas predominantemente residenciais;
VIII - coordenação com a Avaliação Ambiental Estratégica;
IX - controle e redução de emissões de veículos novos e em circulação;
X - renovação da frota em uso;
XI - informação clara e transparente ao consumidor sobre os veículos, no que se refere às emissões atmosféricas de poluentes locais e gases de efeito estufa e ao consumo de combustível;
XII - definição de padrões de desempenho ambiental de veículos, estabelecimento de indicadores e rotulagem ambiental;
XIII - informação ao público em geral sobre tópicos como:
a) poluição do ar e contribuição para o aumento do efeito estufa;
b) impactos sobre a saúde humana e meio ambiente;
c) efeitos socioeconômicos e sobre a infraestrutura;
d) planos de transporte e ações de mobilidade;
XIV - prioridade na fiscalização de emissões de poluentes e inspeção veicular;
XV - cadastro ambiental de veículos, em conexão com a Inspeção Veicular;
XVI - inventário de emissões, parte da Comunicação Estadual;
XVII - medidas de emergência e de restrição à circulação de veículos, para evitar a ocorrência de episódios críticos de poluição atmosférica, respeitados os usos essenciais definidos em lei;
XVIII - controle de emissões evaporativas em veículos, bem como postos de abastecimento, bases, terminais e estações de transferência de combustíveis;
XIX - planejamento e adoção de medidas inibidoras das condutas de trânsito que agravem as condições ambientais;
XX - medidas que levem à distribuição da ocupação de vias e rodovias, como o escalonamento de horários de utilização de vias públicas;
XXI - combate a medidas e situações que, de qualquer forma, estimulem a permanência de veículos obsoletos e o uso de combustíveis mais poluentes, em termos de emissão de gases de efeito estufa;
XXII - cobrança por atividades emissoras de gases de efeito estufa e pelo uso de vias terrestres;
XXIII - condições para privilegiar modais de transporte mais eficientes e com menor emissão por passageiro ou unidade de carga;
XXIV - proteção da cobertura vegetal existente e incremento da arborização pública e de cortinas de vegetação;
XXV - racionalização do sistema de transporte, com medidas estruturais e de planejamento, tais como:
a) desestímulo ao transporte motorizado individual e à demanda de infraestrutura urbana por veículos particulares, por meio, entre outros, da expansão e integração, inclusive tarifária, de outros modais de viagem, tais como o sistema sobre trilhos, o sistema sobre pneus de média capacidade e o sistema aquaviário;
b) modais ambientalmente preferíveis para o transporte de pessoas e bens;
c) corredores urbanos, anéis viários e outras obras de infraestrutura urbana;
d) coordenação de ações em regiões metropolitanas e harmonização de iniciativas municipais;
e) outras estratégias adequadas de mobilidade;
f) melhoria da comunicação nos sistemas viários e de transporte, com foco na otimização do tráfego, aumento da segurança, diminuição dos impactos ambientais e das condutas abusivas ao trânsito;
XXVI - educação ambiental, debates públicos, campanhas de esclarecimento e conscientização;
XXVII - adequação da matriz energética, dentre outros instrumentos, por meio de:
a) melhoria da qualidade dos combustíveis;
b) transição para fontes menos impactantes;
c) conservação de energia;
d) indução ao uso de sistemas eletrificados de transporte coletivo, especialmente em áreas adensadas;
e) carona solidária e outras formas de uso compartilhado de transporte individual;
f) estímulo a veículos individuais de menor porte, mais eficientes e menos emissores de gases de efeito estufa;
g) estabelecimento e acompanhamento de indicadores de desempenho energético e ambiental;
XXVIII - fomento a pesquisas e desenvolvimento na área do transporte sustentável;
XXIX - revisão das políticas energética e fiscal do Estado para a conservação de energia e o aumento da participação das fontes renováveis na matriz.
V - fomentar e articular ações em âmbito municipal, oferecendo assistência técnica em tópicos como transporte sustentável, uso do solo, recuperação florestal, conservação de energia, gerenciamento de resíduos e mitigação de emissões de metano.
VII - elaborar o Plano de Transporte Sustentável em até 1 (um) ano;

Tá bom assim? :oP

Enviado 22 - out - 2010 às 1:38 Denunciar abuso Reply

DR GERDIL says:

O Greenpeace Brasil é Petista ?

Enviado 21 - out - 2010 às 21:54 Denunciar abuso Reply

Xico Graziano says:

Com veemência, repilo as colocações mal feitas e tendenciosamente colocadas nesse artigo sobre a posição de José Serra a...

Enviado 21 - out - 2010 às 18:55 Denunciar abuso Reply

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soniafrancine says:

O texto tem opiniões e ironias das quais eu discordo profundamente: "PSDB tenta pintar candidato de verde", "é só discur...

Enviado 21 - out - 2010 às 17:00 Denunciar abuso Reply

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