Greenpeace denuncia os óleos Liza e Soya, líderes de mercado no Brasil, como sendo produzidos com soja transgênica e exige sua rotulagem conforme lei federal de 2003.
Começaram a chegaràs prateleiras dos supermercados brasileiros
os primeiros produtos rotuladoscomo transgênicos desde que a lei de
rotulagem entrou em vigor em 2004. O óleoSoya, um dos mais vendidos
do mercado brasileiro, é o primeiro a ostentar o
símbolo de produto geneticamente modificado (uma letra T no meio de
umtriângulo amarelo) no país. A embalagem também traz o aviso:
"Produto produzidoa partir de soja transgênica".
A rotulagem do óleo Soya em todo o território
nacional sóaconteceu graças à
denúncia que o Greenpeace fez em outubro de 2005,comprovando
que a soja usada pelas empresas Bunge (fabricante do óleo Soya) e
aCargill (fabricante do óleo Liza) era geneticamente modificada. Em
setembro doano passado, o
Ministério Público de São Paulo se baseou na denúncia doGreenpeace
para entrar na Justiça com uma ação civil pública exigindo
arotulagem de ambos os produtos.
"É uma tremenda vitória, mas ainda há muito o
que fazer. Asmargarinas e maioneses da marca Soya, por exemplo, não
estão rotuladas ainda",afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da
campanha de Engenharia Genética doGreenpeace, lembrando ainda que a
Cargill também foi citada na ação judicialmas não rotulou nenhum de
seus óleos e demais produtos.
O Greenpeace entrou em contato com a Bunge
para saber aextensão da rotulagem nos produtos da empresa e recebeu
a seguinte resposta dodiretor de Comunicação Corporativa, Adalgiso
Telles: "Como nós entendemos quepode eventualmente haver alguma
preocupação por parte de alguns consumidores emrelação à presença
de transgênicos, resolvemos agir pró-ativamente e rotularnosso óleo
de cozinha Soya, mesmo sabendo que os óleos vegetais não contêm
nem1% de componente transgênico, porcentagem a partir da qual a lei
exige arotulagem, para melhor atender consumidores que considerem
isso relevante."
Gabriela Vuolo considera bom ver a Bunge
colocando emprática o respeito ao consumidor. Mas faz
ressalvas.
"Só é uma pena que para isso se tornar
realidade tenha sidopreciso acionar a Justiça e esperar mais de
dois anos da nossa denúncia",ressaltou Vuolo. "Agora, é fundamental
que a empresa continue tendo uma posturaética e informe seus
consumidores sobre a presença de transgênicos nos outrosprodutos da
linha Soya e nas suas outras marcas, como Primor, Salada e
Delícia.Só assim os brasileiros vão poder realmente exercer seu
direito de escolha, queé garantido por lei."
A denúncia do Greenpeace aconteceu em outubro
de 2005,quando cerca de 20 ativistas foram à Brasília entregar ao
governo um dossiê quecomprovava a utilização de soja transgênica na
fabricação dos óleos Soya e Liza(da Bunge e Cargill,
respectivamente), marcas líderes do setor. Os ativistasdesceram a
rampa do Congresso Nacional empurrando 20 carrinhos de
supermercadocheios de latas de óleo da Bunge e da Cargill, e se
posicionaram próximos àentrada da Câmara dos Deputados enquanto a
denúncia era entregue aosparlamentares. Posteriormente, a denúncia
foi encaminhada a diversasrepresentações do Ministério Público e
aos ministérios da Justiça, Agricultura,Ciência e Tecnologia, e
Meio Ambiente.
As evidências contidas no dossiê comprovam a utilização da soja
transgênicapela Bunge e pela Cargill na fabricação de diversos
produtos, como os óleosSoya, Liza, Primor e Olívia, e a falta de
rotulagem dos produtos oferecidos aoconsumidor. O material continha
amostras de soja, documentos e o seguinte vídeo:
De acordo com o decreto de rotulagem, todos os
produtosfabricados com mais de 1% de organismos geneticamente
modificados devem trazeressa informação no rótulo. Isso vale mesmo
para produtos como o óleo, amaionese e a margarina, em que não é
possível detectar o DNA transgênico.
Confira o nosso Guia
do Consumidor, com a lista das empresas que têm produtos livres
de transgênicos.
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