Após caminhada de 2,5 quilômetros, manifestantes promovem promovendo uma 'morte simbólica' coletiva no centro de Salvador, simbolizando os riscos da energia nuclear para a vida humana.
Em protesto contra o Programa Nuclear Brasileiro, cerca de
duzentas pessoas de diversas entidades e movimentos sociais
realizaram uma marcha silenciosa pelo centro de Salvador. Vestidos
com camisetas pretas e amarelas, as cores do símbolo da
radioatividade, os manifestantes percorreram um trajeto de 2,5
quilômetros entre o tradicional Mercado Modelo e o porto da cidade.
O protesto, uma iniciativa do Greenpeace, foi encerrado com uma
'morte simbólica', na qual todos os participantes deitaram-se no
chão, simbolizando os riscos à vida humana trazidos pela energia
nuclear.
Salvador foi escolhida para este protesto porque todos os anos
cerca de 400 toneladas de urânio provenientes da mineração de
Caetité, no sudoeste da Bahia, são transportadas pela cidade para
deixarem o país por meio do porto. O material é enriquecido fora do
Brasil para ser utilizado como combustível nas usinas nucleares de
Angra dos Reis (RJ). A manifestação faz parte das atividades da
expedição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, que
está na capital baiana há uma semana.
A programação anti-nuclear começou pela manhã, quando o
Greenpeace participou de uma sessão especial na Câmara dos
Vereadores para discutir um projeto de lei municipal que proíbe o
transporte de material radioativo em Salvador, já que a cidade está
na rota do programa nuclear brasileiro.
No momento em que o governo federal decide expandir o Programa
Nuclear Brasileiro, promover o debate sobre os custos e riscos
dessa tecnologia na Bahia é fundamental, afinal o estado já sofre
os impactos da mineração de urânio em Caetité e os riscos do
transporte de material radioativo", disse Rebeca Lerer,
coordenadora da campanha de energia do Greenpeace.
"À medida que novas usinas nucleares são construídas, aumenta a
demanda por urânio e combustível nuclear, bem como o volume e
frequência dos transportes de material radioativo pelas estradas
baianas."
Em outubro do ano passado, o Greenpeace denunciou contaminação da água por urânio
no entorno da mina mantida pela INB (Indústrias Nucleares do
Brasil) em Caetité. O Greenpeace identificou concentrações de
urânio em amostras de água utilizada para consumo humano e animal
até cinco vezes acima do permitido pela legislação brasileira
(Conama). Em novembro, ativistas demarcaram cinco quilômetros da Avenida
Bonocô, por onde passa o carregamento do urânio que sai de
Caetité.
Clique aqui para baixar o relatório Ciclo
do Perigo.
Participaram dos atos a Comissão Pastoral da Terra, Caritas,
Associação Movimento Paulo Jackson Ética, Justiça e Cidadania,
Gérmen, Sindicato dos Trabalhadores Portuários, Movimento
Organização e Luta da Universidade Católica de Salvador, além dos
comunitários de Caetité.
Ontem, durante o seminário Energias Renováveis: Potencial,
Limitações e Relevância no Atual Cenário de Mudanças Climáticas,
realizado a bordo do navio Arctic Sunrise, o governo do estado da
Bahia anunciou o licenciamento do primeiro
parque eólico da Bahia, que será construído em Caetité, com
capacidade de 700 MV.
"Este é mais um argumento que mostra que a Bahia e o Brasil não
precisam de energia nuclear e podem alcançar a segurança energética
e o desenvolvimento social e econômico a partir das energias
renováveis", disse Rebeca.
A expedição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora está percorrendo
sete cidades brasileiras desde janeiro para alertar a população
sobre a urgência do combate às mudanças climáticas. O navio Arctic
Sunrise fica em Salvador até quinta-feira.
Saiba mais sobre a visita do navio Arctic Sunrise no Greenblog.