A investigação, autorizada pelo STF, busca esclarecer a conduta suspeita de servidores públicos durante o processo de exportação de madeira

A Polícia Federal realizou, hoje, 35 mandados de busca e apreensão em endereços do Ministério do Meio Ambiente em São Paulo, Pará e Distrito Federal a pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Dez agentes do MMA foram afastados dos cargos, dentre eles o presidente do Ibama, Eduardo Bim. 

A operação é um desdobramento de investigação iniciada em janeiro deste ano, com base em informações enviadas por autoridades de outros países por conduta suspeita de servidores públicos brasileiros durante o processo de exportação de madeira. 

A decisão suspende também um despacho de 2020, que permitia a exportação de produtos florestais sem a necessidade da emissão de autorização, e determinou o afastamento do presidente do Ibama, Eduardo Bim, o emissor do despacho. Em junho de 2020, o Greenpeace, junto ao Instituto Socioambiental (ISA) e ABRAMPA, entraram com uma ação civil pública contra este despacho na Justiça Federal do Amazonas. 

Há anos o Greenpeace expõe os problemas da indústria madeireira na Amazônia, que inclui o uso de documentos e sistemas oficiais de controle para “esquentar” o produto,  fraudes em inventários florestais e no sistema de transporte, além de promover violência no campo. 

O afastamento do presidente do Ibama, Eduardo Bim, é correto. Não se pode ter um órgão de proteção ambiental presidido por alguém que age em prol de madeireiras e facilita a exportação de madeira ilegal. Mas não se pode parar aí, é preciso que seu chefe, o ministro Ricardo Salles, também seja afastado imediatamente do cargo.

Entre proteger florestas e beneficiar criminosos, o atual governo já deixou bem claro de que lado está e Ricardo Salles é figura central no trabalho de minar a capacidade das instituições ambientais para exercerem seus deveres. O resultado desse trabalho é a explosão de desmatamento, queimadas, crimes ambientais, violência contra os povos da floresta e destruição.

“Esperamos que esta operação possa ser o início do fechamento da porteira das boiadas. Nós, brasileiros, nos orgulhamos do nosso patrimônio ambiental e não merecemos mais passar vergonha diante do restante do mundo por uma desastrosa política antiambiental que nos faz caminhar para trás”, afirma Thais Bannwart, da campanha de Políticas Públicas do Greenpeace.  

Um governo que garantiu até mesmo que o Ibama, um dos principais órgãos de proteção ambiental do país, proferisse um despacho para beneficiar madeireiras e facilitar a exportação de madeira ilegal, representa um verdadeiro atentado contra as nossas florestas e a sociedade brasileira. 

Madeira ilegal é pintada por ativistas com a palavra “crime”. Amazonas, 2001. © Daniel Beltrá / Greenpeace

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