Globo inflável foi entregue na França, para cobrar o compromisso com o meio ambiente e o combate às mudanças climáticas.
Paris (França), 7 de julho de 2009 - O Greenpeace fez um
protesto hoje (7/7) na França para cobrar do presidente Lula
responsabilidade com a proteção da Amazônia e com o combate ao
aquecimento global. A urgência de medidas contra as mudanças
climáticas foi simbolizada por um globo inflável que os ativistas
entregaram ao presidente durante cerimônia na sede da UNESCO
(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura),
onde Lula recebeu o prêmio Paz Félix Houphouët-Boigny. Na faixa
estendida pelos ativistas estava escrito: Salve o Planeta, Salve a
Amazônia.
Quase simultaneamente, outros ativistas do Greenpeace faziam
outro protesto. Paris foi cenário de outra manifestação. Dessa vez,
o alvo foi o presidente francês Sarkosy. Uma calota de gelo
inflável de 16 metros, simbolizando as geleiras que estão
derretendo com o aquecimento global, foi colocada no Rio Sena. Nas
faixas, o Greenpeace pede para Sarkozy liderar as discussões
climáticas na reunião que do G-8 (sete países mais ricos do mundo,
mais a Rússia), em L'Aquila (Itália) que tem início amanhã. Os
países mais ricos são os campeões de emissão. Os líderes desses
países podem esperar mais manifestações durante a reunião na
Itália.
Veja galeria de fotos
A vergonha do Brasil
O desmatamento da Amazônia coloca o Brasil na vergonhosa posição
de quarto maior emissor mundial de gases do efeito estufa. "Existe
uma enorme distância entre o discurso internacional do presidente e
o que o governo brasileiro está realmente fazendo para proteger a
floresta", disse João Talocchi, coordenador da campanha de clima.
"Está na hora do Presidente Lula provar que seu discurso é real e
que a proteção da Amazônia é uma prioridade para o governo
brasileiro". (Leia no nosso blog o relato do coordenador da
campanha do clima sobre a ação).
Para impedir um aquecimento maior que 2º na temperatura média da
Terra, o que provocaria desastres ambientais irreversíveis, o
presidente Lula, e os chefes de estado, precisam assumir
pessoalmente a responsabilidades pelo acordo climático que será
fechado em Copenhague no final deste ano para dar continuidade ao
protocolo de Kyoto, que expira em 2012. "O presidente Lula pode
colocar o Brasil na liderança das soluções para crise do clima, se
comprometendo com o desmatamento zero em 2015 e com a valorização
da floresta em pé", disse Talocchi.
Em dezembro de 2008, por exemplo, durante a última reunião da
convenção do clima na Polônia, o Brasil assumiu uma meta nacional
de redução do desmatamento. No entanto, recentemente o presidente
Lula sancionou a Medida Provisória (MP) 458 que vai incentivar a
grilagem de terras públicas na Amazônia, incentivando a destruição
da maior floresta tropical do mundo. Agora, o deputado Sandro Mabel
(PR) tenta aproveitar a MP 462 - a última antes da regra que proíbe
embutir nas medidas provisórias assuntos que não têm nada a ver com
seu objeto principal - para aprovar emenda que dispensa de
licenciamento as obras da BR 319, que liga Manaus a Porto Velho. O
tema da MP 462 é auxílio financeiro aos municípios.
Incoerência -
A próxima ofensiva contra a Amazônia será a discussão do código
florestal, que deve para acontecer até o final deste ano. A
proposta defendida pela senadora Kátia Abreu e pelo Ministro da
Agricultura, Reinhold Stephanes, pretende enfraquecer a legislação
ambiental, absolvendo o Governo Federal da responsabilidade de
proteger a Amazônia e transferindo para os Estados essa tarefa, o
que permitirá intervenções que atendam exclusivamente aos
interesses locais. "Ao mesmo tempo em que recolhe dinheiro
internacional para proteger a floresta, o governo brasileiro
incentiva e financia atividades que destroem a Amazônia", alertou
Talocchi.
Uma das principais frentes de atuação internacional do governo
brasileiro tem sido a arrecadação de recursos para o Fundo
Amazônia, que tem como objetivo proteger a floresta por meio de
incentivos financeiros. No entanto, o BNDES, banco público que
gerencia os recursos do Fundo, foi recentemente denunciado pelo
Greenpeace, no relatório a Farra do Boi, como cúmplice do
desmatamento da Amazônia, por financiar a expansão da pecuária e
ser sócio de frigoríficos que atuam na região. A pecuária hoje é a
principal causa da destruição da Amazônia. De acordo com dados do
governo, o setor é responsável por cerca de 80% de todo o
desmatamento da região amazônica.
Da França, Lula segue para Itália para participar do encontro do
G-8 com o G-5 (grupo formado por Brasil, México, Índia, África do
Sul e China).