Decisão da Comissão Européia de rever a aprovação dada aos milhos inseticidas e batata transgênica da Basf, revela que a Agência Européia de Segurança Alimentar não inspira confiança.
A indústria de biotecnologia sofreu mais um revés nesta
quarta-feira com a decisão da Comissão Européia de pedir à sua
agência de segurança alimentar para que analise novamente três
cultivos geneticamente modificados - dois de milho e um de batata.
Os três produtos estavam a beira da aprovação definitiva, o que não
acontece para um cultivo transgênico na Europa há 10 anos.
A decisão é um grande voto de desconfiança no sistema europeu de
aprovação de transgênicos e levanta sérias preocupações sobre a
habilidade da agência de conferir a segurança dessas plantações. E
também mostra que as autoridades européias estão começando a ter
sérias dúvidas sobre a segurança de plantações transgênicas.
Inúmeros especialistas e instituições internacional, como a
Organização Mundial de Saúde e o Instituto Pasteur, têm levantado
sérias dúvidas sobre os efeitos desses cultivos no meio ambiente e
na saúde das pessoas.
A Agência Européia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em
inglês) terá que rever os seguintes itens:
* Sua opinião prévia sobre a segurança da batata geneticamente
modificada (da Basf) depois das preocupações levantadas por
instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde
(OMS), Instituto Pasteur e a Agência Medicinal Européia (EMEA, na
sigla em inglês). A batata transgênica contém um gene que lhe dá
resistÊncia a certos antibióticos que são altamente relevantes para
a saúde humana e animal.
* Sua avaliação prévia sobre duas variedades de milho
transgênico, criados para produzir seus próprios inseticidas.
Apesar da grande controvérsia científica sobre a segurança de
transgênicos inseticidas, a EFSA originalmente afirmou que ambas as
variedades em questão eram seguras. A EFSA então reconheceu que era
incapaz de determinar os impactos ambientais indiretos e de longo
prazo. No mês passado, a Comissão Européia concordou que a EFSA
precisaria pelo menos dois anos para desenvolver sua capacidade de
avaliar esses impactos dos transgênicos.
O Greenpeace e a ONG Amigos da Terra (Europa) querem que a EFSA
seja reformada, para assegurar que suas opiniões sejam científicas
e imparciais. A agência tem poucos funcionários e carece de
especialistas apropriados para cumprir suas obrigações legais na
avaliação dos riscos dos transgênicos na Europa.
"O resultado do debate na Comissão Européia é um claro indício
de que a EFSA não inspira confiança. Pedir para que a EFSA, que não
tem dinheiro nem equipe adequada, para reavaliar a segurança dessas
plantações de transgênicos, pela terceira vez, é como colocar a
raposa tomando conta do galinheiro", afirmou Marco Contiero,
diretor da campanha de Transgênicos do Greenpeace Europa.
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