Ativistas escalam Elevador Lacerda e penduram faixa de 40 metros

Notícia - 5 - mar - 2009
Alerta sobre as mudanças climáticas marca passagem do navio da organização por Salvador.

Para alertar as pessoas sobre os efeitos do aquecimento global no nível dos oceanos, ativistas do Greenpeace colocaram uma régua gigante, de 40 metros, no Elevador Lacerda, em Salvador. Foi a primeira atividade da expedição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora na capital baiana.

Um grupo de ativistas do Greenpeace escalou nesta sexta-feira (6/3) o Elevador Lacerda, um dos mais conhecidos cartões postais de Salvador (BA), para pendurar uma faixa de 40 metros de comprimento. O 'banner' simulava uma régua gigante em referência ao aumento do nível do mar, um dos efeitos do aquecimento global provocado pelas mudanças climáticas que ameaça a capital baiana. A mensagem "É agora ou agora" é um alerta sobre urgência de medidas para salvar o clima do planeta.

O protesto é a primeira atividade da programação do navio Arctic Sunrise na capital baiana. A embarcação do Greenpeace realiza desde janeiro a expedição "Salvar o Planeta. É agora ou agora", que faz parte do esforço global da organização de alertar populações de todo o mundo para os problemas causados pelo aquecimento global.

Já foi comprovado cientificamente que a atividade humana atual é a causa de um violento e inédito aquecimento global e que há cada vez menos tempo para combater as mudanças climáticas.  Estudos já demonstraram que para evitar os impactos do aquecimento global, as emissões de gases do efeito estufa têm que ser estabilizadas até 2015. E o mundo tem até 2050 para construir uma economia de carbono zero.

"O Estado da Bahia é extremamente vulnerável ao aquecimento global. As cidades da costa estão ameaçadas pela elevação do nível do mar, enquanto o sertão baiano corre o risco de ser ainda mais castigado pela falta de chuvas e pelo avanço da desertificação", diz Gabriela Vuolo, uma das coordenadoras da expedição do navio no Brasil.

A Bahia tem um papel fundamental na discussão climática, porque, além de sofrer os impactos do aquecimento global, pode contribuir diretamente para a redução das emissões de gases do efeito estufa, por meio das energias renováveis. O Atlas Eólico Nacional, documento elaborado pelo governo federal, afirma que o potencial de geração de energia eólica do Nordeste chega a 75 gigawatts (GW). Desse total, de acordo com estudos do professor Osvaldo Soliano, da Universidade Salvador (Unifacs), 17,5 GW poderiam ser gerados na Bahia, o equivalente a produção de Itaipu mais o que geraria uma usina do Rio Madeira.

"Ao invés de aproveitar o potencial das renováveis, cogita-se instalar usinas nucleares no Nordeste", aponta Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia do Greenpeace. A Bahia já sofre os impactos do programa nuclear brasileiro, conforme revelou denúncia feita pelo Greenpeace em 2008 sobre a contaminação da água por urânio no município de Caetité. Na ocasião, a organização também expôs os riscos do transporte de material radioativo pela cidade de Salvador.

"A sociedade baiana precisa agir para que as energias renováveis substituam a energia nuclear, que expõe os baianos, especialmente os moradores de Caetité, aos riscos da contaminação radioativa", continua Rebeca.

"Por isso vamos realizar um ato público contra energia nuclear na Bahia na próxima terça-feira, dia 10, aproveitando a passagem do navio Arctic Sunrise por Salvador. Todos os cidadãos estão convidados."

Programação -  O Arctic Sunrise vai abrir suas portas para a visitação pública gratuita neste final de semana (dias 7 e 8 de março). O público que visitar a embarcação será convidado a assinar uma petição endereçada ao presidente Lula pedindo que o Brasil assuma uma posição de liderança  na 15º Conferência das Partes, que em dezembro reunirá mais de 200 nações em Copenhagen (Dinamarca) para definir o acordo que sucederá o Protocolo de Kyoto em 2012.

"Nesta reunião, o Brasil deve pressionar os países ricos a cortarem suas emissões em 40% a partir de 2009 e a disponibilizarem dinheiro para os fundos de financiamento às medidas de combate ao aquecimento, iniciativas de transferência de tecnologia e apoio às vítimas das mudanças climáticas", diz Gabriela Vuolo.

"Já para os países em desenvolvimento, o Brasil deveria dar o exemplo, zerando o desmatamento da Amazônia até 2015; aumentando a participação de energia renováveis na sua matriz energética dos atuais 2% para 20% até 2020 e protegendo os oceanos, que são um importante sumidouro de gás carbônico", completa.

Na segunda-feira (9/3), o barco vai sediar o seminário "Renováveis: Potencial, Limitações e Relevância no Atual Cenário de Mudanças Climáticas", organizado em conjunto com o Fórum Baiano de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade. Na terça-feira (10/3), o Greenpeace e organizações parceiras realizarão uma marcha contra a energia nuclear e na quarta-feira (11/3), um protesto em defesa dos oceanos.

Antes de chegar a Salvador, na última quarta-feira (4/3) a Salvador, o Arctic Sunrise passou por Manaus, Belém, Fortaleza e Recife. No dia 12, o navio segue para Rio de Janeiro e depois, para Santos.

Programação Arctic Sunrise em Salvador:

Dias 7 e 8 (sábado e domingo)

Das 9 às 17 horas - visitação pública

Dia 9 (segunda-feira)

Das 13h30 às 18 horas - Seminário Renováveis: Potencial, Limitações e Relevância no Atual Cenário de Mudanças Climáticas (somente convidados).

Dia 10 (terça-feira)

14 horas - Marcha contra energia nuclear (concentração em frente ao Mercado Modelo)

Dia 11 (quarta-feira)

14 horas - Manifesto pela proteção de Abrolhos.

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