Ricardo Fontalba é voluntário do Greenpeace em São Paulo

Você já se perguntou o que está em seu prato? O que de fato você está comendo?

Pois é, recentemente me fiz essas perguntas e cheguei a conclusões assustadoras: sempre me servia escolhendo os alimentos sem muitos questionamentos, afinal tudo o que via estava higienizado, no prazo de validade e bem saboroso. Mas quando comecei a me aproximar da questão da alimentação no Brasil, fiquei completamente assustado por todo o modelo de produção. Me senti servido a minha vida toda por diversas injustiças sociais, muito veneno e destruição da nossa biodiversidade.

Foi somente através de muito estudo e procura que decidi fazer algo para mudar isso e entrar no grupo de voluntários do Greenpeace, foi uma decisão importante. Assim, entendi a minha missão: precisava falar com todas e todos sobre alimentos saudáveis e adequados.

Ontem (27), participei do maior Banquetaço [evento público que defende a alimentação de qualidade] que já foi realizado. 40 cidades em 20 estados toparam realizar uma intervenção artística simultânea para levantar pautas importantes à sociedade. Mais de 15 mil refeições foram distribuídas por todo o Brasil, registrando a marca do ato em defesa do alimento de verdade.

Em São Paulo, a cidade que participei, foi simbólico estar em torno de uma mesa acompanhado pela energia de mulheres e homens que também se manifestavam a favor de um alimento seguro, livre de transgênicos e sem agrotóxicos.

Gritávamos juntos em praça pública alertando sobre a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), que por anos garantiu políticas voltadas ao direito humano à alimentação segura.

Ao decorrer do evento, identificamos a variedade de pessoas que estavam por lá, e isso nos deixava mais esperançoso. Desde moradores de rua até pessoas uniformizadas em horário de trabalho estavam enfileirados para saborear um alimento de verdade e conhecer mais sobre o tema que estávamos falando.

O espaço estava totalmente tomado por mensagens de impacto, bandeiras e placas produzidas por artistas que pediam um Brasil agroecológico, a liberdade no campo, na cidade e nas florestas. Assim, estivemos juntos em todo banquete, conversando, se manifestando e defendendo juntos e juntas o direito ao alimento seguro.

Como voluntário do Greenpeace, para dialogar com a população, ilustrando a atual situação da produção de alimentos e o quanto este sistema é frágil, utilizei o estudo Segura Esse Abacaxi. Mostrava a quantidade de agrotóxicos que estavam sendo encontrados em amostras retiradas em grandes zonas de distribuição de alimentos, o quanto isso faz mal para nossa a saúde e para o planeta.

Em meio a tantas conversas, assistia a reação das pessoas em um verdadeiro dejavú, tinham a mesma cara de choque de quando iniciei o meu trajeto na causa. Então, tive mais certeza: precisamos continuar falando sobre uma alimentação saudável e segura. Essa informação precisa chegar em todos e todas!

Veja também outros relatos de voluntários e voluntárias do evento no blog do Greenwire.

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