Indústria de biotecnologia continua impune por contaminação transgênica

Notícia - 27 - fev - 2008
Relatório Registro de Contaminação Transgênica 2007 do Greenpeace traz 39 novos casos em 23 países, evidenciando a falta de regras de responsabilização de empresas e governos.

An international report on GE crop contamination has shown multinational companies such as Bayer and Monsanto are turning a blind eye to cases of GE contamination on a global scale, and British Columbians are paying the price with their health.

Empresas de biotecnologia agem impunemente enquanto que os casos de contaminação transgênica continuam em escala global, revela um novo estudo lançado nesta quinta-feira pelo Greenpeace Internacional e o grupo GeneWatch UK.

O relatório Registros de Contaminação Transgênica 2007 detalha 39 novos casos de contaminação de plantações ocorridos em 23 países no ano passado. A maior parte deles envolve cultivos de arroz e milho, mas também inclui soja, algodão, canola, mamão papaia e peixes. O Registro de Contaminação Transgênica existe desde 2005 e já identificou 216 eventos de contaminação em 57 países ocorridos desde 1996, quando as plantações transgênicas foram iniciadas comercialmente.

"As contaminações documentadas pelo relatório são apenas a ponta do iceberg. Os poluidores genéticos devem pagar pelo que fizeram. Se uma empresa contamina nossa comida e nosso meio ambiente, tem que pagar pela limpeza, compensar agricultores, comerciantes e consumidores. Precisamos definir padrões internacionais de responsabilização sob o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, para enquadrar as empresas de biotecnologia", afirma Doreen Stabinsky, da campanha de Agricultura do Greenpeace Internacional.

O Greenpeace realizou testes, juntamente com organizações locais, no Quênia em variedades de sementes de milho vendidas no país, constatando a contaminação de algumas delas. Sementes de milho estavam contaminadas com a variedade MON 810 da Monsanto, proibida no país e banida de diversos outros na Europa, como a França (em fevereiro de 2008), Áustria, Grécia, Hungria e Polônia. No Brasil, o governo liberou recentemente essa variedade da Monsanto e uma outra da Bayer.

"O Brasil já tem alguns casos de contaminação em plantações de soja, principalmente na região Sul. Com a aprovação do milho transgênico, o número de casos só tende a crescer, porque o milho contamina muito mais facilmente", afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil. "E como nem a CTNBio nem o governo brasileiro fizeram regras que protejam os agricultores e consumidores, temos uma situação preocupante no país."

Governos de todo o mundo negociarão entre os dias 12 e 19 de março, em Cartagena, na Colômbia, regras internacionais para definir a responsabilização em casos de estragos causados por organismos geneticamente modificados (OGMs). Essas negociações acontecem dentro do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. Alguns países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão e Nova Zelândia se opõem a um acordo global desse tipo. As contínuas ameaças da contaminação transgênica para a agricultura de países em desenvolvimento demonstram a necessidade de se definir regras legais e internacionais que assegurem que as empresas responsáveis pela contaminação paguem pelos danos.

Confira aqui o Sumário Executivo do relatório Registros de Contaminação Transgênica de 2007.

A íntegra do relatório pode ser acessada aqui.

Tags