Durante a visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, lideranças brasileiras alertam para o desmonte da política indígena

Resista Banner in front of the White House in Washington D.C. © Tim Aubry / Greenpeace

Em frente à Casa Branca, ativistas cobram proteção às florestas e aos direitos indígenas

Na semana em que o presidente Jair Bolsonaro faz sua primeira visita oficial aos Estados Unidos e se reúne com Donald Trump, lideranças denunciam o “ataque brutal” que o novo governo brasileiro, assim como o norte-americano, tem promovido contra os direitos indígenas.

Em artigo publicado no jornal Washington Post, Joênia Wapichana, primeira mulher indígena eleita como deputada federal, escreve: “Entre os muitos paralelos entre suas administrações, Bolsonaro e Trump estão tomando medidas extremas para tirar os direitos duramente conquistados pelos povos indígenas em benefício das indústrias extrativas e do agronegócio. Estas políticas apresentam ameaças às nossas comunidades, à integridade dos ecossistemas e à estabilidade do clima”.

À voz de Joênia, soma-se a da também líder indígena Sônia Guajajara, da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que em entrevista publicada pelo The New York Times, também nesta semana, declarou: “Em apenas 50 dias de governo Bolsonaro houve um retrocesso de 30 anos dos nossos progressos. Estamos tendo que lutar para manter tudo que temos construído desde então”.

Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro vem enfraquecendo os órgãos e as políticas de proteção do meio ambiente e dos povos indígenas. Entre outros retrocessos, o novo governo já defendeu a exploração de terras indígenas para mineração, a redução da fiscalização ambiental, o afrouxamento das regras de licenciamento ambiental e a redução da atuação de ONGs em defesa da floresta.

“O objetivo parece claro: abrir áreas protegidas, especialmente na Amazônia, para a extração de minérios e expansão do agronegócio. São terras da União, de todos os brasileiros, e que podem ser entregues a empresas estrangeiras”, afirma Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.

Vale lembrar que no início deste mês, o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou, diante de uma plateia de investidores e executivos de mineradoras no Canadá, que o país planeja permitir a atividade de mineração em Terras Indígenas e em zonas de fronteira.

Além de essenciais para a sobrevivência dos povos tradicionais, as Terras Indígenas são fundamentais para a preservação da biodiversidade, rios e solo. Entre 2004 e 2014, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em 80%, devido principalmente à criação de áreas protegidas e a ações de controle e repressão ao crime coordenadas pelo Ibama – o que comprova que as áreas protegidas desempenham um papel determinante na contenção do desmatamento e das mudanças climáticas.

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