Brasil transgênico: ministros liberam venda de milho da Syngenta

Notícia - 18 - jun - 2008
Variedade foi autorizada mesmo sem atender aos questionamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Com a aprovação do milho da Syngenta, o Brasil agora tem três variedades transgênicas autorizadas para plantio e comercialização - as outras duas são da Monsanto e da Bayer.

O que estava ruim ficou ainda pior. Depois de autorizar em fevereiro duas variedades de milho transgênico - uma da Bayer e outra da Monsanto -, o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) aprovou mais um nesta quarta-feira, desta vez da Syngenta. Oito ministros do Conselho votaram a favor da comercialização do produto - inclusive José Gomes Temporão, da Saúde, contrariando parecer técnico de um órgão de sua pasta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Anvisa e o Ibama entraram com recursos contra a liberação comercialpela CTNBio dos milhos da Bayer e da Monsanto porque as empresas nãoapresentaram estudos que comprovassem a segurança dos produtos para omeio ambiente e para a saúde humana.

Em fevereiro, Temporão votara contra a liberação dos milhos da Bayer e da Monsanto (este último é proibido na Europa) e disse que eles só teriam o registro necessário para a comercialização no país se comprovassem sua segurança - o que nenhuma das empresas fez até agora. Mas quatro meses depois, mudou de opinião, numa clara evidência de que seu voto a favor do milho transgênico da Syngenta foi político, não técnico.

Veja aqui a lista de documentos que enviamos aos ministros do CNBS e aos cientistas da CTNBio com questionamentos sobre a segurança dos milhos transgênicos à saúde humana e ao meio ambiente. Infelizmente, os documentos foram ignorados.

A aprovação do milho da Syngenta contou com 8 votos favoráveis no CNBS e três contrários - Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Aqüicultura e Pesca.

Segundo a advogada Maria Rita Reis, da Terra de Direitos, a votação poderá questionada judicialmente. Ela criticou a mudança de opinião do ministro Temporão.

"É óbvio que o voto dele teve razões políticas. Não há razão para umministro, alguém ligado à saúde, ser radicalmente contrário à liberaçãoe, quatro meses depois, mudar de opinião", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

MAIS 12 PEDIDOS

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) está reunida nesta quinta-feira em Brasília para analisar 12 pedidos para a liberação comercial de variedades transgênicas de milho, algodão, arroz e soja, várias delas modificadas para se tornarem 'inseticidas'.

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