Integrantes da Comissão Internacional Baleeira (CIB) e ativistas do Greenpeace fazem ato na sede do Ministério das Relações Exteriores de Buenos Aires em defesa da criação de um Santuário de Baleias no Atlântico Sul.
Num claro desafio à moratória à caça comercial de baleias,
instituída há 20 anos, o
Japão se preparou este ano para a maior caçada desde que a
proibição entrou em vigor, enviando mês passado uma frota
baleeira ao Santuário Antártico com o intuito de matar mais de mil
animais.
Eles alegam se tratar de 'pesquisa científica', mas não
escondem de ninguém que a carne das baleias mortas são embaladas e
vendidas no mercado japonês. Espécies ameaçadas de extinção como
baleias fins e jubartes estão na mira dos arpões dos navios
japoneses. Baleias jubartes não são caçadas desde a década de 1960
justamente por estarem ameaçadas.
A iniciativa japonesa fez acender um sinal amarelo para a
proteção de baleias no mundo, já que o
Japão pretende mais uma vez tentar derrubar a moratória à caça
comercial na próxima reunião da Comissão Internacional Baleeira
(CIB) que acontecerá em junho do ano que vem no Chile.
Com esse cenário em vista, representantes de países da América
Latina se reuniram nesta terça-feira em Buenos Aires, na Argentina,
para discutir a melhor estratégia para não só manter a moratória
mas também ampliar a proteção às baleias na reunião da CIB.
Ativistas do Greenpeace, fantasiados de baleias, foram ao local
do encontro - o prédio do Ministério das Relações Exteriores da
capital argentina - para celebrar a iniciativa e pedir
intensificação das ações contra a caça.
A América Latina é a única região do mundo que não promove a
caça de baleias.
O bloco latino-americano conservacionista na CIB é formado por
Brasil, Argentina, Belize, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala,
México, Nicaragua, Panamá, Perú e Uruguai. Colômbia e Venezuela
ainda não são membros da CIB e o Suriname é o único país que apóia
o Japão.
Uma das iniciativas possíveis é a instituição do Santuário de
Baleias do Atlântico Sul, que vai da América do Sul à África,
defendido pelo Brasil, Argentina e África do Sul desde 1999. Na
reunião da CIB realizada este ano, no Alasca,
faltou muito pouco para a aprovação do santuário, que seria o
terceiro do mundo - já existem um no Oceano Índico e outro na
Antártica.
"Apesar do governo brasileiro ter apresentado uma postura
conservacionista, e ter assumido o protagonismo na reunião
internacional nos últimos anos, é um dos países que ainda não se
manifestou publicamente contra a caça de baleias esse ano", comenta
Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de baleias do
Greenpeace Brasil que está a bordo do navio Esperanza
seguindo a frota baleeira até o Oceano Antártico para protestar
de forma pacífica contra a chamada 'caça científica'.
"Verdadeiros cientistas
não precisam matar para estudar baleias e é isso que
pretendemos mostrar com a nossa expedição", diz Leandra, que
coordena a identificação das jubartes pesquisadas.
"O governo do Japão não está apenas infringindo a moratória da
caça comercial, também está ameaçando o sustento das comunidades
costeiras da América Latina, que se beneficiam do turismo de
observação de baleias", afirmou Milko Schvartzman, coordenador
político da campanha de baleias do Greenpeace para América Latina.
Milko ainda afirma que cada baleia caçada na Antártica, é uma
baleia a menos em nossa costa.
Saiba mais
:
Confira a página especial sobre o projeto A Trilha das Grandes
Baleias
Confira o blog da Leandra Gonçalves, que conta os bastidores da
expedição do Esperanza rumo à Antártica.
Veja os vídeos da expedição no Canal das Baleias