Notícia - 13 - nov - 2008
Ativistas presenciaram a passagem de 14 caminhões que levava 200 toneladas de yellow cake para o porto da capital baiana.
Ativistas do Greenpeace estendem faixa alertando para o perigo nuclear do transporte de urânio concentrado (yellow cake) pelas ruas de Salvador. Um comboio com 14 caminhões levaram cerca de 200 toneladas de yellow cake, na madrugada desta sexta-feira (14/11), de Caetité até o porto de Salvador. O material embarcou em um navio e será levado para o Canadá, onde iniciará o processo de enriquecimento para ser usado posteriormente como combustível das usinas nucleares brasileiras de Angra dos Reis.
Um comboio de 14 caminhões carregados com cerca de 200 toneladas
de urânio concentrado (yellow cake) chegou na madrugada desta
sexta-feira ao porto de Salvador depois de percorrer mais de 700
quilômetros desde Caetité (BA), onde é realizada a mineração e
beneficiamento do material. O comboio passou por cerca de 40
povoados e municípios baianos. Ativistas do Greenpeace
testemunharam o transporte e estenderam faixa na avenida Bonocô, em
Salvador, parte final do trajeto do urânio de Caetité até o porto,
alertando para o perigo nuclear.
Conheça aqui mais detalhes sobre o ciclo do
urânio.
O Greenpeace demarcou, no final de outubro, cerca de
cinco quilômetros da avenida Bonocô com símbolos nucleares pintados
no asfalto e placas afixadas em postes. O trecho foi percorrido
nesta sexta-feira pelo comboio que trouxe o yellow cake de
Caetité.
Esse foi o segundo transporte de urânio ocorrido este ano. Ele
foi atrasado por mais de duas semanas pela
estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), devido a problemas
técnicos e questões de segurança, segundo fontes do Greenpeace em
Caetité.
O Ministério Público Federal (MPF) enviou ofício à Companhia
Docas (responsável pelo porto de Salvador) e à Polícia Rodoviária
Federal (PRF) informando que, em caso de qualquer acidente com o
material radioativo transportado, eles seriam
responsabilizados.
O Greenpeace denunciou, em 16 de outubro, a
contaminação por urânio da água em Caetité em áreas de influência
da INB, exigindo uma investigação independente dos impactos da
mineração de urânio no local sobre a vida das pessoas e o meio
ambiente da região. Em audiência pública realizada no dia 7 de
novembro, em Caetité, o MPF da Bahia determinou a realização de uma auditoria
independente justamente para que esses impactos fossem
avaliados.
"Somos contra o transporte desse material, que coloca em risco a
vida de milhares de pessoas que vivem nos povoados e cidades
localizados na rota do transporte do urânio", afirma Rebeca Lerer,
coordenadora da campanha de Energia Nuclear do Greenpeace.
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