Greenpeace invade navio com madeira retirada das florestas primárias do Canadá

Notícia - 15 - fev - 2001

Um time de 40 ativistas do Greenpeace invadiram, hoje, o navio de bandeira norueguesa MV Star Harmonia , quando a embarcação entrava no Porto de Livorno, Itália. O navio transportava centenas de toneladas de pasta de celulose das companhias Norske Skog e Canfor as duas maiores consumidoras de madeira da Interfor (International Forest Products), que promove derrubadas na Floresta Great Bear, no estado canadense de Columbia Britânica. Quatro nadadores se colocaram em frente ao navio para evitar que a embarcação atracasse, enquanto outros abriam uma faixa com a mensagem: NÃO COMPRE A DESTRUIÇÃO DAS FLORESTAS PRIMÁRIAS. Outros ativistas se acorrentaram às bóias salva-vidas.

"A Itália é o quarto maior importador de pasta de celulose extraída de Columbia Britânica, movimentando US$ 191 milhões por ano", disse Ruy de Góes, da campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil. "Esta polpa de madeira é destinada às industrias da Itália para a produção de lenços e papel higiênico. Nós estamos jogando este pedaço de floresta pela descarga literalmente. O Greenpeace demanda da indústria italiana que pare de destruir as florestas primárias", completou.

Noventa por cento das operações da Interfor incluem a derrubada em larga escala de árvores de florestas primárias do Canadá, como a de Great Bear. Em maio do ano passado, a empresa, junto com a madeireira West Fraser, abandonou as negociações para a demarcação de terras a fim de proteger a Floresta de Great Bear, além de quebrar a moratória para a derrubada de árvores em áreas intactas. (1)

A Floresta Great Bear é habitat natural de muitas espécies ameaçadas como lobos e ursos cinzas e uma variação rara do urso preto.

Graças às licenças vendidas há décadas por apenas alguns dólares, um pequeno número de madeireiras está destruindo uma das maiores áreas de floresta temperada remanescente no mundo, e seu ecossistema. O Greenpeace revelou que cerca de 93% da madeira fornecida na região é obtida através da derrubada industrial, que é rápida, barata e não requer muita mão-de-obra . Em muitas florestas temperadas, por sua fragilidade, este quadro ultrapassa os 97%. Este processo destrói todo o ecossistema de imensas áreas, muitas vezes maiores do que 100 hectares de terra.

1. No ano passado, um grupo de companhias florestais de Columbia Britânica, conhecido como Iniciativa para a Conservação de Florestas da Costa (CFCI, em inglês), iniciou as discussões com o Greenpeace e outras organizações ambientalistas, sobre o impacto ambiental para o estado canadense. Neste período, começaram as negociações para o futuro das práticas florestais.

2. Em um anúncio histórico feito na semana passada, o governo japonês afirmou que vai barrar a importação de madeira ilegal. O Ministro da Agricultura, Floresta e Pesca, Sr. Matsuoka, anunciou, em conferência de imprensa, no dia 13 de fevereiro, que "como consumidor, o Japão não deve colaborar com a destruição do meio ambiente".

Em julho de 2000, depois de uma intensa campanha do Greenpeace envolvendo 26 ações em todo o mundo, os líderes do G8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), reunidos em Okinawa, Japão, concordaram em examinar a melhor maneira de combater a madeira ilegal, incluindo práticas de exportação e importação.

Em 1996, os países que hoje formam o G8, junto com o restante da União Européia, foram responsáveis por 74% da importação mundial de madeira e produtos derivados quase 280 milhões dos 376 milhões de metros cúbicos de produtos de madeira importados globalmente naquele ano. Os números mostram, claramente, que estes poderosos países importadores têm importância significativa em termos de demanda por madeira em todo o planeta. O Japão desempenha um papel importante no comércio mundial de madeira. O país importou 73 milhões de metros cúbicos de produtos de madeira em 1998, sendo que grande parte veio das florestas costeiras de Columbia Britânica. A decisão do governo japonês pode ter impacto significativo para combater a retirada ilegal de madeira.

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