A tora de tauari recolhida na Amazônia foi trabalhada pelo artista Siron Franco para expor ao público a destruição da floresta.
Duas grandes toras de tauari, espécie nativa da Amazônia, foram
colocadas nesta segunda-feira em frente à Embaixada brasileira em
Berlim, na Alemanha. As toras, partes de uma árvore centenária derrubada e
queimada ilegalmente no sul do Amazonas, foram levadas pelo
Greenpeace à Europa para mostrar o drama do desmatamento que ainda
ameaça a maior floresta tropical do mundo.
Nove monitores de vídeo, instalados no interior dos troncos da
árvore, exibiram imagens da floresta, sua biodiversidade e o horror
da destruição, num trabalho realizado pelo artista plástico
brasileiro Siron Franco, a pedido da organização ambientalista.
Ativistas abriram faixas com mensagens em alemão, português e
inglês, alertando para a importância de acabar com o desmatamento
na Amazônia e, assim, combater o aquecimento global.
O embaixador brasileiro em Berlim, Luiz Felipe de Seixas Corrêa,
recebeu uma cópia do relatório "O Leão Acordou", do Greenpeace,
mostrando que o governo brasileiro cumpriu apenas 30% das metas previstas no
plano federal de combate ao desmatamento na Amazônia nos últimos
quatro anos.
"O Brasil precisa e pode fazer mais do que está fazendo para
proteger a Amazônia e o clima do planeta. A proteção ambiental tem
que subir na lista de prioridades do governo brasileiro", disse
André Muggiati, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, que
está na Alemanha. Segundo Muggiati, o Brasil deve adotar metas
anuais de redução para zerar o desmatamento na Amazônia até 2015 e
aumentar urgentemente a governança na floresta, destinando recursos
adequados ao fortalecimento das instituições públicas encarregadas
de monitoramento e controle.
"Além disso, o governo Lula deve parar de adotar ações
contraditórias, como a recente medida provisória que autoriza a
legalização de áreas públicas invadidas na Amazônia, e barrar o
projeto "Floresta Zero", em discussão no
Congresso, que modifica o Código Florestal e fragiliza a
legislação que protege nossas florestas."
De Berlim, a instalação de Siron Franco deverá ser apresentado
em diversas cidades alemãs, a caminho de Bonn, onde será uma das
atrações do Greenpeace na 9a. conferencia da Convenção da
Diversidade Biológica (CDB), que acontece em maio. A exposição da
árvore pretende sensibilizar os participantes da CBD, em particular
o Brasil e a Alemanha, para a necessidade de adoção urgente de
medidas concretas para a preservação da biodiversidade e do clima,
tais como a criação de um fundo global para financiar a proteção
das florestas, a implementação de uma rede mundial de áreas
protegidas e a de estratégias globais para zerar o desmatamento até
2015. O desmatamento, principalmente das florestas
tropicais como a Amazônia, é responsável pela emissão de 20% dos
gases que provocam o aquecimento global.
"Além disso, os países desenvolvidos devem proibir a entrada de
madeira ilegal na Europa e contribuir com projetos que valorizem a
floresta em pé", afirmou Corinna Hoelzel, do Greenpeace.
As toras chegaram à Europa depois de percorrer mais de 16 mil
quilômetros no Brasil. No ano passado, foram exibidas no Rio de
Janeiro, São Paulo e Brasília, emocionando milhares de brasileiros
que participaram de um abaixo-assinado pedindo ao presidente Lula o
fim do desmatamento na Amazônia. Depois da expedição do Greenpeace,
os troncos da árvore foram cedidos ao artista Siron Franco, para
sua transformação em obra de arte.
Assim como o tauari, a CBD também está indo do Brasil para a
Alemanha. A última reunião da convenção aconteceu em Curitiba, em
2006. Agora, o Brasil transfere a presidência da CBD para a
Alemanha.
"Como anfitrião da Convenção, o governo alemão deve liderar não
apenas as negociações, mas também dar o exemplo, destinando dois
bilhões de euros para a proteção das florestas tropicais",
completou Hoelzel.
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