Um time de 40 ativistas do Greenpeace invadiram, hoje, o navio
de bandeira norueguesa MV Star Harmonia , quando a embarcação
entrava no Porto de Livorno, Itália. O navio transportava centenas
de toneladas de pasta de celulose das companhias Norske Skog e
Canfor as duas maiores consumidoras de madeira da Interfor
(International Forest Products), que promove derrubadas na Floresta
Great Bear, no estado canadense de Columbia Britânica. Quatro
nadadores se colocaram em frente ao navio para evitar que a
embarcação atracasse, enquanto outros abriam uma faixa com a
mensagem: NÃO COMPRE A DESTRUIÇÃO DAS FLORESTAS PRIMÁRIAS. Outros
ativistas se acorrentaram às bóias salva-vidas.
"A Itália é o quarto maior importador de pasta de celulose
extraída de Columbia Britânica, movimentando US$ 191 milhões por
ano", disse Ruy de Góes, da campanha da Amazônia do Greenpeace
Brasil. "Esta polpa de madeira é destinada às industrias da Itália
para a produção de lenços e papel higiênico. Nós estamos jogando
este pedaço de floresta pela descarga literalmente. O Greenpeace
demanda da indústria italiana que pare de destruir as florestas
primárias", completou.
Noventa por cento das operações da Interfor incluem a derrubada
em larga escala de árvores de florestas primárias do Canadá, como a
de Great Bear. Em maio do ano passado, a empresa, junto com a
madeireira West Fraser, abandonou as negociações para a demarcação
de terras a fim de proteger a Floresta de Great Bear, além de
quebrar a moratória para a derrubada de árvores em áreas intactas.
(1)
A Floresta Great Bear é habitat natural de muitas espécies
ameaçadas como lobos e ursos cinzas e uma variação rara do urso
preto.
Graças às licenças vendidas há décadas por apenas alguns
dólares, um pequeno número de madeireiras está destruindo uma das
maiores áreas de floresta temperada remanescente no mundo, e seu
ecossistema. O Greenpeace revelou que cerca de 93% da madeira
fornecida na região é obtida através da derrubada industrial, que é
rápida, barata e não requer muita mão-de-obra . Em muitas florestas
temperadas, por sua fragilidade, este quadro ultrapassa os 97%.
Este processo destrói todo o ecossistema de imensas áreas, muitas
vezes maiores do que 100 hectares de terra.
1. No ano passado, um grupo de companhias florestais de Columbia
Britânica, conhecido como Iniciativa para a Conservação de
Florestas da Costa (CFCI, em inglês), iniciou as discussões com o
Greenpeace e outras organizações ambientalistas, sobre o impacto
ambiental para o estado canadense. Neste período, começaram as
negociações para o futuro das práticas florestais.
2. Em um anúncio histórico feito na semana passada, o governo
japonês afirmou que vai barrar a importação de madeira ilegal. O
Ministro da Agricultura, Floresta e Pesca, Sr. Matsuoka, anunciou,
em conferência de imprensa, no dia 13 de fevereiro, que "como
consumidor, o Japão não deve colaborar com a destruição do meio
ambiente".
Em julho de 2000, depois de uma intensa campanha do Greenpeace
envolvendo 26 ações em todo o mundo, os líderes do G8 (grupo dos
sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), reunidos em
Okinawa, Japão, concordaram em examinar a melhor maneira de
combater a madeira ilegal, incluindo práticas de exportação e
importação.
Em 1996, os países que hoje formam o G8, junto com o restante da
União Européia, foram responsáveis por 74% da importação mundial de
madeira e produtos derivados quase 280 milhões dos 376 milhões de
metros cúbicos de produtos de madeira importados globalmente
naquele ano. Os números mostram, claramente, que estes poderosos
países importadores têm importância significativa em termos de
demanda por madeira em todo o planeta. O Japão desempenha um papel
importante no comércio mundial de madeira. O país importou 73
milhões de metros cúbicos de produtos de madeira em 1998, sendo que
grande parte veio das florestas costeiras de Columbia Britânica. A
decisão do governo japonês pode ter impacto significativo para
combater a retirada ilegal de madeira.