Um ano para não esquecer

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Notícia - 22 - dez - 2014
As conquistas e desafios de 2014 mostram que nossa missão e valores seguem firmes para garantir um futuro para o planeta

O ano de 2014 foi repleto de novidades e recheado de muito trabalho para que pudéssemos ver nossas campanhas nas ruas pressionando e cobrando governantes, políticos, empresas e todos aqueles que devem proteger o meio ambiente. Da Floresta Amazônica às ruas de São Paulo, o Greenpeace esteve presente dizendo ao que veio: pediu mais mobilidade urbana, visitou as três maiores montadoras de veículos no país para demandar maior eficiência veicular e documentou a cheia anormal do rio Madeira. Em Brasília, engrossou o coro com os indígenas durante a Mobilização Nacional Indígena e expos a ilegalidade desenfreada da extração de madeira, entre tantas outras atividades.

A organização ainda deixou claro que não quer trabalhar sozinha em sua missão e se empenhou para fortalecer movimentos da sociedade civil, defender o direito da manifestação pacífica - teve o apoio da Matilha Cultural para dar treinamentos de segurança em protestos pacíficos – e esforçou-se para inovar e reinventar sua forma de comunicar com o público.

O Greenpeace, junto com a Agência Pública de jornalismo investigativo, lançou um concurso de microbolsas para reportagens sobre energia, uniu-se ao Estúdio Fluxo durante as eleições para debater a pauta ambiental no programa Sujeito Oculto, repaginou a revista Greenpeace e lançou sua própria minissérie, Linhas, que conta o passado, presente e futuro da energia no país em seis episódios, discutindo os caminhos seguidos pelo Brasil e a opção do governo por grandes obras hidrelétricas na Amazônia.

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Falando em hidrelétrica e energia, o ano foi agitado no setor elétrico brasileiro. Em meio a uma crise que já se arrasta há mais de um ano, testemunhamos o governo continuar no caminho errado e a investir em combustíveis fósseis e sujos. Não apenas seguiu acionando as termelétricas para conseguir compensar o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, e garantir eletricidade para a população brasileira, mas também realizou um leilão de energia no qual foram contratadas termelétricas movidas a carvão e gás. No PDE (Plano Decenal de Energia), cenário anual da Empresa de Pesquisa Energética que prevê os investimentos do setor para os próximos dez anos, a previsão é de que pouco mais de 70% dos R$1 trilhão irão para combustíveis fósseis.

O Greenpeace se posicionou contra tudo isso e apontou – como faz há anos – para as soluções que já existem e que poderiam ser implementadas: energias renováveis. Durante as eleições, pedimos o compromisso dos candidatos à Presidência com a meta de 1 milhão de casas solares até 2018 e, para mostrar o quanto é possível solarizar o Brasil, começamos nos nossos próprios telhados. Os escritórios da organização em Manaus e em São Paulo ganharam painéis solares que geram energia limpa e que diminuem parte das nossas contas de eletricidade. Para a energia solar, a boa notícia foi o primeiro leilão exclusivo para esse tipo de energia, passo importante para consolidar a fonte no mercado do país.

O PDE ainda trouxe um cenário negativo em relação a expansão das hidrelétricas, com mais de 80% destas previstas na Amazônia. Com a ameaça da construção de um complexo de cinco usinas no rio Tapajós, unimos força com os povos indígenas– em especial com os Munduruku - e ribeirinhos da região para barrar as obras e debatemos a necessidade da realização da Consulta Prévia antes do leilão.

Essa não foi a única vez em que os direitos indígenas foram ameaçados em 2014 – e a forma com que o ano termina demonstra que também não será a última – e por isso protestamos contra propostas que colocam em risco unidades de conservação, áreas protegidas e terras indígenas. Ao apagar das luzes de 2014, a PEC215 (Proposta de Emenda Constitucional) que dificulta a demarcação de Terras Indígenas quase foi votada.

O Greenpeace esteve lá e denunciou as tentativas de manobras por parte de deputados que queriam que a votação fosse realizada de qualquer forma. Felizmente, o projeto foi arquivado. Esta foi uma grande vitória para as populações indígenas e quilombolas, que conseguiram garantir os seus direitos, previstos na Constituição Federal, mas também para o meio ambiente, já que a criação de áreas de proteção é comprovadamente uma das maneiras mais eficazes de ajudar a regular o clima.

