Grandes empresas precisam parar agora de lucrar em cima da destruição ambiental

Área de cultivo de soja no Condomínio Estrondo, no oeste da Bahia

Área de cultivo de soja no Condomínio Estrondo, no oeste da Bahia. Empresas globais continuam comprando grãos ligados ao desmatamento do Cerrado. Isso precisa parar!

Se seguirmos um velho ditado que diz que promessa é dívida, grandes empresas globais estão endividadas até o pescoço com o planeta.

Há quase 10 anos, algumas das maiores companhias alimentícias do mundo, como Unilever, Nestlé e Mondelez, prometeram, até 2020, parar de produzir e comercializar produtos ligados ao desmatamento. Entretanto, nem sequer deram sinais de chegarem perto disso. Elas continuam comprando matérias-primas como soja e gado ligadas à destruição de nossas florestas, savanas e outros ambientes naturais.

O Greenpeace Internacional lança um relatório hoje que mostra que ao menos 50 milhões de hectares de floresta — o equivalente a uma área quase do tamanho de Minas Gerais — terão sido destruídos no mundo para a produção de commodities como soja e gado entre 2010 e 2020, período no qual empresas se comprometeram a acabar com o desmatamento em suas cadeias produtivas. Commodities são matérias-primas produzidas em grandes quantidades que possuem baixo nível de industrialização, sendo comercializadas em grandes volumes globalmente.

Por causa da ganância dessas grandes corporações, o Cerrado, a caixa d’água do Brasil, e a Amazônia estão sendo devorados em velocidade alarmante. Esse rastro de destruição é provocado pela produção de soja, algodão, milho e outros produtos que serão exportados — muitos deles usados para ração animal mundo afora –, acabando com a nossa rica biodiversidade e ameaçando as comunidades tradicionais que vivem nessas regiões.

Os dados são estarrecedores: desde 2010, a produção e o consumo de commodities agrícolas ligadas ao desmatamento, como gado, soja, óleo de palma, borracha e cacau, vem aumentando vertiginosamente. Oitenta por cento do desmatamento global é resultado direto da produção agrícola. No Brasil, entre 2010 e 2017, as fazendas de soja e gado eliminaram quase cinco milhões de hectares do Cerrado.

Empresas: mudem ou desapareçam

No início de 2019, o Greenpeace escreveu para mais de 50 empresas pedindo que apresentassem seu progresso para acabar com o desmatamento, divulgando seus fornecedores de commodities. Das poucas que disponibilizaram a informação, todas recebiam matéria-prima de Bunge e Cargill, entre outras comercializadoras de grãos que, embora façam parte da moratória da soja na Amazônia, ainda resistem em zerar a compra de grãos relacionada à conversão de vegetação nativa no Cerrado, a savana mais rica em biodiversidade do mundo.

“Essas dezenas de empresas estão roubando nosso futuro ao contribuir decisivamente para um colapso climático e ecológico. Elas desperdiçaram uma década sem ações firmes para honrar a promessa que muitas delas fizeram de tirar o desmatamento de suas cadeias de produção em 2009. Deveriam estar completamente dedicadas em resolver a crise, mas, em vez disso, estão tentando ganhar ainda mais tempo”, afirma Rômulo Batista, da Campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil. “Assim, aumentam ainda mais a demanda por produtos que impulsionam a destruição de florestas e outros ecossistemas. As empresas precisam mudar. Senão, vão desaparecer”.

Estamos cansados de promessas não cumpridas, que estão levando nosso planeta a uma catástrofe climática e ecológica como nunca antes vimos. Cerca de um milhão de espécies no mundo correm risco de extinção. Sabemos que é possível produzir alimentos sem destruir o meio ambiente e ameaçar as pessoas. Por isso, exigimos que as empresas façam sua parte para que o desmatamento no Cerrado, na Amazônia e em outros ambientes naturais do nosso país pare já!

As empresas precisam segurar a linha do desmatamento, antes que ela passe por cima de tudo o que temos de mais precioso. Ajude a pressioná-las para que:

  • parem de lucrar com a destruição ambiental imediatamente e se comprometam a proteger o Cerrado, a Amazônia e outros ambientes naturais;
  • coloquem em prática o compromisso firmado há anos de não comprarem soja, gado e outras matérias-primas oriundas do desmatamento.

Junte-se a nós para proteger nossas florestas.

Participe do abaixo-assinado

Acesse o relatório Contagem Regressiva para a Extinção

#SegureALinha #DesmatamentoZero #SemFlorestaSemVida

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