Destruição da Amazônia chega à Alemanha em duas toras de tauari

Notícia - 13 - abr - 2008
Exposição itinerante denuncia a triste realidade que ainda domina a maior floresta tropical do mundo: o desmatamento.

A tora de tauari recolhida na Amazônia foi trabalhada pelo artista Siron Franco para expor ao público a destruição da floresta.

Duas grandes toras de tauari, espécie nativa da Amazônia, foram colocadas nesta segunda-feira em frente à Embaixada brasileira em Berlim, na Alemanha. As toras, partes de uma árvore centenária derrubada e queimada ilegalmente no sul do Amazonas, foram levadas pelo Greenpeace à Europa para mostrar o drama do desmatamento que ainda ameaça a maior floresta tropical do mundo.

Nove monitores de vídeo, instalados no interior dos troncos da árvore, exibiram imagens da floresta, sua biodiversidade e o horror da destruição, num trabalho realizado pelo artista plástico brasileiro Siron Franco, a pedido da organização ambientalista.

Ativistas abriram faixas com mensagens em alemão, português e inglês, alertando para a importância de acabar com o desmatamento na Amazônia e, assim, combater o aquecimento global. 

O embaixador brasileiro em Berlim, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, recebeu uma cópia do relatório "O Leão Acordou", do Greenpeace, mostrando que o governo brasileiro cumpriu apenas 30% das metas previstas no plano federal de combate ao desmatamento na Amazônia nos últimos quatro anos.

"O Brasil precisa e pode fazer mais do que está fazendo para proteger a Amazônia e o clima do planeta. A proteção ambiental tem que subir na lista de prioridades do governo brasileiro", disse André Muggiati, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, que está na Alemanha. Segundo Muggiati, o Brasil deve adotar metas anuais de redução para zerar o desmatamento na Amazônia até 2015 e aumentar urgentemente a governança na floresta, destinando recursos adequados ao fortalecimento das instituições públicas encarregadas de monitoramento e controle.

"Além disso, o governo Lula deve parar de adotar ações contraditórias, como a recente medida provisória que autoriza a legalização de áreas públicas invadidas na Amazônia, e barrar o projeto "Floresta Zero", em discussão no Congresso, que modifica o Código Florestal e fragiliza a legislação que protege nossas florestas."

De Berlim, a instalação de Siron Franco deverá ser apresentado em diversas cidades alemãs, a caminho de Bonn, onde será uma das atrações do Greenpeace na 9a. conferencia da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que acontece em maio. A exposição da árvore pretende sensibilizar os participantes da CBD, em particular o Brasil e a Alemanha, para a necessidade de adoção urgente de medidas concretas para a preservação da biodiversidade e do clima, tais como a criação de um fundo global para financiar a proteção das florestas, a implementação de uma rede mundial de áreas protegidas e a  de estratégias globais para zerar o desmatamento até 2015. O desmatamento, principalmente das florestas tropicais como a Amazônia, é responsável pela emissão de 20% dos gases que provocam o aquecimento global.

 "Além disso, os países desenvolvidos devem proibir a entrada de madeira ilegal na Europa e contribuir com projetos que valorizem a floresta em pé", afirmou Corinna Hoelzel, do Greenpeace.

As toras chegaram à Europa depois de percorrer mais de 16 mil quilômetros no Brasil. No ano passado, foram exibidas no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, emocionando milhares de brasileiros que participaram de um abaixo-assinado pedindo ao presidente Lula o fim do desmatamento na Amazônia. Depois da expedição do Greenpeace, os troncos da árvore foram cedidos ao artista Siron Franco, para sua transformação em obra de arte.

Assim como o tauari, a CBD também está indo do Brasil para a Alemanha. A última reunião da convenção aconteceu em Curitiba, em 2006. Agora, o Brasil transfere a presidência da CBD para a Alemanha.

"Como anfitrião da Convenção, o governo alemão deve liderar não apenas as negociações, mas também dar o exemplo, destinando dois bilhões de euros para a proteção das florestas tropicais", completou Hoelzel.

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