A ministra do Meio Ambiente e o chefe da Divisão de Meio
Ambiente do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo, anunciaram hoje à
tarde que o governo brasileiro continuará apoiando a proibição de
pesquisas e comercialização de tecnologias Terminators. O anúncio
foi feito no segundo dia da COP 8, maior fórum global sobre
biodiversidade, que acontece até 31 de março em Curitiba.
Essa proibição, que foi adotada durante a realização da COP 5,
em 2000, vinha sendo contestada pelas indústrias de biotecnologia,
que durante a reunião preparatória para a COP 8, realizada em
Granada, em fevereiro último, conseguiram incluir uma recomendação
para a revisão da proibição de pesquisas com esse tipo de
tecnologia.
Os movimentos sociais e ONGs presentes aqui em Curitiba, como a
Via Campesina, Greenpeace e Terra de Direitos, vinham mantendo
entendimentos desde ontem com o governo brasileiro para que essa
recomendação da reunião de Granada não fosse aceita.
Para o Greenpeace, essa tecnologia é totalmente nociva à
soberania alimentar do Brasil e ao patrimônio genético,
transferindo o controle da alimentação dos nossos filhos para as
mãos das grandes indústrias de biotecnologia, que conseguem com
seus tentáculos se inserirem na estrutura dos países em
desenvolvimento para defender os seus interesses.
As tecnologias Terminator, palavra em inglês que significa
exterminador, se refere a modificações genéticas feitas nas plantas
para que elas só passem a produzir sementes estéreis, que não
permitirão aos agricultores produzir suas próprias sementes a
partir de sua colheita, como é prática milenar, perpetuando a
dependência dos agricultores em relação aos produtores de
sementes.
"Os 'Terminators' são uma arma de destruição em massa que estará
nas mãos das grandes empresas de biotecnologia para destruir a
soberania alimentar do povo brasileiro. Precisamos estabelecer um
limite para que os interesses das indústrias não se sobreponha a
tudo e a todos", afirmou Sérgio Leitão, diretor de Políticas
Públicas do Greenpeace.