Uma energia cara e perigosa


A geração de energia a partir de combustível nuclear representa um grande perigo para as pessoas e o ambiente. Ela demanda maior investimento público e gera mais poluentes quando comparada às energias renováveis. Ressuscitar o Programa Nuclear Brasileiro é um retrocesso.

Annya Pesenko é vítima do acidente na usina nuclear de Chernobyl. Ela cresceu num vila contaminada pela radiação. © Greenpeace / Robert Knoth

Produzir energia nuclear continua sendo um problema. Anualmente, diversos acidentes são registrados ao redor do mundo. Desde a extração, até o transporte e descarte do material radioativo, a população está exposta aos riscos de doenças fatais.

Investir em tecnologia nuclear para a geração de energia é perigoso, piora o cenário de aquecimento global e joga na privada o dinheiro dos contribuintes.

Risco à vida

O processo de geração de energia nuclear possui várias etapas. O minério radioativo passa por uma série de transformações em sete cidades, de três países, até se transformar em combustível para a usina nuclear. Depois de utilizado, transforma-se em lixo radioativo. Em todas essas etapas, há a possibilidade de ocorrer um acidente, contaminando água, solo, ar, além de pessoas e animais, e ainda não foi encontrado um destino seguro e permanente para esse lixo. Em 1986 aconteceu o pior desastre envolvendo uma usina nuclear. Na Ucrânia, uma explosão na usina de Chernobyl contaminou por milhares de anos uma área de pelo menos 4.700 quilômetros quadrados. Veja neste mapa a extensão da contaminação.

A exposição ao material radioativo pode gerar nos seres humanos o desenvolvimento de câncer, má formação fetal, aborto, falência do sistema nervoso central, síndrome gastrointestinal, entre outras doenças. As instituições responsáveis pelo programa nuclear brasileiro não tomam medidas eficazes de prevenção da contaminação, colocando milhares de vidas em risco. 

Leia mais sobre os perigos da energia nuclear em nosso relatório "Ciclo do Perigo".

Um mundo mais quente

Ativistas do Greenpeace em balsa flutuante com quatro turbinas eólicas simbólicas em frente às usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ,) para protestar contra os investimentos do governo brasileiro na construção de Angra 3. © Greenpeace / Alex Carvalho

Há uma idéia corrente de que a geração de energia nuclear é livre de emissões de gases de efeito estufa. Não é bem assim. Os reatores não emitem gás carbônico diretamente, mas, no cálculo de toda a cadeia de produção - da construção da usina, extração do minério ao descarte do lixo radioativo - as emissões vão às alturas.

A relação entre emissões totais e energia gerada faz da energia nuclear uma opção mais poluidora do que energias renováveis. De acordo com a metodologia de Storm e Smith para o cálculo de emissões, o ciclo de geração por fontes nucleares emite de 150 a 400 gCO2/kWh, enquanto o ciclo por geradores eólicos emite de 10 a 50 gCO2/kWh.

Conheça o relatório "Cortina de fumaça", que aprofunda o tema de emissões geradas pela energia nuclear.

Dinheiro mal investido

Estudo de 2006 da Universidade de São Paulo (USP) revela que serão necessários R$9,5 bilhões e mais seis anos para a finalização de Angra 3. Com um investimento menor, de R$7,2 bilhões, seria possível construir um parque eólico com o dobro da capacidade de Angra 3, ou seja, 2.700 MW, em dois anos – sem produzir lixo radioativo, sem o perigo de contaminação e com as emissões de gases estufa quase zeradas. 

Completando a série de relatórios, se aprofunde nesta questão com "Elefante Branco: O verdadeiro custo da energia nuclear".

Soluções

- Fim da expansão do programa nuclear brasileiro;

- Suspensão da exploração de minério radioativo;

- Não construção da usina nuclear Angra 3;

- Reestruturação do setor nuclear brasileiro para o uso seguro da energia nuclear com fins medicinais;

- Investimento em geração de energias renováveis.

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