Povos Indígenas

Brasil, terra indígena

Ao longo de 2022, seguimos apoiando a luta indígena e denunciando as violações contra os povos tradicionais e seus territórios. Realizamos ações estratégicas para promover a conscientização e engajamento em questões indigenistas, impulsionando abaixo-assinados por meio de nossos canais digitais e participando ativamente de manifestações ao lado das organizações indígenas.

Marcha Ouro do Sangue: o Garimpo que Mata e Desmata

Durante o Acampamento Terra Livre 2022, o Greenpeace Brasil, junto com lideranças indígenas de diversas partes do Brasil, realizou a marcha “Ouro do Sangue: Garimpo que mata e desmata!”, que aconteceu durante o ATL no mês de abril. Na ocasião, representantes dos povos indígenas realizaram um ato em frente ao Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília (DF), em que carregaram barras de ouro e sujaram os itens com lama e sangue cenográficos.

Além disso, guerreiros indígenas com lama até o pescoço também fizeram parte do ato – que teve como objetivo chamar atenção para os prejuízos que o garimpo ilegal deixa nos territórios originários, reproduzindo o rastro de sujeira e destruição causados pelo garimpo ilegal. Os protestos também contaram com uma intervenção do artista Ibraim Nascimento, que desenhou um banner gigante retratando a luta que os indígenas travam em suas terras contra essa atividade ilegal. Cerca de 6 mil pessoas participaram da marcha.

“O garimpo entra nos territórios causando uma série de violências e violações dos direitos dos povos indígenas. Ele causa uma enorme desorganização social que ameaça a sobrevivência física e cultural desses povos.”

Danicley de Aguiar, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil

Entrega da petição “Basta de Violência contra os Povos Indígenas”

Mais de 517 mil pessoas participaram do abaixo-assinado “Basta de Violência Contra os Povos Indígenas!”, que foi entregue ao Ministério da Justiça, em Brasília (DF), também durante o Acampamento Terra Livre. 

Motivado por um ataque ao povo Munduruku ocorrido em 2021, o abaixo-assinado reuniu mais de meio milhão de pessoas que demonstraram solidariedade aos povos originários e pediram providências imediatas às autoridades. 

A entrega do documento foi precedida por um momento ritualístico, comandado pelo povo Xukuru, e por uma marcha que partiu do Complexo Cultural da Funarte, onde ocorria o Acampamento Terra Livre, percorrendo o Eixo Monumental. Na ocasião, diversos povos carregaram uma instalação artística onde se lia “Basta de Violência!”. 

Participaram da marcha a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali; os cantores Chico César e Thaline Karajá; a médica e influenciadora digital Thelma Assis; a então coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) Sônia Guajajara; o cacique Marcos Xukuru e a liderança Vasco Pankararu. Cerca de 3 mil pessoas participaram da marcha, que terminou com a entrega da petição na sede do Ministério da Justiça.

Finalização do projeto Todos os Olhos na Amazônia

O mês de setembro de 2022 marcou o fim do projeto Todos os Olhos na Amazônia (TOA). Concebido como um esforço internacional de defesa da Amazônia, essa iniciativa utilizou a promoção dos direitos dos povos originários como ferramenta de proteção da maior floresta tropical do planeta. 

De 2018 até o ano passado, mais de 30 organizações desenvolveram ações no Brasil, no Peru e no Equador nas áreas de tecnologia, direitos humanos e indígenas, conservação da biodiversidade, transparência, incidência e cumprimento da lei. 

No Brasil, o TOA foi responsável pela realização de mais de 100 atividades que beneficiaram diretamente cerca de 85 mil pessoas. As ações foram colocadas em prática por uma coalizão formada pelo Greenpeace Brasil, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab) e a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). 

Entre as diversas atividades realizadas pelo programa, estavam o apoio às mobilizações indígenas, como o Acampamento Terra Livre e a Marcha das Mulheres Indígenas; a defesa do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, no Pará; a iniciativa Asas da Emergência, que ajudou no combate à Covid-19 dentro dos territórios originários; o monitoramento dos territórios; a luta contra o Marco Temporal e o uso da arte como instrumento de defesa dos direitos dos povos originários.

Karipuna vão à ONU para denunciar situação de violência 

O governo brasileiro não os ouviu. Por isso, lideranças Karipuna, de Rondônia – habitantes de uma das Terras Indígenas mais desmatadas do Brasil –, foram a Brasília (DF) em setembro de 2022 pedir socorro à União Europeia e ao Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Na época, as lideranças montaram uma agenda em Brasília que incluiu compromissos com embaixadas de vários países, como Espanha, França, Alemanha e Suíça.

No total, embaixadores e representantes de 19 países diferentes foram visitados pelos Karipuna. As lideranças entregaram aos embaixadores uma carta, intitulada “Pedido de Socorro” e solicitaram que a União Europeia não compre produtos oriundos do desmatamento da Amazônia e do desrespeito aos direitos indígenas. A visita contou com o apoio do Greenpeace Brasil e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Hoje, os indígenas vivem cercados e acuados. Estima-se que 300 mil bois pastam ao redor da Terra Karipuna. Por conta das ameaças e do clima de violência, os indígenas utilizam apenas 1% de sua área. A abertura de ramais, a construção de pontes clandestinas, a abertura ilegal de pastagens e o estabelecimento irregular de plantios são alguns dos graves problemas enfrentados nessa região. 

Denúncia de estrada ilegal na Terra Indígena Yanomami

Em dezembro de 2022, o Greenpeace Brasil, junto à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Hutukara Associação Yanomami, denunciou a existência de uma rodovia ilegal de 150 quilômetros dentro da Terra Indígena Yanomami, entre o Amazonas e Roraima.
A denúncia foi publicada em uma reportagem exclusiva veiculada no Fantástico, o programa dominical da Rede Globo (RJ); e em uma reportagem especial do jornal britânico The Guardian (UK). A estrada estava permitindo a entrada de maquinário pesado dentro do território – como escavadeiras hidráulicas que operavam dentro de garimpos clandestinos – e ameaçava o povo Moxihatëtëa, que vive em isolamento voluntário naquela Terra Indígena.

A estrada foi descoberta semanas antes pelos Yanomami. As escavadeiras serviam não só para potencializar a exploração de ouro e cassiterita, mas também facilitavam a construção de estruturas que davam suporte ao crime ambiental, como postos de abastecimento, acampamentos e outras estradas. Mais de 44 mil hectares já foram impactados pelo garimpo ilegal dentro da Terra Indígena dos Yanomami, povo que enfrenta sistematicamente violações de direitos humanos.

Imagem área de estradas ilegais dentro da floresta, no caso, da Terra Indígena Yanomami. O verde da floresta fechada é cortado pelo marrom das estradas de terra.

Nossas campanhas em 2022