Com a aprovação do milho da Syngenta, o Brasil agora tem três variedades transgênicas autorizadas para plantio e comercialização - as outras duas são da Monsanto e da Bayer.
O que estava ruim ficou ainda pior. Depois de autorizar em fevereiro duas variedades de
milho transgênico - uma da Bayer e outra da Monsanto -, o Conselho
Nacional de Biossegurança (CNBS) aprovou mais um nesta
quarta-feira, desta vez da Syngenta. Oito ministros do Conselho
votaram a favor da comercialização do produto - inclusive José
Gomes Temporão, da Saúde, contrariando parecer técnico de um órgão
de sua pasta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
A Anvisa e o Ibama entraram com recursos contra a liberação
comercialpela CTNBio dos milhos da Bayer e da Monsanto porque as
empresas nãoapresentaram estudos que comprovassem a segurança dos
produtos para omeio ambiente e para a saúde humana.
Em fevereiro, Temporão votara contra a liberação dos milhos da
Bayer e da Monsanto (este último é proibido na Europa) e disse que eles só teriam o registro
necessário para a comercialização no país se comprovassem
sua segurança - o que nenhuma das empresas fez até agora. Mas
quatro meses depois, mudou de opinião, numa clara evidência de que
seu voto a favor do milho transgênico da Syngenta foi político, não
técnico.
Veja aqui a lista de documentos que
enviamos aos ministros do CNBS e aos cientistas da CTNBio com
questionamentos sobre a segurança dos milhos transgênicos à saúde
humana e ao meio ambiente. Infelizmente, os documentos foram
ignorados.
A aprovação do milho da Syngenta contou com 8 votos favoráveis
no CNBS e três contrários - Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário
e Aqüicultura e Pesca.
Segundo a advogada Maria Rita Reis, da Terra de Direitos, a
votação poderá questionada judicialmente. Ela criticou a mudança de
opinião do ministro Temporão.
"É óbvio que o voto dele teve razões políticas. Não há razão
para umministro, alguém ligado à saúde, ser radicalmente contrário
à liberaçãoe, quatro meses depois, mudar de opinião", afirmou em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
MAIS 12 PEDIDOS
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) está
reunida nesta quinta-feira em Brasília para analisar 12 pedidos
para a liberação comercial de variedades transgênicas de milho,
algodão, arroz e soja, várias delas modificadas para se tornarem
'inseticidas'.
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