"Problema com milho transgênico é que não tem como colocá-lo numa jaula"

Notícia - 27 - jun - 2007
Ester Casas, agricultora do povoado de Mura, na Catalunha, teve sua plantação contaminada por milho transgênico e avisa: problema é generalizado na região.

Contaminação por transgênicos obrigou Ester Casas a transformar em ração para porcos cerca de 10 toneladas de milho que plantou como orgânico.

Ester Casas, pequena agricultora do povoado de Mura, na Catalunha (Espanha), sempre se dedicou ao plantio de milho ecológico e ao trabalho de conscientização de outros agricultores sobre a importância do cultivo ecológico. Desenvolveu na entidade L'espai de Recursos Agroecologicos (Lera, na sigla em catalão), da cidade de Manresa, um importante trabalho de reprodução de sementes de variedades crioulas, além de promover cursos e oficinas de agroecologia para agricultores da região.

Apesar de todo seu conhecimento e de todos os cuidados que sempre tomou, Ester teve toda sua produção de milho em 2006 contaminada por transgênicos. A variedade tradicional que plantou era certificada pelo Conselho Catalão de Produção Agrária Ecológica (CCPAE), mas não passou no teste feito para verificar se estava livre de transgênicos. O teste deu positivo para os milhos transgênicos MON810, da Monsanto, e Bt176, da Syngenta.

"O grande problema do milho transgênico é que você não tem como colocá-lo dentro de uma jaula. Por isso não é possível contê-lo para evitar a contaminação", critica Ester, que foi obrigada a transformar as 10 toneladas de milho contaminado de sua plantação em ração para porcos.

Ester está certa de que a contaminação não aconteceu por polinização cruzada, que ocorre quando há plantações transgênicas próximas ao cultivo convencional e/ou orgânico. As sementes plantadas, lembra ela, também eram transgênicas - foram testadas porteriormente e deram positivo também - e por isso a contaminação se espalhou a outros 150 agricultores da região, que usaram as mesmas sementes crioulas usadas por Ester.