Estudos publicados este ano mostraram a importância da preservação da floresta e, de olho neste objetivo, o Greenpeace continuou defendendo o Desmatamento Zero. Em junho, atingimos a marca de 1 milhão de assinaturas na iniciativa de projeto de lei popular, ficando cada vez mais próximo de torná-la realidade.

Acompanhamos os principais vetores do desmatamento de perto. Os três maiores frigoríficos do país – JBS, Marfrig e Minerva – realizaram a primeira auditoria independente de seus sistemas de controle. O resultado mostrou que todas as empresas fizeram grandes avanços para a erradicação da produção de carne relacionada ao desmatamento, mostrando que é possível ir além e tornar a produção mais responsável. Depois de meses de intensas negociações, a Moratória da Soja, acordo que visa eliminar o desmatamento da Amazônia da cadeia produtiva de Soja,  foi renovado em novembro e passou a valer até maio de 2016. 

Para fortalecer o combate ao desmatamento da Amazônia, depois de dois anos de pesquisa lançamos a campanha “Chega de Madeira Ilegal” que revelou que o atual sistema de controle não é apenas falho, mas alimenta a degradação florestal e o desmatamento. Frequentemente, em vez de conter o crime, ele é usado para ‘lavar’ madeira produzida de forma predatória e ilegal que, mais tarde, será vendida a consumidores no Brasil e no mundo como se fosse ‘legal’.

Instalamos rastreadores em caminhões para monitorar a rotina de carregamento e transporte de madeira ilegal no Pará e denunciamos madeireiras de extrair toras sem autorização. A partir disso, empresas europeias anunciaram a suspensão da compra de madeira destas empresas.

E os problemas ambientais não se encontram apenas no meio da Amazônia, mas também está presente nas ruas de nossas cidades. Os carros brasileiros poluem em média 40% mais do que os equivalentes europeus e, para pedir motores mais eficientes, o Greenpeace lançou a campanha “O carro que eu quero” para pressionar Volkswagen, General Motors e Fiat a se modernizarem. Todas foram alvos de protestos em frente a suas linhas de produção e o maior evento automobilístico do país, o Salão do Automóvel, foi usado como um momento para a organização passar sua mensagem e cobrar uma resposta daquelas que se furtaram a nos responder.

As montadoras não foram as únicas a serem pressionadas em 2014. Em ano de eleição presidencial, o Greenpeace pediu aos candidatos que assumissem compromissos com o meio ambiente. Para acabar com a ladainha que se repete em toda eleição, a plataforma online Pressione Verde foi ao ar em setembro para ajudar o eleitor a participar da construção política do Brasil. Com vídeos com mensagens fortes e demandas concretas levantadas a partir de pesquisa, o Greenpeace mostrou que o meio ambiente deve ser um dos eixos centrais nas decisões políticas do País.

A Campanha do Ártico teve importantes conquistas que fizeram o mundo inteiro entender as ameaças sob as quais a região se encontra. Em primeiro lugar, e graças ao apoio global de milhões de pais e filhos, conseguimos terminar com a parceria entre a Lego e a Shell. A petrolífera anglo-holandesa usava parceria com a Lego para limpar sua imagem enquanto expandia suas operações de extração de petróleo no Ártico. 

Outra importante conquista foram as mais de 6,5 milhões de assinaturas pela petição Salve o Ártico. Com isso, fomos recebidos na ONU por Ban Ki-moon, Secretário-geral das Nações Unidas, que recebeu das mãos de nosso diretor-executivo, Kumi Naidoo, as assinaturas recolhidas. “O problema não desaparecerá ficando em silêncio”, atestou o secretário.

Apesar dos alertas da ONU e da comunidade científica internacional em relação às mudanças climáticas e a necessidade de ação urgente, a COP20 - a 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas – chegou ao fim em Lima, no Peru, com muitas dúvidas e lacunas que precisam ser preenchidas. O impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento acabou suavizando no texto final critérios de avaliação e a data de entrega das metas nacionais que devem ser apresentadas no ano que vem.

O ano de 2014 chega ao fim com muitas histórias para contar e com a certeza de que no próximo ano estaremos cheios de energia – renováveis, é claro! – para continuar trabalhando por nossa missão e seguindo nossos valores. Sabemos que teremos muitos desafios pela frente, mas também temos a certeza de que estaremos prontos para enfrentá-los.

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