Greenpeace projeta mensagens a favor de uma revolução energética, baseada em energias renováveis, durante Fórum Europeu de Energia Nuclear, realizado em Praga, na República Tcheca.
Não bastassem todos os problemas que a indústria nuclear oferece
ao público, políticos e representantes do setor de energia ainda
querem arrumar mais. Tanto que fizeram uma proposta pra lá de
indecente durante o Fórum Europeu de Energia Nuclear, realizado em
Praga, na República Tcheca: reduzir os padrões de segurança nuclear
em toda a Europa.
O absurdo foi devidamente apontado por ativistas do Greenpeace
que protestaram contra a idéia projetando mensagens contra a
energia nuclear em locais próximos ao castelo onde era realizado o
Fórum.
Os participantes do Fórum receberam ainda o Kit de Sobrevivência EPR (texto em
inglês), um documento que traz detalhes sobre os problemas que
estão ocorrendo com os novos Reatores Pressurizados Europeus (EPR,
na sigla em inglês), em construção na Finlândia e na França.
A idéia de rebaixar os atuais padrões de segurança nuclear na
Europa tem como objetivo reduzir os custos de futuras usinas
nucleares e ajudar a abrir portas para a expansão da energia
atômica, expondo o meio ambiente e a segurança pública a grandes
riscos.
Tendo o primeiro-ministro da República Tcheca como anfitrião e
com a presença de políticos europeus e tomadores de decisão do
setor de energia, o Fórum é uma feira de negócios para o lobby
nuclear. As sessões de abertura foram um palco privilegiado para a
estatal nuclear francesa Areva promover seu "Reator Pressurizado
Europeu" (EPR, na sigla em inglês), considerado o ícone da
renascença nuclear no mundo.
O Fórum teve início depois que o Chefe de Estado e de Governo da
União Européia, apoiou em março de 2007 uma proposta da Comissão
Européia "para organizar uma ampla discussão entre todos os
parceiros relevantes nas oportunidades e os riscos da energia
nuclear". As organizações não-governamentais Greenpeace e Amigos da
Terra são os únicos representantes da sociedade civil com assento
no Fórum.
"Nós damos as boas vindas a um debate aberto e oportuno sobre
energia nuclear. Mas ao se analisar custos, segurança energética e
combate às mudanças climáticas, os argumentos são todos a favor das
opções de energia limpa", disse Jan Beranek, coordenador da
campanha de energia nuclear do Greenpeace Internacional.
Conheça o relatório [R]evolução Energética, do
Greenpeace, com o caminho das pedras para limpar de vez a produção
de energia.
Uma pesquisa de opinião pública da Eurobarometer sobre as
tecnologias de energia, publicada em 2007, aponta que apenas 20%
da população da União Européia apóia o uso da energia nuclear -
ver aqui a íntegra da pesquisa, com texto em
inglês).
As propostas apresentadas no Fórum pretendem suprir o
desenvolvimento de políticas, e talvez da legislação, da União
Européia. Desde o início de novembro de 2007, o Fórum tem defendido
o abrandamento dos padrões de segurança, forçando a aceitação da
energia nuclear.
Apesar da insistência da indústria nuclear em divulgar suas
vantagens, a realidade traça um cenário diferente. A industria nuclear está atolada em problemas
técnicos, de seguranca, prazos e orcamentos estourados em
vários paises. Na França, o projeto do EPR de Flamanville 3, por
exemplo, enfrenta entraves técnicos após apenas três meses de obra
e apresenta problemas de qualidade e segurança na execução do
projeto. O outro EPR da Areva em construção, o Olkiluoto 3, na
Finlândia, após dois anos e meio de construção, já apresenta
problemas: está dois anos atrasada, vai dobrar seu custo inicial, e
já soma mais de 2,2 bilhões e euros de prejuízo.
No Reino Unido, as usinas vão custar o dobro do valor estimado
inicialmente.
No Brasil, a renascença da indústria nuclear chega com o projeto
Angra 3, mas ja enfrenta problemas financeiros e de segurança. A
terceira usina nuclear do Brasil vai custar mais de R$ 9 bilhoes e a questão do
lixo radioativo ainda não foi solucionada.
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